Mobilizando a história oral e dois jornais da imprensa negra (a seção “Afro-Latina-América” e o jornal Sinba), este trabalho tem como objetivo identificar como se constituiu o movimento negro na década de 1970, pontando suas influências externas e internas, formas de organização e instrumentalização da imprensa e os saberes emancipatórios constituídos. Compreende-se que no auge da contracultura, em plena Ditadura Militar, em um Atlântico Negro (GILROY, 2001) pautado pela efervescência das lutas antirracistas e anti-coloniais, o movimento negro brasileiro foi capaz de influenciar e ser influenciado de diversos modos, disputando a hegemonia do mito da democracia racial, elaborando a concepção raça-classe e construindo uma consciência racial afro-referenciada, reeducando o Estado, a sociedade e a si próprio.