Brasil
| Trabalho de conclusão de graduação
Caracterização da zona de cisalhamento Três Corações as cidades de Luminárias e São Gonçalo do Sapucaí, sul de Minas Gerais
Autor
Bittencourt, Bruna Rodrigues
Institución
Resumen
A Zona de Cisalhamento Três Corações (ZCTC) está localizada a sudoeste da borda meridional do Cráton do São Francisco, na zona de interferência entre as faixas móveis Brasília e Ribeira. É uma estrutura planar, subvertical, de orientação NE-SW que se estende por aproximadamente 80 km, com mergulho geralmente para SE, localmente para NW. Na área de estudo afloram rochas do embasamento Arqueano/Paleoproterozóico, constituído de ortognaisses graníticos à tonalíticos, e da Megassequência Andrelândia, composta por biotita gnaisses finos bandados, quartzitos, biotita xistos e muscovita-biotita xisto/gnaisse. A ZCTC apresenta um comportamento reológico dúctil-rúptil, componente de movimento relativo horizontal destral e, secundariamente, vertical com bloco SE abatido. Estudos anteriores estimaram
espessura de até 6 km e, com base em deslocamento de eixo de dobra e de contatos, rejeito horizontal de aproximadamente 12 km e vertical de 1 km. A deformação se distribui de forma heterogênea, com bandas de maior e menor intensidade de deformação (protomilonito, milonito e ultramilonito) visíveis somente em escala de afloramento ou de amostra de mão. O traçado da ZCTC não é contínuo ao longo do strike, deslocando-se de forma “en echelon”. Nestes casos não foram identificadas, entre dois segmentos da zona de cisalhamento, faixas miloníticas contínuas ou algum indicador de deformação associada a ZCTC. Isto lhe confere, em escala de mapa, uma geometria escalonada diferente de modelos clássicos de zonas de cisalhamento. Um
esboço de contorno estrutural mostra que a foliação regional de baixo mergulho é reorientada e verticalizada paralelamente a zona de cisalhamento. A análise microtectônica revelou indicadores cinemáticos do tipo fish em muscovita, plagioclásio e epidoto; estruturas tipo S-C e S-C’; foliação oblíqua em agregados de quartzo;
foliation fish; porfiroclastos de K-feldspato fraturado com shear bands; estruturas núcleo-manto tipo σ e δ com núcleo de feldspato e sigmóides de quartzo e feldspato. O principal mecanismo de recristalização do quartzo é por subgrain rotation e, mais raramente, por bulging e grain boundary migration. Nos feldspatos ocorrem
frequentemente mirmequitas e pertita em chama. Nos gnaisses e nos xistos a biotita, muscovita, epidoto ocorrem orientados segundo a foliação milonítica e regional, enquanto que a clorita ocorre orientada segundo a foliação milonítica. O biotita xisto é a rocha que melhor registra a deformação gerada pela ZCTC desenvolvendo uma foliação milonítica e microestruturas como mineral fish, foliação oblíqua e intensa
recristalização de quartzo. Nos gnaisses, mais resistentes a deformação, são observadas shear bands em escala de afloramento e porfiroclastos manteados e recristalização de quartzo em lâmina. As paragêneses minerais e o tipo de recristalização do quartzo e do feldspato sugerem que a ZCTC se desenvolveu em ambiente na fácies xisto verde até início da fácies anfibolito, entre 400 e 500°C. A foliação vertical e lineação
subhorizontal indicam predomínio de movimentação transcorrente para a ZCTC e seu desenvolvimento é atribuído a uma compressão E-W.