Trabalho de conclusão de graduação
O homem econômico, a filosofia moral utilitarista de Bentham e o empobrecimento da economia
Autor
Santos, Jorge Ricardo Neres Saraiva Nascimento dos
Institución
Resumen
Este trabalho analisa o empobrecimento da Economia apontado por Amartya Sen e por
Durkheim com o objetivo de analisar o papel da noção do homem econômico (conceito que é
inspirado na filosofia moral utilitarista) nesse empobrecimento e em que medida a noção do
homem econômico diverge dos pressupostos éticos da filosofia moral utilitarista de Bentham.
O empobrecimento da Economia no presente trabalho consiste no negligenciamento
na teoria econômica da análise dos pressupostos éticos e demais fatores comportamentais que
são inerentes ao comportamento econômico humano real e que não fazem parte da noção do
homem econômico, causando perda para a Economia prejudicando a sua capacidade de
analisar fenômenos econômicos reais ligados às tomadas de decisões econômicas. A
importância da análise dos pressupostos éticos e do comportamento econômico real (com
todas as suas peculiaridades) na Economia é ressaltada sob diferentes ângulos, já que estes são
fatos objetivos que são decisivos nas tomadas de decisões econômicas.
Conclui-se que, a maioria dos pressupostos que compõem a noção do homem
econômico (detentor de completa informação a respeito das suas opções de escolha, tem
comportamento sempre constante e coerente, calculista e maximizador, é egoísta e não leva
em consideração o interesse das outras pessoas) é devido em grande medida a uma influência
positivista na metodologia da Economia (que causou uma busca por uma simplificação da
realidade e também uma busca por uma isenção de julgamentos de valor visando uma
pretensa objetividade). Somente o pressuposto de que o ser humano é orientado pela utilidade
na noção de homem econômico é fiel à filosofia moral utilitarista de Bentham.
Apesar de tais limitações, a utilização do homem econômico tem os seus aspectos
positivos, como realçado por Sen, ela ajuda a evidenciar certas relações entre variáveis
interdependentes na sociedade. O problema é restringir o estudo do comportamento
econômico humano somente à noção de homem econômico e negligenciar a incorporação de
métodos e formas diferentes de ver e estudar esse comportamento na teoria econômica, o que
causa grande limitação e empobrecimento da Economia.
Neste trabalho é demonstrado que na filosofia moral de Bentham o princípio da
utilidade é abrangente: o autointeresse do indivíduo benthamiano não é restrito ao egoísmo,
ele comporta as mais diversas valorações pessoais e leva em consideração a felicidade dos
outros; há o reconhecimento das limitações humanas (de cognição, percepção, e a dificuldade
de manter um comportamento sempre coerente), e também das dimensões políticas, morais e
religiosas dos indivíduos (além da dimensão física). Tal fato abre espaço para diversas
análises do comportamento humano e de suas valorações individuais que são importantes nas
tomadas de decisões econômicas, diferentemente do homem econômico. Por fim, tendo em
vista tais fatos, chega-se a conclusão de que o empobrecimento da Economia pode ser
creditado também ao afastamento da teoria econômica (e, portanto, da noção do homem
econômico) da filosofia moral utilitarista de Bentham.