Trabalho de conclusão de graduação
Meio ambiente e reciclagem em produções audiovisuais: uma análise de documentários nacionais sobre o lixo e os catadores de produtos recicláveis
Registro en:
VASCONCELOS, Déborah S. de. Meio ambiente e reciclagem em produções audiovisuais: uma nálise de documentários nacionais sobre o lixo e os catadores de produtos recicláveis. 2013. 83f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação – Habilitação em Radialismo) – Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
Autor
Vasconcelos, Déborah S. de
Institución
Resumen
O presente trabalho se propõe a analisar como se apresentam os conceitos relacionados ao meio ambiente em produções audiovisuais, tendo em vista a crescente importância que o tema
assume nas últimas décadas com a difusão do conceito de sustentabilidade (após a RIO-92) e
sua presença constante na agenda de governos, mídia e sociedade civil como um todo. São
analisados, de forma qualitativa e comparativa, documentários brasileiros produzidos entre
1992 e 2002 que abordam a questão dos resíduos sólidos – lixo – e da reciclagem, tendo como
personagens centrais catadores de lixo/materiais recicláveis: “Boca de Lixo” (Eduardo
Coutinho, 1992); “Estamira” (Marcos Prado, 2006); “À Margem do Lixo” (Evaldo Mocarzel,
2008); e “Lixo Extraordinário” (Lucy Walker, Karen Harley e João Jardim, 2010). São
observados aspectos que envolvem os catadores com seus discursos e atitudes diante a câmera;
a direção com suas estratégias narrativas e justificativas para realização do filme; e os
processos de humanização dos personagens, produzidos com foco no espectador. A escolha de
produções no decorrer de um tempo determinado permite identificar as alterações e
permanências em relação aos temas. É observado que ao longo do período da análise há a
incorporação por parte dos catadores do discurso ambiental oficial, que dá prioridade para o
aspecto técnico na resolução do problema ambiental, em esmo demonstrando um pensamento
ambiental e criticando o desperdício, eles têm o foco na reciclagem como solução do
problema, uma vez que é disso que vivem. Ao mesmo tempo, estes trabalhadores passam a ter
maior consciência do papel que exercem na cadeia da reciclagem e da exploração que sofrem,
sentindo-se a vontade para criticar a sociedade e o poder público, e enxergando possibilidade
de melhorias e mudanças. Este grupo, classificado como “refugo humano” dentro da sociedade
e dos quais ela se distancia, é trazido para próximo do espectador pelos documentários
analisados. Os diretores utilizam estratégias narrativas que humanizam os personagens, lhes
dando voz e indicando que eles não se confundem com o lixo.