Article
Uma câmera como personagem, roteirista e diário de bordo
A camera as a character, scriptwriter and logbook
Registro en:
GIACOMINI, Paulo Roberto. Uma câmera como personagem, roteirista e diário de bordo. RECIIS - Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 107-111, jun. 2011.
1981-6278
10.3395/reciis.v5i2.498pt
1981-6278
Autor
Giacomini, Paulo Roberto
Resumen
Ficha Técnica: Documentário, em cartaz. LIXO EXTRAORDINÁRIO (Waste Land). Brasil / Reino Unido: 2010. Direção: Lucy Walker. Co-direção: João Jardim e Karen Harley. Produção: Almega Projects e O2 Filmes. 99 minutos. Waste Land, título original do premiado documentário Lixo Extraordinário (*), merece outra visada não apenas por sua indicação ao Oscar ou pelos inúmeros prêmios obtidos em festivais internacionais de cinema, mas por aproximar-se do filme etnográfico, do qual o engenheiro Jean Rouch é “referência incontornável”, segundo o professor José da Silva Ribeiro (2007), do Laboratório de Antropologia Visual da Universidade Aberta portuguesa. Em artigo sobre duas conversas que teve com o já etnólogo Rouch em encontros na primeira metade da década de 1990, Ribeiro explica que a tendência de aplicação dos métodos – exposição e exploração – do cinema etnográfico está associada a tradições teóricas distintas. Enquanto no filme de exposição o roteiro precede a realização, no de exploração a metodologia utiliza o cinema como método de pesquisa. Entretanto, segundo o professor, ambas têm assento em princípios fundamentais, tais como longa inserção no campo estudado, atitude não diretiva fundada na confiança recíproca, valorização das falas das pessoas envolvidas, preocupação descritiva baseada na observação e na escuta aprofundadas, independentemente da explicação das funções, estruturas, valores e significados do que descrevem; apropriação das sonoridades locais na composição da trilha sonora (Ribeiro, 2007). Waste Land, original title of the award-winning documentary Lixo Extraordinário (*) deserves to be seen again, not only because of its Oscar nomination or because of the numerous awards from international film festivals, but because of its proximity to the ethnographical film concept that has the engineer Jean Rouch is an “unavoidable reference”, according to the professor José da Silva Ribeiro (2007) from the Visual Anthropolgy Laboratory of the Portuguese Open University. In an article about two conversations he had with the ethnologist Rouch in meetings during the first half of the 1990s, Ribeiro explains that the tendency to apply methods – exposure and exploration – of ethnographic cinema is associated with different theoretical traditions. While in films of exposure the script precedes realization, films of exploration use cinema as a method of research. However, according to the professor, both are based on fundamental principals such as long study periods in the field, non-directive attitude based on reciprocal trust, appreciation and use of the words of those involved, descriptive concern based on thorough observation and listening regardless of the roles, structures, values and meanings that they describe, as well as the appropriation of local sonorities in the composition of soundtracks (Ribeiro, 2007).