Article
Mining dams disasters as systemic risks.
Desastres em barragens de mineração como riscos sistêmicos
Registro en:
FREITAS, Carlos Machado de et al. Mining dams disasters as systemic risks. Rev Bras Epidemiol., v. 25, Supl 2,:e220004, 2022. doi: 10.1590/1980-549720220004.supl.2.
1415-790X
Autor
Freitas, Carlos Machado de
Silva, Mariano Andrade da
Menezes, Fernanda Carvalho de
Luz, Zélia Maria Profeta da
Resumen
Entre 2015 e 2019, o Brasil registrou os dois mais graves desastres envolvendo barragens de mineração do século XXI. O objetivo deste artigo é oferecer a compreensão desses desastres como riscos sistêmicos, que envolvem desde processos globais e nacionais relacionados aos determinantes sociais que se concretizam em um complexo sistema de barragens distribuídas pelo País com seus riscos intrínsecos. Quando ocorrem, resultam em um conjunto de impactos com potencial de danos e efeitos imediatos combinados com impactos secundários e terciários que podem desencadear reações em cadeia, promovendo fatores de riscos de ocorrência heterogênea e complexa. Abordar esses eventos com base no conceito de risco sistêmico permite uma compreensão mais ampla tanto da singularidade de cada um desses desastres e seus múltiplos processos de exposição, riscos e doenças, como também das características estruturais com que os processos e dinâmicas sociais, políticas e econômicas reproduzem, em múltiplos territórios, um padrão comum de desastres e seus efeitos. Concluímos que a promoção da saúde da população e de territórios sustentáveis deve orientar a organização dos processos produtivos e não o contrário, com a externalização dos custos humanos, ambientais e sociais da mineração e seus desastres. Between 2015 and 2019, Brazil recorded the two most serious disasters involving mining dams of the 21st century. The purpose of this article is to offer an understanding of these disasters as systemic risks. They involve from global and national processes related to social determinants that materialize in a complex system of dams distributed throughout the country with their intrinsic risks. When they occur, result in a set of impacts with potential damage and immediate effects combined with secondary and tertiary impacts that can trigger chain reactions, which promote risk factors of heterogeneous and complex occurrence. Approaching these events from the point of view of systemic risk allows for a broader understanding of both the singularity of each of these disasters and their multiple exposure, risk and disease processes, as well as the structural characteristics in which social, political processes and dynamics and economic factors reproduce in multiple territories a common pattern of disasters and their effects. We conclude that the promotion of population health and sustainable territories should guide the organization of production processes and not the opposite, with the externalization of human, environmental and social costs of mining and its disasters.