Dissertation
O Cuidado nos Centros de Atenção Psicossocial: uma revisão de literatura
Care in Psychosocial Attention Centers: a literature review
Registro en:
SOUSA, Priscila Heusner Gonçalves de. O Cuidado nos Centros de Atenção Psicossocial: uma revisão de literatura. 2020. 99 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2020.
Autor
Sousa, Priscila Heusner Gonçalves de
Resumen
O tema do presente do trabalho é o cuidado nos Centros de Atenção Psicossocial brasileiros. Situado em um contexto de retrocessos da Política Nacional de Saúde mental sob uma ótica neoliberal e fascista, buscamos resgatar importantes princípios da Reforma Psiquiátrica e do cuidado em atenção psicossocial em defesa de um cuidado em liberdade, que se pretende integral. Sob o marco legal da Lei 10.216 e das diversas políticas e portarias, o estudo objetivou discutir a forma como o cuidado vem sendo compreendido nos CAPS, quais os principais referenciais teóricos embasam as noções de cuidado, se há modificações expressivas de compreensão desse cuidado ao longo dos anos e como o cuidado vem sendo exercido de fato nesses serviços, bem como visou explorar seus limites, dificuldades e potencialidades. Para tal, foi realizado um estudo qualitativo, caracterizado como revisão narrativa de literatura, tendo como categorias de análise a abordagem biomédica e o cuidado integral e atenção psicossocial. Nos utilizamos de noções de cuidado desenvolvidas no campo da saúde coletiva e da psicanálise. A revisão evidenciou que as diferentes concepções, muitas vezes, se interceptam tanto na prática clínica cotidiana dos serviços, como em muitas discussões teóricas dos autores. Talvez, em função disso, não tenha sido possível distinguir, nitidamente, as noções de clínica e de cuidado em saúde. As concepções que mais apareceram nos artigos foram as de \201Cclínica ampliada\201D, \201Ccuidado integral\201D e \201Ccuidado humanizado\201D. Os resultados demonstram achados mistos e, ainda que aponte para relevante incidência do modelo biomédico nos CAPS, estes serviços configuram-se como a melhor forma de cuidado em saúde mental a partir da aposta em estratégias de acolhimento, reconhecimento e valorização da autonomia do sujeito, elaboração de PTS e no cuidado relacional, algo inexistente nos hospitais psiquiátricos. The theme of the present work is the care in the Brazilian Psychosocial Attention Centers. Situated in a context of setbacks of the National Policy of Mental Health, under a neoliberal and fascist light, we seek to rescue important principles from the Psychiatric Reform and care in psychosocial attention in favor of care in freedom, intended to be integral. Under the legal terms of Law 10,216 and of various policies and ordinances, the study aimed to discuss how CAPS professionals, users, and family members have been understanding care, what main theoretical references underlie notions of care, whether there have been significant changes in the understanding of care over the years and how care has actually been exercised in these services, as well as how it has sought to explore its limits, difficulties, and potential. To this end, a qualitative study has been conducted, characterized as a narrative literature review, using the biomedical approach, the integral care, and the psychosocial attention as categories of analysis. We used notions of care developed in the field of collective health and psychoanalysis. The review evidenced that the different conceptions are often intertwined both in the daily clinical practice of services and in many theoretical discussions carried out by authors. Perhaps because of this, it has not been possible to distinguish the notions of clinic and health care clearly. The concepts that appeared most in the articles were those of "expanded clinic", "integral care," and "humanized care". The results show mixed findings and, although they point to a relevant incidence of the biomedical model in CAPS, these services constitute the most effective form of mental health care, based on the focus on strategies of reception, recognition, and valorization of the subject's autonomy, elaboration of PTS, and relational care, something that does not exist in psychiatric hospitals.