Dissertation
Negligência no tratamento de crianças HIV positivas
Negligence in the treatment of HIV positive children
Registro en:
BORBA NETTO, Fernanda Colares de. Negligência no tratamento de crianças HIV positivas. 2008. 147 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2008.
Autor
Borba Netto, Fernanda Colares de
Resumen
Introdução: A violência contra a criança é uma realidade mundial. A nãoadesão aos tratamentos pode ser indicativa de negligência em relação aos
cuidados médicos. A questão da negligência em relação aos tratamentos
médicos é de extrema importância quando se trata de HIV/AIDS,
particularmente em crianças.
Objetivo: Realizar estudo exploratório acerca da negligência no tratamento de
crianças portadoras do vírus HIV, atendidas em um Hospital Universitário do
Rio de Janeiro.
Metodologia: Estudo retrospectivo de dados secundários (prontuário médico),
das crianças de 0-12 anos portadoras do Vírus da Imunodeficiência Humana
(HIV), atendidas no Ambulatório de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP)
do hospital pediátrico de uma universidade pública federal, localizada no
município do Rio de Janeiro, no período de janeiro de 2002 a dezembro de
2006.
Resultados: Cerca de 15% dos pacientes não faltou nenhuma vez durante o
tempo de observação deste estudo, 68,3% apresentaram uma média menor do
que uma falta por ano; 12,5% dos pacientes tiveram faltas e demoraram mais
de seis meses para retornar ao ambulatório. 29,7% dos pacientes tiveram
adesão inadequada aos medicamentos; destes, 39,5% melhoraram a adesão
com as medidas tomadas pela equipe. Encontrou-se associação
estatisticamente significante entre adesão aos medicamentos e cor, realização
de exames e município de residência, falta às consultas e município de
residência, realização de exames e cor.
Conclusões: Utilizando-se a definição ampliada de negligência, podemos
constatar a existência negligência em relação ao tratamento de crianças
soropositivas.
A associação entre a raça e a adesão às medicações chama a atenção para
uma maior vulnerabilidade dos indivíduos de raça negra em relação aos de
raça branca no que diz respeito à adequada tomada de medicamentos, e a
associação de realização de exames e falta às consultas com o município de
residência sugerem que o apoio social pode funcionar como um importante
fator de proteção. Introduction: Violence against children is a worldwide problem. Noncompliance with medical treatment may indicate the presence of medical
neglect. Medical neglect is extremely important regarding the treatment of
AIDS/HIV infection, particularly in children.
Objective: To perform an exploratory study regarding medical neglect of HIV
infected children assisted at a university hospital in Rio de Janeiro city.
Methods: It’s a retrospective study, performed using secondary database
(medical records), of 0 to 12-year-old HIV infected children assisted at a
university hospital in Rio de Janeiro city.
Results: About 15% of the patients didn’t miss any medical appointments
during the observation time of the study; 68,3% of the patients had less than
one missed appointment per year, and 12,5% of the patients missed
appointments and lasted more than 6 months to return to the hospital. 29,7% of
the children had inadequate compliance with medication, and of these, only
39,5% had improved their compliance after the medical team’s interventions. A
statistically significant association was found between compliance with
medications and skin color, performed exams and city of residence, missed
appointments and city of residence and performed exams and skin color.
Conclusions: If a broad definition of neglect is used, one can conclude that
medical neglect regarding the treatment of HIV positive children is present on
the studied sample.
The association between race and compliance with medication brings attention
to the grater vulnerability that black colored people have in comparison with
white colored people concerning adequate intake of medication. The
association between performed complementary exams and missed
appointments with city of residence suggests that social support may work as
an important protection factor.