Papers presented at events
Contaminação por agrotóxicos na bacia do rio Juruena (Mato Grosso, Brasil) como um processo histórico sócio-sanitário-ambiental
Registro en:
OLIVEIRA, Luã Kramer de et al. Contaminação por agrotóxicos na bacia do rio Juruena (Mato Grosso, Brasil) como um processo histórico sócio-sanitário-ambiental. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS EM SAÚDE, 8., 2019, João Pessoa. Anais... João Pessoa: ABRASCO, 2019. 2 p.
978-85-85740-10-8
Autor
Oliveira, Luã Kramer de
Pignati, Wanderlei Antonio
Pignatti, Marta Gislene
Beserra, Lucimara
Leão, Luis Henrique da Costa
Resumen
Compreender a relação saúde-ambiente-doença em regiões produtivas do agronegócio implica em analisar a contaminação química provocada pelo uso de agrotóxicos na produção agrícola como um processo. Para isso, torna-se necessário investigar as determinações e a gênese da contaminação, de modo a não considerarmos apenas os resultados empíricos dos testes laboratoriais que indicam a contaminação. Compreender o processo de poluição ambiental por agrotóxicos nos municípios de Campo Novo do Parecis, Sapezal e Campos de Júlio (Mato Grosso, Brasil), onde foram detectados agrotóxicos na água superficial e subterrânea, na chuva e em peixes. Utilizou-se um modelo interpretativo integrado, multidimensionado (real, atual e empírico) e contextualizado, que compreende o fenômeno da contaminação como um processo histórico sócio-sanitário-ambiental, de modo a superar a abordagem restrita apenas aos resultados das análises laboratoriais. Para a dimensão real foram consultadas bibliografias sobre a história do território e utilizaram-se os dados secundários da estrutura fundiária e de produção agropecuária disponíveis no Sistema IBGE de Recuperação Automática. Para a dimensão atual analisou-se o uso de agrotóxicos na produção agrícola utilizando a proposta de Vigilância aos Agrotóxicos de Pignati et al. (2014). Identificou-se no processo de poluição química rural real que os latifúndios, onde são produzidos anualmente de milhões de toneladas de produtos agrícolas, são os principais responsáveis pelo uso dos agrotóxicos, gerando os processos de poluição ambiental e agravos e doenças ao ser humano. Na poluição química rural atual, destacou-se o uso elevado de agrotóxicos por habitante (350 a 600 litros/habitante), elevado uso do herbicida glifosato nas plantações de soja transgênica (45% do volume total), e as recentes autorizações do uso do inseticida benzoato de emamectina e da soja e do milho transgênicos resistentes ao herbicida 2,4-D. Observou-se que o modelo produtivo agrícola nessa região tem concentrado a terra e a riqueza para as empresas rurais e socializado as poluições ambientais e doenças humanas à população. Ao analisarmos os processos real e atual da poluição por agrotóxicos, destacaram-se processos críticos que compõe a determinação do perfil epidemiológico da população em estudo, nas quais devem ser modificadas coletivamente visando à promoção da saúde.