Article
Discursos sobre comportamento de risco à saúde e a moralização da vida cotidiana
Discourses about health risk behaviour and the moralization of the everyday life
Registro en:
BAGRICHEVSKY, Marcos; et al. Discursos sobre comportamento de risco à saúde e a moralização da vida cotidiana. Ciência & Saúde Coletiva, v.15, Supl. 1, p.1699-1708, 2010.
1413-8123
1678-4561
Autor
Bagrichevsky, Marcos
Castiel, Luis David
Silva, Paulo Roberto Vasconcellos
Estevão, Adriana
Resumen
O texto aborda criticamente a polaridade
entre discursos sobre estilos de vida saudáveis
e sedentarismo no contexto dos novos recursos
tecnológicos de busca e disseminação de informações
em saúde. Argumenta-se que a racionalidade
tecnocientífica contemporânea fez emergir
uma “economia das verdades” que, na perspectiva
de conduzir a estilos de vida seguros, tem prescrito
um ideário normativo de autodisciplina gerador
de angústias e de consumo de artefatos agenciadores
de gastos calóricos. Na produção hegemônica
desses regimes de verdade, o sedentarismo
se apresenta como conduta de risco à saúde, equivalendo
à falência moral e inaceitável falta de
cuidado consigo. Enfatiza-se que a profusão de
discursos sobre estilos de vida e risco, tomados
como dispositivos biopolíticos imbricados nos processos
comunicacionais em saúde, merece foco por
suas implicações éticas e políticas. A espetacularização
de modos de vida associados ao consumo e a
produção de narrativas que influenciam perversamente
nossa cultura têm nos distanciado de uma
noção de saúde socialmente possível. Discute-se,
enfim, a essência reguladora de tais referentes simbólicos
na construção de sistemas de conhecimento
que vêm (re)definindo o que é ser saudável, normal,
doente. The text analyses critically the polarity
between discourses about healthy life styles and
the sedentariness in the context of new technologies
for health information research and dissemination.
We argue that the techno-scientific rationality
has grown an ‘economy of trues’ which,
on the perspective of conducting to safe life styles,
has prescribed a normative ideal of self discipline
which tends to generate distress and consumerism
of artifacts of burning calories. In the hegemonic
production of systems of truth, sedentariness
has been seen as a kind of unhealthy behavior
that is ranked as moral failure. Emphasis is
given about the multiple discourses embracing life
styles and risk, taken as biopolitics devices imbricated
in the communication processes in health,
which has to be lightened up for their ethics and
politics implications. The spectacularization of
life styles associated to the consumption and the
production of narratives that have badly influenced
our culture, making bigger the distance of a
socially possible notion of health. We discussed
the regulatory essence of such a symbolic reference
in the construction of knowledge systems that
have been (re)defined what is to be healthy, normal
and unhealthy.