Dissertation
Velocidade de fluxo sanguíneo cerebral em crianças e adolescentes com doença falciforme em Salvador, Bahia
Registro en:
CHUKWU, B. F. Velocidade de fluxo sanguíneo cerebral em crianças e adolescentes com doença falciforme em Salvador, Bahia. 2017. 101 f. il. Dissertação (Mestrado em Patologia Humana) – Universidade Federal da Bahia. Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Gonçalo Moniz, Salvador, 2017.
Autor
Chukwu, Bartholomew Friday
Resumen
INTRODUÇÃO: A doença falciforme (DF) é caracterizada por complicações agudas e crônicas. Entre as agudas podemos citar: episódios álgicos, síndrome torácica aguda (STA), priapismo, crise hemolítica, infecções agudas e acidente vascular cerebral (AVC), sendo este útimo responsavel por complicações a longo prazo na infância. A velocidade do fluxo sanguíneo cerebral (VFSC) elevada é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento do AVC em crianças com anemia falciforme. A identificação de pacientes de risco associados a velocidades de fluxo sanguíneos cerebrais anormais é realizada pelo Doppler transcraniano (DTC), exame fundamental à prevenção primária do AVC. OBJETIVOS: Avaliar as velocidades de fluxo sanguíneo cerebral em crianças e adolescentes com DF em Salvador-Bahia, para identificar aqueles com risco alto de AVC, além de correlacionar as velocidades de fluxo cerebral com os perfis clínico e hematológico dos pacientes. PACIENTES E MÉTODOS: O DTC por insonação, utilizando uma sonda de 2 MHZ, foi realizado em crianças e adolescentes de 2 a 16 anos que preencheram os critérios de inclusão. A saturação de oxigênio e os parâmetros antropométricos foram medidos e os perfis clínico e hematológico foram obtidos dos prontuários de cada paciente. RESULTADOS: Cento e trinta e cinco pacientes foram recrutados para o estudo. A mediana geral da velocidade média máxima (VMMAX) foi de 125cm/s: o normal sendo que 70-169cm/s. Pacientes com anemia falciforme (HbSS; AF) apresentaram velocidades significamente maior (131cm/s) que aqueles com HbSC (107cm/s). Apenas um (0,74%) paciente apresentou a velocidade anormal (≥200cm/s) e 18 (13,33%) apresentaram velocidade condicional (170-199cm/s). As velocidades correlacionaram-se inversamente com a saturação de oxigênio, concentração de hemoglobina e idade do paciente, e positivamente com a contagem de leucócitos, neutrófilos, monócitos e plaquetas. A contagem de leucócitos, neutrófilos, monócitos e a concentração de hemoglobina fetal (HbF), e idade do paciente, apresentaram associação linear com a velocidade do fluxo sanguuíneo cerebral, enquanto outras variáveis foram mantidas constantes. Os pacientes que apresentaram história pregressa de STA e eventos dolorosos recorrentes apresentaram risco aumentado para o desenvolvimento de velocidades de DTC alteradas. CONCLUSÃO: A frequência de VFSC anormal em crianças e adolescentes com DF em Salvador-Bahia foi baixa. As crianças mais jovens e aquelas com AF apresentaram VFSC mais elevadas e risco maior para o desenvolvimento de velocidades alteradas. A presença de saturação de oxigênio e concentração de hemoglobina diminuídas e leucometria e contagem de plaquetas elevadas estiveram associadas as velocidades de fluxo sanguíneo cerebral mais elevadas ao serem estimadas pelo DTC. FAPESB; CNPq BACKGROUND: Sickle cell disease (SCD) is characterized by acute episodes of illnesses (crises) such as bone pain crisis, acute chest syndrome (ACS), priapism, hemolytic crisis, acute infections; and acute and long term complications such as cerebrovascular accident (CVA). Abnormally high cerebral blood flow velocity is the most important risk factor for development of stroke in pediatric patients with sickle cell anemia, and its detection by transcranial Doppler (TCD) is fundamental in primary stroke prevention. Other clinical, hematologic and genetic risk factors of stroke have also been identified. OBJECTIVES: The study aimed at evaluating the cerebral blood flow velocities of children and adolescents with SCD in Salvador, Brazil, detect those at high risk of stroke and correlate the flow velocities with clinical and hematological profiles of the patients. PATIENTS AND METHODS: Transcranial Doppler was performed on subjects aged 2 to 16 years who fulfilled the inclusion criteria, using a 2 MHz probe placed over the transtemporal windows. The oxygen saturation and anthropometric parameters were measured, and clinical and hematological profiles extracted from their medical records. RESULTS: One hundred and thirty-five patients were recruited in the study. The median of timed averaged mean of maximum velocities (TAMMV) was 125cm/s. Patients with sickle cell anemia (SCA) had a significantly higher cerebral blood flow velocity (131cm/s) than those with HbSC disease (107cm/s). Only one (0.74%) patient had abnormal cerebral blood flow velocity (CBFV) while 18 (13.33%) had conditional velocities. CBFV correlated inversely with oxygen saturation, hemoglobin concentration and patient’s age while correlated positively with total white blood cells (WBC), neutrophil, monocyte and platelet counts. Total WBC, neutrophil, monocyte and fetal hemoglobin (HbF) and patient’s age independently had linear association with CBFV when other variables were kept constant. Previous history of ACS and recurrent painful crises increased the risk of development of abnormal or conditional velocity. CONCLUSION: Frequency of abnormal cerebral blood flow velocity among children and adolescents with SCD in Salvador was low. Younger children and those with SCA generally had higher TCD velocities and higher risk of developing abnormal TCD result. Low oxygen saturation, low hemoglobin and high WBC and platelet counts were associated with high TCD velocities. Previous history of ACS and recurrent bone pain were associated with increased risk of having abnormal or conditional TCD velocity.