Dissertation
Narrativas de gravidez e parto em três gerações: do “desconforto” à “violência obstétrica”
Pregnancy and childbirth narratives in three generations: from “discomfort” to “obstetric violence”
Registro en:
BRITO, Beatriz Malheiros. Narrativas de gravidez e parto em três gerações: do “desconforto” à “violência obstétrica”. 2022. 162 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2022.
Autor
Brito, Beatriz Malheiros
Resumen
Esta dissertação tem por objetivo analisar as narrativas de experiência de pré-parto e parto de mulheres de diferentes gerações, levando em conta a interseccionalidade para situar o papel da violência obstétrica nessas narrativas. Através de um estudo narrativo, entrevistamos virtualmente 11 mulheres pertencentes a quatro famílias, em 3 gerações, com atravessamento de raça/cor e classe. Nesse sentido, os dados foram analisados numa perspectiva narrativa a partir de uma síntese dos principais pilares teóricos da proposta de Schütze, apresentada por Jovchelovitch e Bauer (2002), articulando-a às discussões teóricas relevantes para o tema da violência obstétrica nesse contexto. Apesar de particular em cada geração, a violência aparece em cada uma delas, sendo permanente a centralidade do conhecimento médico bem como uma opacidade da participação da mulher estruturando condições que viabilizam as violações. O acontecimento da violência obstétrica dialoga diretamente com diversas violências interseccionais ainda que em grande parte naturalizada nas narrativas, como “o caminho a se percorrer”. A questão geracional traz diversos contextos socioeconômicos, políticos, bem como de hábitos e tradições acerca do tema do gestar e parir, o que confere uma não-linearidade às histórias e ao cuidado no parto, sendo marcante a noção de “sorte” para contar com uma assistência condizente às suas expectativas. This dissertation aims to analyze the narratives of prepartum and childbirth experiences of women from different generations, taking into account intersectionality to situate the role of obstetric violence in these narratives. In a narrative study, we remotely interviewed 11 women from four families, in 3 generations, crossing race/color and class. In this sense, the data were analyzed in a narrative perspective minding a synthesis of the main theoretical pillars of Schütze's proposal presented by Jovchelovitch and Bauer, articulating it to the theoretical discussions relevant to the theme of obstetric violence in the giving context. Although unique in each generation, violence appears in all of them, with the medical knowledge centrality being a constant, as well as the opacity of women's participation, both structuring conditions that enable violations. The event of obstetric violence dialogues directly with various intersectional violences, although largely naturalized in the narratives, such as “the way to go”. The generational issue brings different socioeconomic and political contexts, as well as habits and traditions about the theme of gestating and giving birth, which provides non-linearity to the stories and care during childbirth, with the notion of "luck" being remarkable to achieve an assistance. in line with their expectations.