Dissertation
Inquérito de morbidade em crianças de 0 a 2 anos no município de Teresópolis
Registro en:
SILVA, Claúdio da Fonseca e. Inquérito de morbidade em crianças de 0 a 2 anos no município de Teresópolis. 1995. 129 f. Dissertação (Mestrado em Saúde da Criança)-Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1995.
Autor
Silva, Claúdio da Fonseca e
Resumen
As informaçoes relativas ao perfil de morbidade em nossa regiäo säo raras. Os poucos dados que se tem nos serviços, säo de doenças de notificaçäo compulsória, que näo permitem inferências populacionais consistentes para o planejamento adequado das açoes de saúde. Esse estudo teve como objetivo geral, descrever o perfil de morbidade das crianças de 0 a 2 anos no município de Teresópolis e como objetivos específicos, estimar a prevalência dos principais agravos à saúde na populaçäo estudada e relacionar as doenças mais frequentes com outras variáveis como: nível de renda, escolaridade da mäe, acesso a bens comuns e outras descritas no trabalho. O desenho de estudo utilizado foi um inquérito populacional do tipo transversal-descritivo. O universo amostral teve como referência o conjunto de domicílios com crianças de 0 a 2 anos no município de Teresópolis. Na amostragem por conglomerados, foi usada como base de dados, a lista de setores censitários do IBGE. Sorteou-se 30 setores, sendo 21 urbanos e 9 rurais, o que nos permitiu selecionar 427 crianças (unidades de observaçäo). O instrumento de pesquisa foi um questionário domiciliar, aplicado pelo pesquisador na área rural e estudantes de graduaçäo do 3§ ano de medicina na área urbana, sob a surpevisäo dos docentes da disciplina de epidemiologia. Os dados foram codificados e copilados no programa EpiInfo. Na caracterizaçäo da populaçäo estudada, 23 por cento das crianças viviam em famílias com renda menor ou igual 1SM (somente 15 por cento > 3SM), 53,6 por cento das famílias tinham renda "per capita" < ou igual 0,5SM. As maes com idade < de 20 anos foram 18 por cento e 8,2 por cento eram analfabetas. Em relaçäo a água tratada, 37,9 por cento das crianças näo tinham acesso a esse bem comum, e 17,3 por cento näo tinham banheiro dentro de casa. no pré-natal 91,8 por cento das mäes fizeram pelo menos uma consulta, enquanto, 53,2 por cento fizeram mais de consultas. O baixo peso ao nascer ocorreu em 12,9 por cento dos nascimentos e o tempo médio de amamentaçäo foi de 2 meses e 25 dias. A cobertura vacinal para menores de 18 meses foi de 90,5 por cento e para maiores de 18 meses, com 4 doses de DPT e Sabin foi de 40,2 por cento. A diarréia apresentou uma prevalência de 28,6 por cento, considerada muito alta, e das crianças, 13,8 por cento eliminaram vermes nos últimos 15 dias. A IRA esteve presente em 6,1 por cento das crianças e em relaçäo a hospitalizaçäo em geral 26,9 por cento forma internadas nos últimas 12 meses. A escolaridade da mäe esteve inversamente relacionada com a eliminaçäo de vermes e com a hospitalizaçäo e a renda familiar associada com a diarréia, com a hospitalizaçäo e com a eliminaçäo de vermes (p < 0,01). Näo ter banheiro em casa, teve associaçäo com diarréia, com eliminar vermes e ser internado (p < 0,01). Mamar no seio por mais de 6 meses näo teve significado estatístico com diarréia, IRA, eliminar vermes e ser internado. Nesse trabalho ficou claro o papel desempenhado pelas desigualdades sociais no processo saúde-doença das nossas crianças, e demonstra que os esforços na promoçäo de estratégias capazes de favorecer nos grupos mais vulneráveis o crescimento e desenvolvimento infantil, necessitam ser intensificados. A avaliaçäo da qualidade de assistência prestada, e em particular, das internaçoes pediátricas nos parecem linhas de investigaçäo a serem exploradas no âmbito da integraçäo ensino-serviço-pesquisa-comunidade.