O Centro de Transplante de Medula Óssea (CEMO) do Instituto Nacional de Câncer (INCA) foi inaugurado no Rio de Janeiro em 1984, é um dos maiores do país e realiza pelo Sistema Único de Saúde (SUS) transplantes de medula óssea (MO), células-tronco de sangue periférico (CSP) e sangue de cordão umbilical e placentário (SCUP) de doadores autólogo, aparentado ou não-aparentado. Foram analisados os dados referentes a 653 transplantes realizados no CEMO entre janeiro de 2008 e dezembro de 2015, com a finalidade de se verificar se houve alterações nos perfis dos pacientes e procedimentos realizados ao longo do tempo (comparando-se os quadriênios 2008 a 2011 e 2012 a 2015) e de se determinar os fatores que impactaram no tempo de permanência da internação para transplante e na ocorrência de readmissões hospitalares. Observou-se que aconteceram mudanças significativas na naturalidade e procedência dos pacientes (p<0,0001), diagnóstico (p=0,0063), serviço de oncologia ou hematologia encaminhador de origem (p<0,0001), estadiamentos de doença nos momentos de encaminhamento (p<0,0001) e transplante (p=0,0011) e no tempo de espera desde o encaminhamento ao CEMO até o momento do transplante (p<0,0001). A análise multivariada por regressão linear revelou que os seguintes fatores impactaram mais fortemente no sentido de prolongar a duração de internação para transplante: modalidades de transplante alogênico aparentado (p<0,0001) e alogênico de fonte alternativa (p<0,0001), fonte de células SCUP (p<0,0001) e diagnóstico de tumor sólido (p=0,0039). O diagnóstico de Mieloma múltiplo reduziu significativamente o tempo de permanência hospitalar (p<0,0001). A ocorrência de reinternação foi analisada de forma multivariada pelo modelo de regressão logística. Os fatores que se mostraram fortemente preditivos positivos de ocorrência de readmissão hospitalar foram as modalidades de transplante alogênico aparentado (OR=12,1) e alogênico de fonte alternativa (OR=18,4), as fontes de células CSP (OR=2,6) e combinada de CSP com MO (OR=8,5) e a faixa etária de 18 a 35 anos no momento do transplante (OR=3,0).The Bone Marrow Transplantation Center (CEMO) of the Brazilian National Cancer Institute (INCA) was inaugurated in Rio de Janeiro in 1984, is one of the largest in the country and performs through the Universal Healthcare System bone marrow (BM), peripheral blood stem cells (PSC) and umbilical and placental cord blood (UPCB) transplants from autologous, related and unrelated donors. Data from 653 transplants performed at CEMO between January 2008 and December 2015 were analyzed in order to verify if there were alterations in patient profiles and procedures performed over time (comparing the 2008 to 2011 and 2012 to 2015 quadrenniums) and to determine the factors that impacted in the length of stay for transplantation and the occurrence of readmissions. It was observed that significant changes occurred in the naturality and residence of patients (p <0.0001), diagnosis (p = 0.0063), onco-hematology service of origin (p <0.0001), disease stages in the moments of referral (p <0.0001) and transplantation (p = 0.0011) and in the waiting time from referral to the date of transplantation (p <0.0001). The multivariate analysis by linear regression revealed that the following factors had a stronger impact on the length of stay for transplantation: allogeneic (p <0.0001) and alternative allogeneic transplantation (p <0.0001), UPCB as source of cells (p <0.0001) and diagnosis of solid tumor (p = 0.0039). The diagnosis of multiple myeloma significantly reduced length of stay (p <0.0001). The occurrence of readmission was analyzed in a multivariate manner by the logistic regression model. The factors that were strongly positive predictors of readmission were allogeneic (OR = 12.1) and alternative allogeneic transplants (OR = 18.4), PSC (OR = 2.6) and combined BM plus PSC (OR = 8.5) cell sources and the age range of 18 to 35 years at the time of transplantation (OR = 3.0).