Dissertation
Tratamento farmacológico da malária em um instituto de pesquisa clínica no Rio de Janeiro
Registro en:
Pedro, R. S.
Tratamento farmacológico da malária em um instituto de pesquisa clíni-ca no Rio de Janeiro. 2011. 96f. Dissertação (Mestrado em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas) - Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas, Rio de Janeiro, 2011
Autor
Pedro, Renata Saraiva
Resumen
A malária é considerada um problema mundial amplamente distribuído pelas regiões tropicais e subtropicais e uma doença de evolução grave e potencialmente fatal quando não diagnosticada rapidamente e tratada corretamente. O objetivo deste estudo foi descrever o perfil de resposta ao tratamento farmacológico da malária em pacientes atendidos no IPEC/Fiocruz-RJ entre os anos de 2005 e 2010. Foram incluídos 88 pacientes provenientes da região Amazônica, África e Ásia. Desse total, sete pacientes foram tratados duas vezes e três foram tratados três vezes no IPEC. Com isso, foram realizados 101 tratamentos antimaláricos com dez diferentes esquemas terapêuticos. As espécies de plasmódio diagnosticadas foram Plasmodium vivax (65,0%), P. falciparum (23,0%), P.falciparum + P. vivax (9,0%), P. malariae (2,0%) e P. ovale (1,0%). A associação de cloroquina e primaquina foi utilizada em 94,0% das infecções por P. vivax e em 78,3% dos tratamentos para as infecções por P. falciparum foram utilizados os derivados de artemisinina associados a outros antimaláricos. Em relação à resposta terapêutica, a cura clínica e a cura parasitológica ocorreram em um período inferior a quatro dias (D3) após o início tratamento em 91,0% e 84,0% dos casos de P. vivax e P. falciparum, respectivamente
A proporção de pacientes com sucesso terapêutico demonstra que pelo menos 52% dos tratamentos com os esquizonticidas sanguíneos foram efetivos. Foram identificadas duas falhas parasitológicas tardias: em um paciente com malária mista tratado com mefloquina e em um caso de malária por P. vivax tratado com cloroquina e primaquina. As 16 recaídas de malária por P. vivax observadas ocorreram em um tempo mediano de 57 dias após o início do tratamento. A análise de sobrevida demonstrou a associação de doses de primaquina sem ajuste por peso e a ocorrência de recaídas (p<0,02). Os pacientes utilizaram outros medicamentos concomitantemente aos antimaláricos em 39 tratamentos (38,6%). Esses foram predominantemente antiácidos e analgésicos. Registrou-se 53 eventos adversos (EAM) aos antimaláricos que foram considerados como 50 reações adversas a medicamentos (RAM) e três erros de medicação
Houve predominância de distúrbios do sistema gastrointestinal. Foram em sua maioria de gravidade leve e considerados de causalidade possível segundo o algoritmo de Naranjo. O erro de administração de hidratação venosa não interferiu no tratamento antimalárico; diferente dos outros dois erros de prescrição observados. Em um, a monoterapia com cloroquina para malária por P. vivax ocasionou a recaída da doença; no outro, a instituição de terapia via oral para um paciente com sinais clínicos preditivos de gravidade de malária por P. falciparum levou à piora no quadro clínico do paciente revertida após instituição do tratamento venoso. A maioria dos pacientes entrevistados (88,5%) apresentou comportamento de adesão considerado alto de acordo com o questionário de Morisky. Após a implantação do acompanhamento farmacoterapêutico do paciente com malária, em 2009, houve um aumento das informações sobre os tempos de cura clínica e parasitológica e EAM e as perdas de acompanhamento foram reduzidas. Concluiu-se que a maioria dos tratamentos antimaláricos foi efetiva; as recaídas por P.vivax estão associadas à administração de doses subterapêuticas de primaquina; e houve uma melhoria na assistência prestada ao paciente com malária após implantação da farmacovigilância Malaria
is considered a world problem widely distributed in the tropical and subtropical
regions which quickly becomes life
-
threatening if not early diagnosed and promptly treated.
The aim of this study was to describe the pharma
cological treatment profile for Malaria in
patients followed at
the Acute Febrile Disease Outpatient Clinics of IPEC, Fiocruz
-
RJ
, from
J
anuary
,
2005 to
December
, 2010
in a coh
ort of 88 individuals that acquired malaria infection
at the Amazon region, Afric
a and Asia.
Ten
of them were treated at least twice
resulting in
101 malaria treatments with ten
different types of
therapeutic regimens.
The species
diagnosed were
Plasmodium vivax
(65
.0
%),
P. falciparum
(23
.0
%),
P.falciparum + P. vivax
(9
.0
%),
P. malaria
e
(2
.0
%) and
P. ovale
(1
.0
%).
Association of chloroquine and primaquine
was prescribed to 94.0% of
P. vivax
infections and artemisinin derivates associated with other
antimalarials were used in 78.3% of
P. falciparum
treatments. Clinical and parasitologica
l
cure occurred in 91.0% and 84.0% of
P. vivax
and
P.
falciparum
infections, respectively, in
less than three days after the beginning of treatment. Most patients responded well to
antimalarials and blood schizonticidal drugs’ effectiveness was observed in
at least 52.0% of
these treatments. Two late parasitological failures were identified: one case of mixed infection
(
P. falciparum
and
P. vivax
) treated with mefloquine, and another case of vivax malaria
treated with chloroquine plus primaquine. Sixteen re
lapses occurred between
days
36 a
nd
369
(median
= 57
day
s)
after vivax malaria
treatment.
Survival analyses demonstrated association
between primaquine unadjusted doses and relapses of vivax malaria (p<0.02). In 39
treatments
(38
.6%), patients used also med
ications other than antimalarials, mostly antacids
and analgesics. We observed 53 adverse events to antimalarials considered as 50 adverse drug
reactions and three medication errors. The most commonly reported adverse reactions were
gastrointestinal disord
ers. Most adverse reactions were mild and
considered possible in
Naranjo algorithm. An error in the administration of venous hydration bruised the patient’s
arm but didn’t interfere clinically with treatment response. On the other hand, prescription
errors
were observed. In one patient, chloroquine monotherapy for vivax malaria was
prescribed resulting in relapse. Another patient with predictive signs of
P. falciparum
malaria
severity presented clinical worsening with the introduction of oral
treatment
whic
h reverted
to
normal after venous treatment. The majority of patients (88.5%) had a high adherence
behavior according to Morisky’s questionnaire. Since 2009, when pharmacotherapy follow
-
up
started, information related to adverse event, clinical and parasit
ological cures increased and
loss to follow
-
up after malaria treatment reduced. We concluded that most antimalarial
treatments were effective. Cases of relapses showed association between underdoses of
primaquine and
P. vivax
malaria relapse. And improveme
nt in malaria patient’s care was
achieved by surveillance
activities, including pharmacovigilance