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Homoerotismo feminino, juventude e vulnerabilidade às DSTs/Aids
Female homoeroticism, young people and vulnerability to STI/Aids
Registro en:
MORA, Claudia Mercedes/ MONTEIRO, Simone. Homoerotismo feminino, juventude e vulnerabilidade às DSTs/Aids. Estudos Feministas, v.21, n.3, p.905-926, Set.-Dez. 2013.
0104-026X
10.1590/S0104-026X2013000300008
Autor
Mora, Claudia Mercedes
Monteiro, Simone
Resumen
O artigo discute os descompassos entre as identidades (sexuais e de gênero), os
desejos e as práticas sexuais, bem como as relações entre identidades sexuais e percepções
de risco às DSTs/Aids de um grupo de mulheres jovens, autoclassificadas como lésbicas ou
bissexuais, frequentadoras de espaços de entretenimento noturno no Rio de Janeiro (RJ). Frente
à relação entre a construção das identidades e os processos de vulnerabilidade, a análise se
debruça no papel das identidades sexuais nos contextos de interação social e trajetórias
erótico-afetivas do grupo, apontando circunstâncias relativas à sociabilidade, ao gênero e ao
perfil social que balizam a suscetibilidade às DSTs. Os achados revelam que a autodefinição
das categorias identitárias das jovens varia em função dos relacionamentos afetivo-sexuais
com parcerias de ambos os sexos e das redes de sociabilidade, em distintos momentos de
suas vidas, indicando um sentido de fluidez na expressão da sexualidade. A lógica de proteção
às DSTs/Aids do grupo é influenciada pela intimidade estabelecida nos relacionamentos afetivos
e pela percepção de ‘segurança’ nas práticas homoeróticas femininas. Frente à importância
das práticas homo e heterossexual para a transmissão das DSTs e a tendência das campanhas
preventivas em privilegiar grupos com identidades fixas, sugere-se que políticas voltadas para
a saúde sexual e a saúde da mulher priorizem a história sexual das mulheres e as relações entre
suas práticas e identidades em contextos específicos. This article discusses the discrepancies between sexual identities, gender performances, desires and sexual practices. It aims to analyze the relationship between sexual identities and the risk of perception to STI/Aids from a group of young women with homoerothic experiences, who classify themselves as lesbians or bisexuals, that attend a variety of nocturnal social environments in Rio de Janeiro (RJ). Based on the relation between the processes of vulnerability and the construction of identities, the analysis focuses on the role of sexual identities in the contexts of social interactions and sexual-affective trajectories of the group. The results revealed some circumstances related to sociability, gender and social profile that define the susceptibility to STI/Aids. The auto-classification or self-labeling of the identities of these young women, vary according to the sexual-affective relationships with male and female sexual partners and the network of interaction in different phases of their lives. These experiences suggest a sense of fluidity on the expression of their sexuality. The logic of protection to STI/Aids of the group is influenced by the intimacy established on the affective relationships and by the perception of ‘safety’ in the same sex sexual practices. Due to the importance of homo and heterosexual practices for the transmission of sexual transmitted infections and the tendency of preventive campaigns to give preference to groups with fixed identities suggests that sexual health policies should give priority to the women’s sexual history as well as the relationship between their practices.