Dissertation
Experiências e perspectivas de mulheres vivendo com HIV / AIDS sobre direitos sexuais e reprodutivos
Experiences and perspectives of women living with HIV / AIDS about sexual and reproductive rights
Registro en:
CARVALHO, Jamille Maria Rodrigues. Experiências e perspectivas de mulheres vivendo com HIV / AIDS sobre direitos sexuais e reprodutivos. 2019. 133 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2019.
Autor
Carvalho, Jamille Maria Rodrigues
Resumen
Existem evidencias acerca dos avanços na discussão e implementação de políticas associadas
aos direitos sexuais e reprodutivos, a partir de uma análise crítica sobre os padrões tradicionais
de gênero. No entanto, ainda há obstáculos para sua efetivação e consolidação. Importa aqui
destacar o caso da assistência às mulheres vivendo com HIV/Aids (MVHA). O foco na
identificação e assistência as grávidas soropositivas têm tido efeitos importantes na redução da
transmissão vertical do HIV. Todavia, tal enfoque carece de uma abordagem das condições de
vulnerabilidade social e dos direitos sexuais e reprodutivos das MVHA. Assim, este estudo
analisa as visões acerca dos direitos sexuais e reprodutivos de sete MVHA e suas percepções
sobre a abordagem desses temas pelos profissionais dos serviços de saúde onde são atendidas.
O estudo tem por base: 1) banco de dados com entrevistas individuais, realizadas em 2013, no
âmbito da pesquisa “Estigma, reprodução e Aids”, desenvolvida pelo LEAS (IOC/FIOCRUZ)
com gestantes atendidas em dois serviços especializados na prevenção da transmissão vertical
no estado do Rio de Janeiro; 2) entrevistas semiestruturadas, feitas em 2018, com essas mesmas
mulheres que tiveram o propósito de conhecer suas atuais condições de vida, as visões e práticas
sobre sexualidade, direitos e reprodução no contexto HIV após a gestação. Os dados foram
analisados com base nas contribuições dos estudos socioantropológicos ao campo da saúde. Os
principais achados estão relacionados à percepção naturalizada das mulheres acerca do corpo
feminino e dos eventos de sua vida sexual e reprodutiva. Ainda que muitos progressos tenham
ocorrido em direção à liberdade sexual feminina, à autonomia sobre seus corpos e às escolhas
reprodutivas, o alcance dessas transformações na vida das mulheres é mediado pelo contexto
socioeconômico, relações de poder e menor acessos a bens simbólicos dos estratos populares
da sociedade. Foi possível observar a capacidade delas em remodelar certos padrões sociais,
contudo, as normas tradicionais de gênero se mostram fortemente instaladas nas suas dinâmicas
familiares. Além disso, existe uma lacuna entre as demandas contraceptivas e reprodutivas das
mulheres e o atendimento recebido nas unidades de saúde onde são acompanhadas. A mudança
desse cenário é um processo longo, que envolve transformações sociais e culturais no papel da
mulher, ações de diversos atores sociais e instituições, inclusive os do setor saúde. There is evidence of advances in the discussion and implementation of policies associated with
sexual and reproductive rights, based on a critical analysis of traditional gender
patterns. However, there are still obstacles to its effectiveness and consolidation. It is important
to highlight the case of assistance to women living with HIV/Aids (MVHA). The focus on
identifying and assisting HIV-positive pregnant women has had important effects on reducing
vertical HIV transmission. However, such an approach requires an approach to the MVHA's
social vulnerability and sexual and reproductive rights. Thus, this study analyzes the views
about the sexual and reproductive rights of seven MVHAs and their perceptions about
addressing these issues by the health care professionals where they are attended. The study is
based on: 1) a database with individual interviews, carried out in 2013, within the of the
research "Stigma, Reproduction and Aids", developed by LEAS (IOC / FIOCRUZ) with
pregnant women attended by two specialized services in the prevention of vertical transmission
in the state of Rio de Janeiro; 2) semi-structured interviews, conducted in 2018, with those same
women who had the purpose of knowing their current living conditions, visions and practices
about sexuality, rights and reproduction in the HIV context after gestation. The data were
analyzed based on the contributions of the socioanthropological studies to the field of
health. The main findings are related to the naturalized perception of women about the female
body and the events of their sexual and reproductive life. Although much progress has been
made toward women's sexual freedom, autonomy over their bodies and reproductive choices,
the extent of these transformations in women's lives is mediated by the socioeconomic context,
power relations, and less access to symbolic goods of the popular strata of women society. It
was possible to observe their capacity to reshape certain social patterns, however, traditional
norms of gender are strongly installed in their family dynamics. In addition, there is a gap
between the contraceptive and reproductive demands of women and the care received at the
health units where they are monitored. The change in this scenario is a long process, involving
social and cultural changes in the role of women, actions of various social actors and
institutions, including those in the health sector