Este trabalho objetivou discutir, à luz de algumas experiências municipais, a inserção da Equipe de Saúde Bucal no Programa de Saúde da Família (PSF) e os principais avanços e desafios apresentados na busca da consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). Como modelo assistencial atualmente adotado por aproximadamente 70% dos municípios brasileiros, o PSF vem se consolidando, para muitos autores, como um dos principais instrumentos de reestruturação do SUS. Paralelamente, verificava-se que entre os modelos assistenciais em saúde bucal desenvolvidos nos últimos anos, aquele centrado no núcleo familiar apresentava potencialidades para responder às demandas historicamente reprimidas pela não resolutividade de outros. Experiências inovadoras com características próprias e resultados exitosos estavam sendo desenvolvidas em alguns municípios. Por uma conjuntura política, econômica, técnica e social a saúde bucal foi oficialmente inserida no PSF por meio do estabelecimento de incentivos financeiros para municípios que se qualificassem para tal. Hoje, passado dois anos dessa “ruptura histórica” na Saúde Bucal Coletiva, observa-se ainda que elementos precisam ser identificados, analisados, estruturados e/ou normatizados. Para a identificação e análise inicial de alguns desses elementos, tanto facilitadores quanto limitadores para a concreta inserção da saúde bucal no PSF, foram estudados 36 dos 59 municípios que, há mais tempo, trabalham com Equipes de Saúde Bucal da Família. Os resultados encontrados neste trabalho acenam para alguns avanços importantes como: efetiva mudança da prática assistencial adotada (antes meramente curativo-restauradora em detrimento da preventivopromocional); inserção de outras categorias profissionais como o técnico de higiene dentária e o auxiliar de consultório dentário na rede de serviços municipais; participação conjunta de instituições de ensino superior no desenvolvimento das atividades (com apoio docente-assistencial, capacitação ou disponibilização de recursos humanos); e desenvolvimento de alguns aspectos inovadores inerentes à própria assistência. Por outro lado, alguns desafios se apresentam como principais obstáculos a serem superados como: fragilidade dos serviços de referência e contrareferência; escassos recursos financeiros para implantação, execução e manutenção do programa; perfil inadequado dos profissionais; e falta de sensibilidade do gestor para o tema.The aim of this paper is to discuss, based on some municipal experiences, the addition of the Dental Health Care Team to the Family Health Care Program (PSF) and the main advances and challenges to be faced so as to strengthen the Unified Health Care System (SUS). As the health care model currently adopted by approximately 70% of the Brazilian municipalities, according to some sources, the PSF has turned into one of the main tools for the restructuring of the SUS. At the same time, it is noticed that among the dental health care models developed in recent years, that which was focused on the family presented a good response to the demand which has been historically restrained by the unfeasibility of previously adopted models. Innovative experiences with their own characteristics and positive results had been successfully carried out in some municipalities. Thanks to political, economic, technical and social circumstances, dental health care was officially added onto the PSF, by means of the establishment of fiscal incentive to the those clearly qualified municipalities. At the moment, two years since this “historical rupture” in Community Dental Health Care, there are some elements yet to be identified, analyzed, structured and/or standardized. For the initial identification and analysis of some of these elements, both favoring and restricting for the effective insertion of the dental health care into the PSF, 36 of the 59 municipalities that have been using the logics of Family Dental Health Care Teams have been studied. The outcome of such study shows some remarkable advances such as: effective change in the adopted approach (which used to be merely healing-restorative instead of preventive-promotional); insertion of other professional categories such as the technician in dental hygiene and the dental clinic assistant into the municipal service network; joint participation of institutions of higher learning in the development of activities (with support in assistance and teaching, capacitation or placement of human resources); and development of some innovative aspects concerning assistance itself. On the other hand, some challenges remain as obstacles to be overcome: limited reference service; lack of funds for the implementation, execution and maintenance of services; professionals’ inadequate profile; and the manager’s lack of response towards the issue.