Thesis
Vulnerabilidade socioambiental e de saúde da população dos municípios mineiros aos impactos das mudanças climáticas
Registro en:
FONSECA, Ana Flávia Quintão. Vulnerabilidade socioambiental e de saúde da população dos municípios mineiros aos impactos das mudanças climáticas. 2017. 244 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva - Concentração Epidemiologia)-Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz, Belo Horizonte, 2017.
Autor
Fonseca, Ana Flávia Quintão
Resumen
A vulnerabilidade às mudanças climáticas é um conceito ainda em construção, que se relaciona com a predisposição de ser afetado negativamente por seus impactos, compreendendo a exposição, a sensibilidade e a capacidade adaptativa das populações humanas. As mudanças climáticas referem-se às alterações no estado do clima, que podem ser identificadas por mudanças na média e/ou na variabilidade das suas propriedades, e que persistem durante um prolongado período de tempo, tipicamente de décadas ou séculos. Essas mudanças são atualmente projetadas por meio dos novos cenários climáticos denominados Representative Concentration Pathway (RCP), utilizados pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Os cenários RCP abordados nesse estudo são o 4.5 e o 8.5. O RCP 4.5 representa um cenário de estabilização das emissões de gases de efeitos estufa e
o RCP 8.5, um cenário de aumento crítico dessas emissões. O objetivo deste trabalho é estudar a vulnerabilidade socioambiental e de saúde da população dos municípios do estado de Minas Gerais, aos impactos das mudanças climáticas, de modo a contribuir para sua utilização como instrumento de gestão estadual e municipal, visando o processo de adaptação. Ele foi desenvolvido por meio da construção do Índice de Vulnerabilidade Humana (IVH), que considera informações dos componentes ambientais, climáticos, demográficos, sociais e de saúde da população de todos os municípios de Minas Gerais. Os resultados do IHV no cenário RCP 4.5 evidenciam um grande grupo de municípios mais vulneráveis nas regiões que se encontram mais ao sul do estado. Há também aglomerados de municípios mais vulneráveis nas regiões nordeste e sudeste. Esses municípios compreendem os territórios de desenvolvimento Mata, Metropolitano, Oeste, Sudoeste e Sul. Apesar desses territórios terem sido classificados como menos vulneráveis no Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG), que exclui os cenários climáticos, as projeções das anomalias climáticas mostraram uma mudança mais
intensa para estas regiões, tanto para o cenário RCP 4.5 como para o 8.5. Em relação ao IHV no cenário RCP 8.5, observa-se que a distribuição dos municípios mais vulneráveis é mais homogênea e não se observou uma tendência muito clara, com exceção de um pequeno grupo de territórios mais vulneráveis nas regiões sudeste, sudoeste e triângulo. A vulnerabilidade presente, representada pelo IVG, foi maior nos municípios da região norte e nordeste de Minas Gerais. Entretanto, o IVH, calculado para os dois cenários climáticos, evidenciou uma alta vulnerabilidade da população humana do sudoeste e sudeste do estado de Minas Gerais, com base na agregação dos aspectos sociais, ambientais e epidemiológicos aos cenários climáticos projetados. Mesmo apresentando melhores índices de sensibilidade e capacidade adaptativa, essas regiões apresentaram índices elevados de exposição, são densamente povoadas e dependem fortemente da agricultura. Assim, as anomalias climáticas têm o potencial de impactar os meios de subsistência e a economia dessas áreas. The vulnerability to climate change is a concept still under construction and relates to the predisposition to be adversely affected by its impacts, including the exposure, sensitivity, and adaptive capacity of human populations. The climate change refers to alterations in the climate
conditions which can be identified by changes in the mean and/or variability of its properties and that persist for a prolonged period, typically of decades or centuries. Currently, these changes have been projected by new climate scenarios named Representative Concentration Pathway
(RCP), which are used by the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). The RCP’s scenarios used in the present study are the 4.5 and 8.5. The RCP 4.5 represents a scenario where the greenhouse gas emissions are stabilized while the RCP 8.5, a scenario in which there is a
critical increase of the emissions. The aim of this study is to evaluate the socioenvironmental and health vulnerability of the population of the municipalities of the state of Minas Gerais to the impacts of climate change, in order to contribute to its use as a state and municipal management tool toward adaptation process. It was developed by the construction of an Index of Human Vulnerability (IHV) which considers information regarding the environment, climate, demography, social, and health conditions of the population of all the municipalities of the state of
Minas Gerais. The IHV results related to the RCP 4.5 showed a large group of vulnerable municipalities in regions located further South in the state. Clusters of more vulnerable municipalities in the Southeastern regions were also observed. These municipalities constitute the developing regions of Mata, Metropolitano, Oeste, Sudoeste e Sul. Although these territories have been ranked as the less vulnerable in the General Vulnerability Index (GVI), which excludes the climate scenarios, the anomalies projection showed a quite intense alteration to these regions, both to the RCP 4.5 and the 8.5 scenarios. Regarding IHV results of the RCP 8.5 scenario, it was observed a more homogenous distribution of the most vulnerable municipalities with no clear tendency, except for a small group of vulnerable territories in the Southeastern, Southwest and
Triangle regions. The present vulnerability, represented by the GVI, was higher in the Northern and Northeastern municipalities of the state of Minas Gerais. However, based on the aggregation of the social, environmental, and epidemiological aspects to the climate scenarios, the IHV calculated for the both scenarios showed a higher vulnerability of the human population in the Southwest and Southeastern portions of the state. Even presenting better sensitivity and adaptive capacity indices, these regions presented high exposure indices, are densely populated, and strongly dependent on agriculture. Thereby, the climate anomalies have the potential to impact the livelihoods and economies of these areas.