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Hidropisia fetal: análise de 80 casos
Fetal hydrops: analysis of 80 cases
Registro en:
SILVA, André Ricardo Araujo da et al. Hidropisia fetal: análise de 80 casos. Rev. bras. ginecol. obstet, Rio de Janeiro, v. 27, n. 3, p. 143-148, mar. 2005.
0100-7203
Autor
Silva, André Ricardo Araujo da
Alzeguir, Júlio Cezar Laura
Costa, Maria Célia de Freitas Leite da
Tristão, Maria Aparecida Pereira
Nogueira, Susie Andries
Nascimento, Jussara Pereira do
Resumen
Objetivo: descrever a etiologia, evolução e prevalência de hidropisia fetal em coorte de gestantes em 10 anos de acompanhamento (1992 a 2002), em uma maternidade terciária. Métodos: estudo retrospectivo foi realizado em pacientes referidas para a maternidade do Instituto Fernandes Figueira com o diagnóstico de hidropisia fetal, detectado pelo exame de ultra-sonografia, durante o período compreendido entre 1992 e 2002. Os casos foram selecionados quanto à etiologia (imune ou não-imune), sendo comparados quanto à evolução, procedimentos invasivos realizados e sobrevivência. A análise das variáveis foi realizada por meio do programa
Epi-Info 6.0, sendo considerado valor de significância estatística um valor de p<0,05. Resultados: durante o período de estudo, 80 gestantes foram atendidas com diagnóstico inicial de hidropisia fetal. A freqüência de hidropisia nesta população foi de 1 para 157 nascidos vivos. Isoimunização Rh (grupo imune - GI) foi diagnosticada em 13 casos (16,2%), restando portanto 67 casos (83,8%) considerados como devidos a causas não imunes (grupo não imune - GNI). As causas mais comuns de hidropisia fetal não imune são: idiopáticas (40,2%), genéticas (20,8%), infecciosas (20,7%) e cardiopatia fetal (7,4%). Foi encontrada diferença em relação à
idade materna do grupo imune (média = 32,8 anos) quando comparada com o grupo não imune (média=28,7) (p=0,03), porém a idade gestacional ao nascimento foi similar em ambos os grupo, (média de 33,6 semanas no grupo imune e de 33,1 semanas no grupo não imune (p=0,66). Amniocentese e transfusão sanguínea in utero foram realizadas com maior freqüência no grupo imune (p<0,001) e a letalidade perinatal encontrada foi de 53,8% no grupo imune e 68,6% no grupo não imune (p=0,47). A pesquisa complementar de anticorpos IgG anti-parvovírus B19 foi realizada em 41 dos 67 casos de hidropisia fetal não imune e somente 16 apresentaram resultado positivo. Conclusão: a etiologia não imune foi a forma mais comum de apresentação de hidropisia fetal em nossa casuística. A letalidade perinatal desta entidade continua elevada e uma proporção significativa de casos não teve causa identificada. A utilização da análise do cariótipo fetal e do diagnóstico específico para parvovírus B19 pode aumentar a identificação causal de hidropisia fetal não imune classificada como idiopática. Purpose: to describe etiology, evolution and prevalence of hydrops fetalis in a cohort of pregnant women during a period of ten years (1992 to 2002) in a tertiary maternity. Methods: a retrospective study was carried out in patients referred to the maternity of the Fernandes Figueira Institute, with diagnosis of hydrops fetalis, detected by ultrasonography, during the period from 1992 to 2002. The cases were selected according to etiology (immune or nonimmune) and evolution, performed invasive procedures and
survival were compared between both groups. Analysis of variables was performed by Epi-Info 6.0 and a p value less than 0.05 was considered to be statistical significant. Results: in ten years of follow-up, 80 patients with an initial diagnosis of hydrops were attended. The frequency of hydrops in this population was 1 in 157 live births. Rh immunization (immune group) was detected in 13 cases (16.2%), and for 67 cases (83.8%) nonimmune causes (nonimmune group) were considered. Major causes of nonimmune
hydrops fetalis were idiopathic (40.2%), genetic (20.8%), infectious diseases (20.7%), and cardiopathy (7.4%). A difference was found in relation to maternal age in the immune group (mean = 32.8 years) when compared with the nonimmune group (mean = 28.7 years) (p=0.03), but gestational age at delivery was similar in both groups (mean = 33.6 weeks in the immune group and 33.1 weeks in the nonimmune group) (p=0.66). Amniocentesis and blood transfusion in utero were carried out more frequently in the immune group (p<0.001) and perinatal mortality was 53.8% in the immune group and 68.6% in the nonimmune group (p=0.47). Complementary research of IgG anti-parvovirus B19 antibodies was carried out in 41 of 67 cases of nonimmune hydrops, with 16 being positive for
the presence of anti-B19 IgG antibodies. Conclusion: nonimmune etiology was the most common form of presentation of hydrops fetalis in our study. Perinatal mortality of this entity is still high and a substantial number of cases had no identified cause. Characterization of fetal karyotype and performance of specific parvovirus B19 serology could increase causal identification of nonimmune hydrops classified as idiopathic.