Papers presented at events
A vulnerabilidade dos usuários de crack no Estado de Pernambuco: um estudo sobre cultura de uso
Registro en:
ALMEIDA, Renata Barreto Fernandes de et al. A vulnerabilidade dos usuários de crack no Estado de Pernambuco: um estudo sobre cultura de uso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS EM SAÚDE, 8., 2019, João Pessoa. Anais... João Pessoa: ABRASCO, 2019. 2 p.
978-85-85740-10-8
Autor
Almeida, Renata Barreto Fernandes de
Santos, Naíde Teodósio Valois
Silva, Keila Silene de Brito e
Brito, Ana Maria de
Nappo, Solange Aparecida
Resumen
O consumo do crack no Brasil é um fenômeno de rápida expansão, principalmente entre a população de maior vulnerabilidade social. Estudiosos apontam para o aumento do uso da droga como um sintoma de dinâmicas sociais mais profundas de alienação, racismo e marginalização social. Compreender a cultura de uso do crack é fundamental para o desenvolvimento de ações efetivas no cuidado aos usuários. Considerando a relação entre vulnerabilidade e uso prejudicial de drogas, este estudo objetivou compreender a cultura de uso do crack no estado de Pernambuco, tendo como recorte central a marginalização social. O estudo foi desenvolvido por meio de uma abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 39 pessoas (homens, mulheres e travestis), maiores de 18 anos, que faziam uso de crack regularmente e eram atendidas pelo Programa Atitude, o qual compõe a Política Estadual de Assistência Social e objetiva responder à situação de vulnerabilidade social de usuários de drogas e seus familiares, sendo referência no cuidado aos usuários de crack e outras drogas em Pernambuco. Os dados foram analisados com base na técnica de análise de conteúdo de Bardin, sendo utilizado o software NVivo 10.0. Os resultados foram distribuídos em quatro eixos temáticos: 1. Formas de uso: há uma preferência pelo uso solitário da pedra. 2. Ambientes de uso: são escolhidos espaços escondidos ou privados onde não possam ser vistos. O ambiente de uso é descrito como insalubre e conflituoso. 3. Regras de convivência: foram mencionadas regras de convivência que são importantes para minimizar situações conflituosas. Não honrar dívidas com o traficante, roubar ou usar o crack nos arredores do ambiente de compra, resulta em punições. 4. Estigma do usuário: a internalização do estigma é identificada nos relatos que trazem nas suas falas a concepção de que usuário de crack não é digno de viver em sociedade. Os achados deste estudo são importantes para que políticas públicas locais sejam pensadas e organizadas de maneira condizente com a realidade vivida por essas pessoas. As experiências destes usuários podem produzir ressonância para profissionais que atuam nessa área, no sentido de garantir a estes um cuidado adequado para suas demandas.