Thesis
Aids em movimento: jovens ativistas na luta contra a Aids no Brasil em tempos de biomedicalização
Aids on the move: Young activists in the fight against Aids in Brazil in times of biomedicalization
Registro en:
MACÊDO, Maria Rita de Cássia. Aids em movimento: jovens ativistas na luta contra a Aids no Brasil em tempos de biomedicalização. 2021. 212 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2021.
Autor
Macêdo, Maria Rita de Cássia
Resumen
Esta Tese objetiva produzir uma reflexão sobre o ativismo juvenil nas respostas à Aids em anos recentes. Trata-se de um estudo de cunho socioantropológico que analisa a trajetória de 14 jovens de todas as regiões do país, que concluíram a formação de lideranças juvenis em HIV/Aids, entre 2015 e 2016, que foi promovida nesse período pelo extinto Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST/HIV/Aids e Hepatites Virais (DIAHV) em parceria com Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS). O estudo contextualiza o ambiente de eclosão da epidemia nos anos 1980 e o surgimento do movimento de luta contra a Aids, realçando os ciclos de mobilização e uma segunda onda de movimento social, geracional e identitário através da mobilização de jovens que vivem com HIV/Aids. Demonstra que o uso de repertórios híbridos, mesclando o legado da luta com meios e linguagens de ações coletivas em ambiente digital na Internet resulta em novas estruturas de mobilização na contemporaneidade. Na perspectiva dos jovens entrevistados, a formação de lideranças juvenis em HIV/Aids, caracterizada pelo multipertencimento identitário, ampliou o campo de possibilidades em suas trajetórias profissionais, escolares e ativistas. A falta de continuidade de investimentos nessa direção, capazes de dar sustentabilidade e ampliar o diálogo entre jovens de populações vulneráveis, limita suas ações e o alcance às tecnologias de prevenção históricas e novas, como as profilaxias pré e pós exposição ao HIV e o tratamento como prevenção. Segundo os jovens essas estratégias contribuem para o autocuidado, desde que articuladas aos debates interseccionais e ao enfrentamento do estigma contra as PVHA e as populações LGBTI+. Os achados do estudo sugerem que a iniciativa da formação de lideranças em HIV/Aids, de âmbito nacional, envolvendo jovens militantes vivendo com HIV e de outras pautas interseccionais à epidemia, inspira uma inflexão importante ao fomentar o ativismo juvenil a partir das conexões entre direitos humanos e saúde. A análise do conteúdo, da abordagem metodológica e de seus efeitos no ativismo juvenil ganha um relevante significado frente à atual hegemonia das respostas biomédicas à epidemia, às ameaças aos direitos humanos e à precarização do Sistema Único de Saúde. Tais fatores têm impactado na re-emergência da epidemia em segmentos mais jovens e vulneráveis da população. This thesis aims to produce a reflection on Youth activism in the reponse to AIDS in recent years. This is a socioantropological study that analyzes the trajectory of 14 young people, from all regions of the country, who completed the training of young leaders in HIV/AIDS, between 2015 and 2016, then promoted by the Department of Prevention and Control of STI/HIV/AIDS and Viral Hepatitis (DIAHV) in paternship with the United Nations Program on HIVAIDS (UNAIDS). The study contextualizes the outbreak of the epidemic in the 1980’s and the emergence of the movement to fight AIDS, highlighting the cycles of mobilization and a second wave of social, generattional and identity movements through the mobilization of young people living with HIV/AIDS. It’s demonstrates that the use of hybrid repertories, mixing the legacy with means and languages of collective actions in a digital environment of Internet, creates new structures for mobilization in contemporary times. From the perspective of the young people interwied, the formation of the Youth leaders in HIV/AIDS, characterized by multi-belonging identity, expanded the field of possibilities in their professional, school and activist trajectories.The lack of continuity of investments in this direction, capable of providing sustainability and expanding the dialogue between young people from vulnerable populations, limits their actions for access to historic and new prevention technologies, such as pre and post HIV exposure prophylaxis and treatment as prevention (TasP). According to young people, these strategies contribute to sef-care, as long as, they are articulated with intersectional debates and the confrontation of stigma against PLWHA and LGBTI+ populations. The study’s findings suggest that the initiative to train leaders in HIV/AIDS nationwide, involving young activists living with HIV and other intersectional agendas to the epidemic, inspires an important inflection in fostering youth activism based on the connections between human rights and health.The analysis of the content, the methodological approach and its effects on youth activism gains a relevant meaning given the current hegemony of biomedical responses to the epidemic, the threats to human rights and the precariousness of the Unified Health System. Such factors have impacted on the re- emergence of the epidemic in younger and more vulnerable segments of the population.