Dissertation
Avaliação do impacto da Administração Massiva de Medicamentos contra a filaríase linfática, em Murrupula, Província de Nampula
Registro en:
SITOE, Henis Mior. Avaliação do impacto da Administração Massiva de Medicamentos contra a filaríase linfática, em Murrupula, Província de Nampula. 2017. 55 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical)-Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Maputo, 2017.
Autor
Sitoe, Henis Mior
Resumen
A filaríase linfática é um problema de saúde pública que atinge cerca de 73 países em todo mundo, sendo que destes, 35 estão no continente africano. É uma infecção parasitária causada por helmintos da classe Nematoda das espécies Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori, cuja transmissão ocorre pela picada de mosquito. Segundo a OMS, Moçambique faz parte dos países com altas taxas de prevalência da região africana, portanto, cerca de 75% da população está em risco de contrair a infecção. Foi nesta perspectiva que o Ministério da Saúde implementou a estratégia de administração massiva de medicamentos contra a filaríase linfática quatro anos depois do mapeamento da doença (2009) para garantir que os níveis da transmissão da infecção não seja mais sustentável e implantar um sistema de vigilância adequado para verificar uma possível recrudescência. Foi realizado um estudo ecológico que avaliou o impacto da AMM na província de Nampula, entre o inquérito de base e seis meses depois da primeira dose de IVM+ALB. As amostras de sangue colhidas foram testadas por microscopia e ELISA Og4C3 e posteriormente, os resultados obtidos foram comparados com os do inquérito de base. No inquérito pós AMM, foram seleccionados 313 participantes no mesmo local da realização do inquérito de base. O intervalo de confiança foi 95% e nível de significância se valores de p<0,05. A prevalência de microfilarémia de W.bancrofti no inquérito de base foi de 12,4%, contra 10% no inquérito pós AMM A densidade mediana de microfilarémia antes de tratamento foi de 129,17 Mf/ml, contra 66,67 Mf/ml do outro período em comparação. Todavia, a diferença verificada não foi estatisticamente significativa (p>0,05). No que concerne à prevalência de antigenemia por ELISA-Og4C3, no inquérito de base foi de 18,1% e 14,3%, seis meses depois da AMM. A diferença verificada não foi estatisticamente significativa (p>0,05). A prevalência de portadores de antígenos filariais circulantes, tanto no inquérito de base, assim como no inquérito pós AMM foi superior que a prevalência de portadores de microfilárias. Estes resultados mostraram que na 1ª ronda de AMM com recurso à IVM+ALB, não houve redução dos níveis de microfilárias e de antígenos de W. bancrofti, sugerindo, deste modo, que a estratégia continue assegurando-se que em regiões de altas prevalências como Murrupula, a avaliação intermédia opcional após a terceira ronda, seja um imperativo para analisar a tendência da microfilarémia e antigenemia durante o progresso do programa para garantir a eliminação da doença até ao ano 2020. Lymphatic filariasis is a public health problem that affects about 73 countries worldwide, of which 35 are in Africa It is a parasitic infection caused by helminths of the Nematoda class of the species Wuchereria bancrofti, Brugia malayi and Brugia timori, whose transmission occurs by mosquito bite. According to the WHO, Mozambique is one of the countries with high prevalence rates in the African region, therefore, about 75% of the population is at risk of contracting the infection. It was in this perspective that the Ministry of Health implemented the strategy of massive administration of drugs against lymphatic filariasis four years after the disease mapping (2009) to ensure that the levels of infection transmission are no longer sustainable and implement an adequate surveillance system to check for possible recrudescence. An ecological study was carried out to evaluate the impact of AMM in Nampula province between baseline and six months after the first dose of IVM + ALB. The blood samples collected were tested by microscopy and Og4C3 ELISA and subsequently, the results obtained were compared with those from the baseline survey. In the post AMM survey, 313 participants were selected on the same site as the baseline survey The confidence interval was 95% and level of significance were values of p <0.05. The prevalence of W.bancrofti microfilaremia in the baseline survey was 12.4%, compared to 10% in the post AMM survey. The median pre-treatment microfilaremia density was 129.17 Mf / ml, versus 66.67 Mf / ml for the other period compared. However, the difference found was not statistically significant (p> 0.05). Concerning the prevalence of antigenemia by Og4C3 ELISA, in the baseline survey it was 18.1% and 14.3%, six months after AMM. The difference found was not statistically significant (p> 0.05). The prevalence of carriers of circulating filarial antigens in both the baseline and post-AMM surveys was higher than the prevalence of microfilaria carriers. These results showed that in the first round of AMM with IVM + ALB, there was no reduction in the levels of microfilariae and W. bancrofti antigens, thus suggesting that the strategy continues to ensure that in regions with high prevalence as Murrupula, the optional interim evaluation after the third round, is an imperative to analyze the trend of microfilaremia and antigenemia during the progress of the program to ensure the elimination of the disease by the year 2020.