Os mosquitos incluídos no gênero Sabethes Robineau-Desvoidy possuem hábito diurno e silvestre. Ocorrem exclusivamente na América Central e na América do Sul, onde estão envolvidos no ciclo silvestre da febre amarela. No Brasil, diferentes espécies já foram encontradas naturalmente infectadas com o vírus amarílico, além de outros arbovírus, entretanto, pouco se sabe sobre a biologia e a competência vetorial das espécies envolvidas. Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo avaliar aspectos bionômicos, de Sabethes identicus Dyar & Knab tais como, tempo de desenvolvimento, atração para oviposição, produtividade de ovos, canibalismo e longevidade, em condições de laboratório visando à implantação de uma colônia. A espécie estudada foi proveniente da Reserva Biológica do Tinguá. Foram realizadas coletas de adulto e formas imaturas. Os imaturos foram criados até a obtenção de adulto e as fêmeas foram postas a desovar em tubos umedecidos. As larvas provenientes das desovas foram criadas até a obtenção dos adultos, que foram transferidos para uma gaiola e mantidos com solução de mel e oferta de sangue em dias alternados. Uma vez estabelecida a colônia de Sa identicus, pupas com um dia de vida foram separadas em quatro gaiolas para acompanhamento diário de seu desenvolvimento. Quando adultos, fêmeas e machos foram contados e transferidos para gaiolas secundárias, as quais continham três internódios de bambu para oviposição. Bambus com diferentes espessuras e nº de furos e diferentes conteúdos líquidos, de mesmo volume, entre água ambientada, água de criação e água com levedo foram postos nas quatro gaiolas para avaliar a preferência por tipo de criadouro. Ovos foram retirados dos bambus em dias alternados e contados ao longo da vida da fêmea. Foi analisada a taxa de eclosão dos ovos ao longo dos dias por contagem e separação diária das larvas Larvas eclodidas foram separadas no 1º dia de vida e criadas em diferentes densidades, 30, 60 e 90 larvas por bacia, colocadas em situação de presença e abrigo da luz, a fim de se avaliar o canibalismo e o tempo de desenvolvimento. Os resultados mostraram que os ovos completaram seu desenvolvimento em cerca de 3 dias com 79% de eclosão, enquanto as larvas levaram cerca de 18 dias e as pupas 9 dias em sua maioria. As fêmeas adultas foram mais longevas que os machos chegando a viver por 71 dias e colocaram em média 88 ovos ao longo da vida. Os números de ovos obtidos nos três diferentes conteúdos líquidos dos bambus foram muito heterogêneos não mostrando exata relação com o conteúdo. O percentual de larvas predadas nas bacias mantidas no claro e com 30, 60 e 90 larvas e, foi respectivamente, 13,33%; 15,00% e 7,77% enquanto que nas bacias mantidas no escuro houve uma inversão, esses valores foram respectivamente 6,00%; 9,16% e 14,44%. Em conclusão, o ciclo de vida de Sa. identicus se completa em aproximadamente 30 dias; os ovos eclodem em 2 a 4 dias, as larvas se desenvolvem entre 17 a 19 dias e as pupas entre 8 a 9 dias, sendo semelhante entre machos e fêmeas; o pico de avidez por sangue ocorre já na primeira semana de vida e a fêmea pode colocar em média 88 ovos ao longo de sua vida, 79% deles viáveis. As fêmeas de Sa. identicus são mais longevas que os machos podendo chegar a 71 dias de vida. O conteúdo líquido do bambu parece não influenciar na sua escolha para oviposição, talvez a característica do bambu (número de furos e diâmetro) seja um fator mais importante; o canibalismo parece sofrer mais influência pela combinação dos fatores densidade e luminosidade do que por estes isoladamente.