Dissertation
A transmissão do Vírus Linfotrópico Humano de Células T (HTLV) em conglomerados familiares: uma análise clínica, epidemiológica e caracterização molecular.
Registro en:
CUNHA, Rodrigo Guimarães. A transmissão do Vírus Linfotrópico Humano de Células T (HTLV) em conglomerados familiares: uma análise clínica, epidemiológica e caracterização molecular. Rio de Janeiro, 2011 100 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical)- Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, 2011.
Autor
Cunha, Rodrigo Guimarães
Resumen
O HTLV tem distribuição mundial, é endêmico em várias regiões como Japão, Melanésia, África Central, Caribe e América do Sul. No Brasil a infecção pelo vírus tem sido descrita com frequência cada vez maior em vários estados. A transmissão ocorre através da relação sexual sem uso de preservativo, da mãe para o filho principalmente pelo aleitamento, por
transfusão de sangue e por compartilhamento de seringa/agulhas em usuários de drogas ilícitas endovenosas. Com o objetivo de avaliar a transmissão do vírus HTLV em conglomerados familiares foram selecionados pacientes HTLV positivos atendidos no ambulatório de doenças infecciosas do Hospital Universitário Pedro Ernesto (casos índices) e as pessoas de seus núcleos familiares (contactantes). Os contactantes foram agrupados em famílias conforme seu caso índice. Características do perfil epidemiológico desta população, possíveis fatores de risco para infecção e complicações da doença foram avaliadas. Através da coleta de sangue dos contactantes foram realizados, teste de triagem (ELISA) seguido do teste de Western Blot para todos os positivos. Os contactantes positivos e os casos índices tiveram suas amostras de sangue submetidas ao teste da PCR com amplificação da região LTR do DNA pró-viral seguido do sequenciamento dos produtos da PCR (Amplicons). As sequências obtidas foram analisadas e comparadas para sua similaridade. Foram analisadas 22 famílias num total de 62 pessoas sendo 22 pessoas casos índices e 40 contactantes. Testes sorológicos mostraram prevalência de 40% (16/40) nos contactantes o que representa um risco de mais de 80 vezes em relação à população de doadores de sangue. Em 59% (13/22) das famílias foram encontrados contactantes positivos. Das 13 famílias em 11 foi possível realizar a comparação da sequência da região LTR que mostrou semelhança das cepas circulantes nestas famílias. Pela análise dos dados epidemiológicos e a análise filogenética encontramos 54%
(6/11) de transmissão entre parceiros e 37,5% (9/24) de transmissão vertical. Entre os positivos houve predomínio do sexo feminino 71,1% (27/38) que também apresentou maior frequência de manifestações clínicas. Entre os parceiros foi encontrada forte evidência de maior transmissão do vírus do homem para a mulher. A presença de outras doenças sexualmente transmissíveis (hepatite B e C) foi encontrada em 26, 3% para hepatite B e 7,9% para hepatite C nos pacientes HTLV positivos mostrando uma provável via de transmissão comum. A ausência de uso de preservativo foi à forma de exposição sexual mais prevalente. The Human T Lymphotropic Virus (HTLV) is spread worldwide. It’s considered endemic in many regions, such as Japan, Melanesia, Central Africa, the Caribbean and South America. In Brazil, the rate of infection by this virus is increasing in many states. The transmission occurs, mainly, by non-protected sexual intercourse, breastfeeding, blood transfusion and needlesharing people who share needles while using intravenous illicit drugs. With the aim of evaluating the transmission of this virus among family clusters, HTLV positive patients treated at the infectious diseases’ ambulatory of the Pedro Ernesto’s university hospital (first cases) and their families (contact group) were selected. The members of the contact group were divided in families, according to their first case’s patient. We evaluated the epidemiological aspects of this population, possible risk factors related to infection and other complications linked to this disease. The contact group was screened by submitting their blood samples to ELISA test. Those with a positive result to HTLV by ELISA were submitted
to Western Blot method. After that, the members of the contact group and their respective first cases (both tested positively to HTLV) had their blood samples submitted to PCR, in which the region LTR of pro-viral DNA was amplified, followed by products of PCR sequencing (Amplicons). The obtained sequences were analyzed and compared to its similarity. Twentytwo families were screened totalizing 62 people, in which 22 were first case patients, and 40 of the contact group. Serological tests showed a prevalence of 40% (16/40) among the contact group, which means an eighty times higher risk, in comparison with blood donors’ population.
In 59% of the families (13/22) members of the contact group that were infected. In eleven of the thirteen families the comparison of the LTR region sequence showed some sort of similarity between the circulating strains in such families. By analysis of epidemiologic and the phylogenetic data a transmission rate of 54% (6/11) between sexual partners was found, and 37.5% of vertical transmission. Patients of female sex 71.1% (27/38) were predominant among all the infected patients and were more likely to demonstrate clinical signs of the disease. Among sexual partners there was a clear evidence that the transmission of the virus occurs from men to women. The presence of other sexually transmitted diseases (hepatitis B and C) was found in high frequency among HTLV positive patients 26,3% for hepatitis B and 7,9% for hepatitis C, showing that it is probable that they are transmitted by the same means. Lack of use of preservatives was the most frequent way of sexual exposure.