Dissertation
Agrocombustíveis, justiça ambiental e saúde: o caso da segurança alimentar em Goiás
Biofuels, environmental health and justice: the case of food security in Goiás
Registro en:
FERREIRA, Hugo de Carvalho. Agrocombustíveis, justiça ambiental e saúde: o caso da segurança alimentar em Goiás. 2013. 103 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública e Meio Ambiente) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2013.
Autor
Ferreira, Hugo de Carvalho
Resumen
Diante das crises energética e ambiental, vem-se impulsionando a produção
de agrocombustíveis no mundo, sendo estes uma suposta solução por ser uma energia
renovável, limpa e menos emissora de gases de efeito estufa. Nesse panorama, o Brasil
desempenha um papel central devido à disponibilidade de terras agricultáveis e clima
favorável. No entanto, uma série de controvérsias vem ganhando força por conta dos
impactos ambientais, sociais e à saúde, sendo um dos pontos mais críticos a questão da
competição por alimentos – a qual o Plano Nacional de Agroenergia (PNA) defende que
não haverá impactos. Dito isso, o presente trabalho tem como objetivo investigar em
que medida a expansão dos agrocombustíveis pode estar impactando a produção de
alimentos e contribuindo negativamente para a segurança alimentar. No primeiro
capítulo, faz-se uma revisão dos principais impactos ambientais e à saúde, com foco na
cultura da cana-de-açúcar. Em seguida, apresenta-se as distintas correntes
ambientalistas e seus posicionamentos diante dos agrocombustíveis, buscando uma
aproximação entre a justiça ambiental e o campo da saúde. Por fim, faz-se um estudo de
caso no estado de Goiás, visando uma compreensão dos possíveis impactos sobre a
produção de alimentos em razão da expansão recente de cana-de-açúcar neste estado.
Conclui-se que, no estado de Goiás, a expansão da cana-de-açúcar vem sendo
responsável por: 1) substituição de áreas cultivadas, sobretudo o arroz; 2) transformação
dos modos de produção familiar ou camponesa em modos mais intensivos em
tecnologia, criando riscos ambientais e à saúde. Em suma, vê-se acontecer a expansão
de um modelo de agricultura voltada para a produção de combustíveis e mais
dependente de insumos e tecnologias, na contra-mão de uma agricultura local e voltada
para o abastecimento, reforçando umalógica onde os recursos ambientais são
canalizados para a satisfação do mercado, em detrimento dasdemandas da população
como um todo. The energy and environmental crises are driving the production of biofuels in
the world, which are a supposed to be a solution for renewable energy, clean and
emitting less greenhouse gases. In this scenario, Brazil plays a central role due to the
availability of arable land and favorable climate. However, a series of controversies has
been gaining strength on account of environmental, social and health, being one of the
most critical the issue of competition for food - which the National Agroenergy Plan
(NAP) says that there will be no impacts. That said, this study aims to investigate in
what extent the expansion of agrofuels may be impacting food production and
contributing negatively to food security. The first chapter is a review of key
environmental impacts and health, focusing on the culture of sugar cane. Then, we
present the different currents environmentalists and their positions on agrofuels, seeking
a rapprochement between environmental justice and health. Finally, it is a case study in
the state of Goiás, seeking an understanding of the potential impacts on food production
due to the recent expansion of cane sugar in this state. We conclude that, in the state of
Goiás, the expansion of sugar cane has been responsiblefor: 1) replacing farmland,
mainly rice; 2) transformation of modes of production or peasant family in ways more
technology-intensive, creating environmental and health risks. In short, it is taking place
an expansion of an agricultural model focused on the production of fuels and more
dependent on goods and technology, against the tide of a local agriculture and focused
on the supply, reinforcing a logic where environmental resources are channeled to
satisfy the market forces instead of the population demands as a whole.