Periodical
RADIS: Comunicação e Saúde, número 164, maio
Registro en:
RADIS: Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP, n. 164, maio 2016. 36 p. Mensal.
Autor
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
Resumen
Quem são o “todos” a que se destina o Sistema Único de Saúde? O sentido da universalidade deste sistema implica cuidar da saúde de toda a população, independente de idade, sexo, emprego, renda. A este princípio, soma-se o da equidade, que aprofunda o conceito de igualdade para que grupos e indivíduos diferentes recebam tratamentos diferentes, para que cada pessoa receba cuidados de acordo com as suas necessidades.
Está previsto que o SUS dê atenção integral à saúde, o que significa enxergar a pessoa como um todo e incluir no cuidado um olhar para o contexto, as condições e histórias de vida, a construção das identidades das coletividades e de cada um. A saúde é um direito social que evoca todos os direitos humanos.
Em duas reportagens, questões diversas de saúde pública revelam quando o foco nas singularidades é o que deve orientar o cuidado. Asseguramos espaço e destaque à voz de quem vivencia cada experiência.
As histórias de vida de seis mulheres e um homem entrevistados pelo subeditor Bruno Dominguez, que transitaram para o gênero com o qual se identificaram desde a infância e que buscam hoje uma vida sem discriminação e com saúde, nos permitem refletir e aprender sobre a diversidade humana e o quanto a sociedade e o sistema de saúde podem evoluir na dimensão do respeito e do acolhimento. A uma mãe carinhosa, mas com dificuldade de usar o novo nome, a filha diz: “me chama de amor, porque amor não tem gênero”.
Tomando como ponto de partida a publicação de um livro de contos escritos por 10 pessoas em tratamento em hospital público e outro com relatos, fotos e bordados produzidos por 12 autores dispostos a traduzir e compartilhar suas vivências de transtorno do pânico, a repórter Ana Claudia Peres mergulhou na busca de compreensão do drama e dos caminhos de superação desta sensação episódica de medo intenso, o medo do medo, que afeta cada vez mais gente no mundo de hoje. Uma das autoras defendeu a ruptura do silêncio em torno deste transtorno de ansiedade grave: “é preciso falar sobre isso; quanto mais a gente sentir vergonha das nossas fragilidades e enxergá-las como um defeito, mais difícil é superar”.
Trazemos mais informações sobre a gripe H1N1, complicações neurológicas associadas ao vírus zika e análises e debates sobre jornalismo, saúde, ciência e política, num ambiente de incertezas de toda ordem.
Enquanto se avalia os impactos à saúde e aos direitos do processo de impeachment em curso, vale um comentário. Depois da vergonhosa aula de patrimonialismo na política brasileira, em que deputados decidiram o destino da democracia e de uma república de 200 milhões de cidadãos com base nos interesses de suas próprias famílias, não é possível acrescentar palavra que os ofenda mais do que eles próprios ofenderam a si mesmos.
Leitores de todos os gêneros, cores, classes, religiões e ideologias, bem-vindos à revista Radis!