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A cor da dor: iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil
The color of pain: racial iniquities in prenatal care and childbirth in Brazil;
El color del dolor: inequidades raciales en la atención pre-natal y partos en Brasil
Registro en:
LEAL, Maria do Carmo et al. A cor da dor: iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil. Cadernos de Saúde pública, v. 33, n. 13, p. 1-17, 2017.
0102-311X
10.1590/0102-311X00078816
1678-4464
Autor
Leal, Maria do Carmo
Gama, Silvana Granado Nogueira da
Pereira, Ana Paula Esteves
Pacheco, Vanessa Eufrauzino
Carmo, Cleber Nascimento do
Santos, Ricardo Ventura
Resumen
Poucas pesquisas com foco nas influências da raça/cor no tocante à experiência
de gestação e parto foram conduzidas no Brasil, sendo inédita a análise de
abrangência nacional. Este estudo teve como objetivo avaliar as iniquidades
na atenção pré-natal e parto de acordo com a raça/cor utilizando o método
de pareamento baseado nos escores de propensão. Os dados são oriundos da
pesquisa Nascer no Brasil: Pesquisa Nacional sobre Parto e Nascimento, um
estudo de base populacional de abrangência nacional com entrevista e avaliação
de prontuários de 23.894 mulheres em 2011/2012. Regressões logísticas
simples foram utilizadas para estimar as razões de chance (OR) e respectivos
intervalos de 95% de confiança (IC95%) da raça/cor associada aos desfechos
analisados. Em comparação às brancas, puérperas de cor preta possuíram
maior risco de terem um pré-natal inadequado (OR = 1,6; IC95%: 1,4-1,9),
falta de vinculação à maternidade (OR = 1,2; IC95%: 1,1-1,4), ausência de
acompanhante (OR = 1,7; IC95%: 1,4-2,0), peregrinação para o parto (OR
= 1,3; IC95%: 1,2-1,5) e menos anestesia local para episiotomia (OR = 1,5
(IC95%: 1,1-2,1). Puérperas de cor parda também tiveram maior risco de
terem um pré-natal inadequado (OR = 1,2; IC95%: 1,1-1,4) e ausência de
acompanhante (OR = 1,4; IC95%: 1,3-1,6) quando comparadas às brancas.
Foram identificadas disparidades raciais no processo de atenção à gestação e
ao parto evidenciando um gradiente de pior para melhor cuidado entre mulheres
pretas, pardas e brancas Few studies on the influence of race/color on pregnancy
and birthcare experiences have been carried
out in Brazil. Additionally, none of the existing
studies are of national scope. This study sought
to evaluate inequities in prenatal and childbirth
care according to race/color using propensity
score matching. The data comes from the study
Birth in Brazil: National Survey into Labor and
Birth, a national population study comprised of
interviews and revisions of medical records that
included 23,894 women in 2011/2012. We used
logistic regressions to estimate odds ratios (OR)
and respective 95% confidence intervals (95%CI)
of race/color associated with the outcomes were
analyzed. When compared with white-skinned
women, black-skinned women were more likely to
have inadequate prenatal care (OR = 1.6; 95%CI:
1.4-1.9), to not be linked to a maternity hospital
for childbirth (OR = 1.2 95%CI: 1.1-1.4), to be
without a companion (OR = 1.7; 95%CI: 1.4-
2.0), to seek more than one hospital for childbirth
(OR =1.3; 95%CI: 1.2-1.5), and less likely to receive
local anesthesia for an episiotomy (OR =
1.5; 95%CI: 1.1-2.1). Brown-skinned women were
also more likely to have inadequate prenatal care
(OR = 1.2; 95%CI: 1.1-1.4) and to lack a companion
(OR = 1.4; 95%CI: 1.3-1.6) when compared
with white-skinned women. We identified racial
disparities in care during pregnancy and childbirth,
which displayed a gradient going from worst
to best care provided to black, brown and whiteskinned
women. Existen pocas investigaciones realizadas en
Brasil centradas en las influencias de la raza/
color, en lo que se refiere a la experiencia de la
gestación y parto, siendo inédito un análisis de
alcance nacional. Este estudio tuvo como objetivo
evaluar las inequidades en la atención pre-natal
y parto, de acuerdo a la raza/color, utilizando el
método de apareamiento, basado en los marcadores
de propensión. Los datos provienen de la
investigación Nacer en Brasil: Investigación
Nacional sobre Parto y Nacimiento, un estudio
de base poblacional de alcance nacional con
entrevista y evaluación de historiales médicos
de 23.894 mujeres en 2011/2012. Se utilizaron
regresiones logísticas simples para estimar las
razones de oportunidad (OR) y sus respectivos
intervalos de un 95% de confianza (IC95%) de la
raza/color asociados a los desenlaces analizados.
En comparación a las blancas, las puérperas de
color negro tuvieron un mayor riesgo de tener un
período pre-natal inadecuado (OR = 1,6; IC95%:
1,4-1,9), falta de vinculación a la maternidad
(OR = 1,2; IC95%: 1,1-1,4), ausencia de acompañante
(OR = 1,7; IC95%: 1,4-2,0), grandes desplazamientos
para el parto (OR = 1,3; IC95%:
1,2-1,5) y menos anestesia local para episiotomía
(OR = 1,5; IC95%: 1,1-2,1). Las puérperas
mulatas también tuvieron un mayor riesgo de
tener un período pre-natal inadecuado (OR =
1,2; IC95%: 1,1-1,4) y ausencia de acompañante
(OR = 1,4; IC95%: 1,3-1,6), cuando se comparan
con las blancas. Fueron identificadas disparidades
raciales en el proceso de atención a la gestación y
al parto, evidenciando un gradiente de peor para
mejor cuidado entre mujeres negras, mulatas y
blancas.
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