A hanseníase é endêmica no Brasil. As campanhas de divulgação de programas de controle desse agravo priorizam a produção e distribuição de cartazes, folhetos e cartilhas. Esta tese objetiva 1) coletar os materiais educativos sobre hanseníase, produzidos no Brasil (1975- 2008), organizá-los e classificá-los quanto aos temas, formatos, público e as relações entre produtor-destinatário; 2) analisar a recepção de materiais educativos por profissionais de saúde e portadores da hanseníase, no âmbito de serviços de saúde no Rio de Janeiro. O estudo justifica-se pela carência de pesquisas que investiguem o processo de produção- circulação-consumo de materiais educativos impressos sobre hanseníase. Os procedimentos metodológicos do estudo envolveram análise documental; observação participante de atividades nos serviços de saúde; entrevistas e grupo de discussão com profissionais de saúde e pacientes de hanseníase. No processamento dos dados, foi adotada a análise temática e o referencial teórico-metodológico da semiologia dos discursos sociais. Os resultados do trabalho indicam que, nos processos comunicativos, caracterizados por campanhas de divulgação, produção de materiais educativos e atendimentos assistenciais, predomina a abordagem vertical, a divulgação de saberes e práticas médicas e sanitárias e a homogeneização dos públicos e conteúdos. Na análise da recepção dos materiais educativos, tanto os profissionais de saúde quanto os portadores de hanseníase focalizaram as implicações da gravidade da doença (ex. neurite, incapacidade física) e das dimensões sócio-culturais da hanseníase (preconceito) para a vida cotidiana. Todavia, constatou-se que tais temáticas são pouco priorizadas nas campanhas e nos recursos educativos. Foi identificada uma lacuna entre a institucionalização do discurso da hanseníase, como alternativa à terminologia da lepra, e a sua circulação e o seu consumo entre os diferentes atores sociais. Recomenda-se que o desenvolvimento e avaliação de ações e recursos educativos sejam realizados com a participação dos pacientes e dos profissionais de saúde no contexto dos serviços. Essa estratégia pode favorecer a criação de espaços dialógicos essenciais à subjetividade e à adesão ao tratamento. A tese resultou no desenvolvimento de um acervo eletrônico com 276 materiais educativos, contendo a análise descritiva e temática, que estará disponível on line para o público em geral.The Hansen's disease is endemic in Brazil. The campaigns of publicizing of programs to control this disease prioritize the production and distribution of posters, leaflets and manuals. This thesis aims: 1) to collect the educative materials on the Hansen's disease, produced in Brazil (1975-2008), to organize them and to classify them as for the subjects, formats, public and the relations between producer-addressee; 2) to analyse the reception of educative materials for professionals of health and bearers of the Hansen's disease, in the context of services of health in Rio de Janeiro. The study is justified by the lack of researches that investigate the process of production- circulation-consumption of printed educative materials about the Hansen's disease. The methodological proceedings of the study involved: documentary analysis; participative observation of activities in the services of health; interviews and group of discussion with professionals of health and bearers of the Hansen's disease. In the processing of the data there was adopted the thematic analysis and the theoretical and methodological framework of the semiology of the social speeches. The results of the work indicate that in the communicative processes characterized by campaigns of publicizing, production of educative materials and social attendances, predominate the vertical approach, the publicizing of medical and sanitary knowledge and practices and the homogenizing of the publics and contents. In the analysis of the reception of the educative materials, the professionals of health as well as the bearers of the Hansen's disease focused the implications of the gravity of the disease (ex. neuritis, physical handicap) and of the social and cultural dimensions of the Hansen's disease (prejudice) for the daily life. However, it was noted that such themes are little prioritized in the campaigns and in the educative resources. A gap was identified between the institutionalization of the speech of the Hansen's disease, as a alternative to the terminology of the leprosy, and his circulation and consumption between the different social actors. It is recommended the development and evaluation of actions and educative resources being carried out with the participation of the patients and of the professionals of health in the context of the services. This strategy can help the creation of dialogic spaces essential to the subjectivity and to the adhesion to the treatment. The thesis turned in the development of a electronic databank with 276 educative materials, containing the descriptive and thematic analysis, which will be available on line for the public in general.