Thesis
Ordenar o mundo e sondar a natureza: o projeto Humboldtiano de Friedrich Sellow (1789-1831)
Registro en:
JUNGHANS, Miriam Elvira. Ordenar o mundo e sondar a natureza: o projeto Humboldtiano de Friedrich Sellow (1789-1831). 2017. 200 f. Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2017.
Autor
Junghans, Miriam Elvira
Resumen
A tese examina, no âmbito da história social das ciências, a carreira científica do viajante naturalista prussiano Friedrich Sellow (1789-1831), que percorreu parte do território brasileiro e a então província Cisplatina entre 1814 e 1831. Um dos muitos naturalistas e coletores que passaram a explorar o Brasil nas décadas iniciais do século XIX, Sellow é dos menos estudados pela historiografia. As razões para isso estão estreitamente ligadas a sua trajetória de vida, ao fato de não ter publicado e ao destino que tiveram seus documentos e coleções, em sua maior parte sob a guarda de instituições estrangeiras. Recuperando parte dessa documentação e associando-a ao material existente no Brasil, a tese entende o trabalho realizado por Sellow como um projeto humboldtiano, que se desenvolveu paulatinamente ao longo da sua formação na Europa e de suas viagens. Como a viagem de Alexander von Humboldt à América, a vinda de Sellow ao Brasil foi um empreendimento independente, financiado posteriormente pelos governos brasileiro e prussiano. Como outros viajantes da época, Sellow coletou materiais de botânica, zoologia e mineralogia e manteve um diário de campo, com informações minuciosas sobre inúmeras variáveis do mundo natural. A grande ênfase nos estudos de geognosia, no entanto, o aproxima, uma vez mais, dos trabalhos desenvolvidos por Humboldt. Outra vertente de seus trabalhos foram os desenhos, particularmente de paisagens e tipos humanos, estes, em especial, notáveis expressões de sensibilidade. Ao planejar seus itinerários pelo Brasil, Sellow pretendia percorrer o subcontinente sul-americano num corte transversal, do Uruguai aos Andes, que se conectaria aos trabalhos feitos por Humboldt nas regiões equinociais do Novo Mundo. The thesis explores, within the social history of science, the scientific career of the Prussian naturalist traveler Friedrich Sellow (1789-1831), who traveled part of the Brazilian territory and the then Cisplatina province between 1814 and 1831. One of the many naturalists and collectors exploring Brazil during the early decades of the nineteenth century, Sellow is one of the least studied by historiography. The reasons for this are closely related to his life trajectory, the fact that he did not publish, and the destination of his documents and collections, for the most part under the custody of foreign institutions. By recovering a share of this documentation and correlating it with the existing material in Brazil, the thesis refers to Sellow's work as a Humboldtian project gradually developed during his education in Europe and his travels. Similar to Alexander von Humboldt's trip to America, Sellow's coming to Brazil was an independent venture, later financed by the Brazilian and Prussian governments. Akin to other travelers at the time, Sellow collected materials on botany, zoology, and mineralogy and wrote a field diary with detailed information on countless variables of the natural world. The emphasis in geognosy studies, however, once again brings him closer to Humboldt. Another dimension of his work was the drawings, particularly of landscapes and human types, the latter particularly remarkable for their expressions of sensitivity. When planning his itineraries across Brazil, Sellow intended to traverse the South American subcontinent in a cross-section, from Uruguay to the Andes, which would then connect his travels to the equinoctial regions of the New World travelled by Humbold