Dissertation
A gravidade dos episódios de reação reversa em pacientes coinfectados pelo vírus da imunodeficiência humana e pela Mycobacterium leprae
Registro en:
ANDRADE, Pedro José Secchin de. A gravidade dos episódios de reação reversa em pacientes coinfectados pelo vírus da imunodeficiência humana e pela Mycobacterium leprae. 2013. 83 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical)-Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2013.
Autor
Andrade, Pedro José Secchin de
Resumen
A hanseníase e a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) são doenças infecciosas de importância para a saúde global, e, o Brasil é um dos poucos países onde elas ainda são endêmicas. O HIV e a Mycobacterium leprae (M. leprae) interagem com a imunidade celular do hospedeiro determinando as manifestações clínicas. Assim, esperava-se que pacientes coinfectados por essas duas doenças teriam um sinergismo de alterações imunopatológicas e exuberância de sinais e sintomas dos episódios reacionais até o momento. Existem poucos estudos sobre essa coinfecção publicados na literatura. O objetivo deste trabalho foi avaliar a gravidade dos episódios de reação reversa (RR) em pacientes coinfectados pelo vírus HIV e M. leprae e compará-la ao grupo controle. É um estudo analítico de coorte retrospectivo, ocorrido entre janeiro de 1996 e setembro de 2012, realizado no Ambulatório Souza Araújo (ASA) / Laboratório de Hanseníase (LAHAN) / Fiocruz-RJ, constituído pela análise dos dados revistos nos prontuários de pacientes hansênicos e que apresentaram o primeiro episódio de reação reversa até a última dose de poliquimioterapia. Esses pacientes foram divididos em dois grupos: um de coinfectados pelo HIV e M. leprae e outro grupo HIV negativo. Foram analisadas as características epidemiológicas, evolução clínica e o uso do corticoide para o tratamento desses indivíduos. As variáveis foram analisadas durante a poliquimoterapia (PQT) e entre o primeiro e último dia de uso de prednisona, o qual pode ocorrer até, no máximo, seis meses após o início da corticoterapia
Foi realizada uma análise multivariada com as variáveis de importância clínica e estatisticamente significantes entre os grupos. O total de pacientes encontrados na pesquisa foi de 31 casos HIV positivo e 67 HIV negativo. Em seguida, observou-se que no grupo controle prevaleceram os multibacilares e, nos HIV positivo, os paucibacilares. Os coinfectados apresentaram todas as formas clínicas da hanseníase, com predomínio da forma borderline tuberculoide (BT) nos dois grupos. A lesão ulcerada foi encontrada apenas no grupo HIV positivo. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos quando se observou o teste de Mitsuda entre os BT. A maioria dos coinfectados teve o diagnóstico de hanseníase com a presença de RR e maior frequência de neurite. Apenas duas infecções oportunistas foram observadas em um paciente coinfectado durante a corticoterapia. Na maioria dos pacientes dos dois grupos, o tratamento com prednisona durou mais de seis meses e se estendeu após o término da PQT. Os coinfectados utilizaram mais corticoide do que o grupo controle. Na análise multivariada, observou-se que a reação reversa não foi mais grave nos pacientes coinfectados. De um modo geral, as manifestações clínicas foram semelhantes entre os grupos, com melhora após a corticoterapia, que foi igualmente eficaz. Leprosy and infection by human immunodeficiency virus (HIV) are infectious diseases of global health importance, and Brazil is one of the few countries where they are still endemic. HIV and Mycobacterium leprae (M. leprae) interact with the cellular immunity of the host and determine clinical manifestations. Thus, it was expected that patients co-infected with both diseases would have a synergism of immunopathological changes and exuberance of signs and symptoms of leprosy reactions. To date, there are few studies about this co-infection published in the literature. The
objective of this study was to evaluate the severity of reverse reaction (RR) episodes in patients coinfected with HIV and M. leprae and compare it to the control group. It’s an analytical retrospective cohort study between January 1996 and September 2012, performed at the Ambulatory Souza Araújo (ASA) / Leprosy Laboratory (LAHAN) / Fiocruz, RJ and consisting of data analysis based on medical records of leprosy patients who have presented the first episode of reverse reaction until the last dose
of multiple drug therapy (MDT). These patients were divided into two groups: one co-infected with HIV and M. leprae and other HIV-negative group. We analyzed the epidemiological characteristics, clinical
evolution and the use of corticosteroids to treat these individuals. Variables were analyzed during MDT and between the first and last day of prednisone, which could occur up to a maximum of six months
after the initiation of corticosteroid therapy. A multivariate analysis was performed with the variables of clinical importance and statistically significant between groups. The number of patients found in this
study was 31 HIV positive cases and 67 HIV negative cases. Then, it was observed that multibacillary patients prevailed in the control group, while the paucibacillary ones predominated in the HIV positive group. I was also observed that co-infected patients may submit all clinical forms of leprosy and predominantly borderline tuberculoid (BT) form in both groups. Ulcerated lesions were found only in the HIV-positive group. There was no statistical difference between groups when we observe the Mitsuda test between BT. Most co-infected patients were diagnosed with leprosy in the presence of RR and more often of neuritis. Only two opportunistic infections were observed in a co-infected patient during corticosteroid therapy. In the most of two groups, prednisone lasted for more than six months and was extended after MDT. Co-infected patients used more corticosteroids than the control group. In multivariate analysis, it was observed that the reverse reaction was not more severe in co-infected
patients. In conclusion, clinical manifestations were similar in both groups, with improvement after corticosteroid therapy, which was equally effective.