Dissertation
Avaliação do tempo de espera no manejo terapêutico e seus efeitos na sobrevida de mulheres diagnosticadas com câncer de colo de útero em uma coorte hospitalar no INCa-II
Assessment of waiting time in therapeutic management and its effects on the survival of women diagnosed with cervical cancer in a hospital cohort at INCa-II
Registro en:
SILVA, Iléia Ferreira da. Avaliação do tempo de espera no manejo terapêutico e seus efeitos na sobrevida de mulheres diagnosticadas com câncer de colo de útero em uma coorte hospitalar no INCa-II. 2016. 138 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública e Meio Ambiente) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2016.
Autor
Silva, Iléia Ferreira da
Resumen
O câncer cervical é um grave problema de saúde pública nos países em desenvolvimento,
cuja mortalidade pode ser afetada por diversos fatores, como o atraso para o encaminhamento e
tratamento na unidade hospitalar de referência. Avaliar os tempos de espera no tratamento prescrito
segundo os fatores sociodemográficos, ambientais e clínicos, e os seus efeitos na sobrevida de
mulheres diagnosticadas e tratadas com câncer do colo de útero nos anos de 2012 a 2014. Estudo
observacional retrospectivo de uma coorte hospitalar de mulheres diagnosticadas com câncer de colo
de útero e tratadas no INCa/II. Os dados foram obtidos pelo Registro Hospitalar de Câncer /INCa,
prontuário físicos e eletrônicos, e do sistemas de faturamento hospitalar. Os intervalos analisados
foram divididos no tempo entre : o diagnóstico e o atendimento no INCa (T1), o diagnóstico e o início
do tratamento (T2), o diagnóstico e final do tratamento (T3), o início e fim do tratamento (T4), o início
da radioterapia e final da braquiterapia (T5), o final da radioterapia e início da braquiterapia (T6). As
pacientes matriculadas em 2012 foram seguidas até dezembro de 2015 para a análise de sobrevida
câncer-específica. Entre as 671 pacientes incluídas no estudo, o tempo mediano T1 foi de 29 dias; de
T2 foi de 117 dias; de T3 foi de 262 dias; de T4 de 140 dias; de T5 foi de 170 dias; e de T6 foi de 111
dias. Os fatores associados ao atraso no T1 foram Estadiamento inicial (OR 1,5; 1,05-2,13) e cor nãobranca (OR 1,54; 1,08-2,20); já os fatores associados a T2 foram baixo grau de instrução (OR 2,18;
1,06-4,46), Idade > 40 anos (OR 2,13; 4,35) e cor não-branca (OR 2,45; 1,23-4,80); enquanto os
associados a T3 foram tratamento radioterápico (OR 5,67; 3,04-10,57), baixo grau de instrução (OR
1,63; 1,08-2,46) e cor da pele não-branca (OR 1,53; 1,05-2,24). Os fatores associados a T4 foi não ter
feito CAF (OR 2,86; 1,61-9,24), estádio avançado (OR 6,44; 4,50-9,24), tratamento radioterápico (OR
27,17; 13,14-56,18); enquanto a T5 foram Idade > 40 anos (OR:7,52; 3,16-17,87), ter companheiro
(OR:4,97; 2,06-11,97); cor não-branca (OR 4,27; 2,29-9,94), alto grau de instrução (OR 3,39; 1,37-
8,37), Ocupação com maior renda (OR 3,50; 1,30-9,36), ter comorbidade (OR 6,80; 1,98-22,46),
estádio avançado (OR 27; 13,33-54,68). Apenas idade > 40 anos esteve associada a T6 (OR 5,80;
3,23-10,46). Entre as mulheres com estadiamento inicial, o atraso entre início e término do tratamento
(< 60 dias 97,4%; > 60 dias 72,2%) e entre o diagnóstico e fim do tratamento (< 120 dias 100%; > 120
dias 83,7%) afetaram significativamente a sobrevida em 36 meses. Todos os intervalos apresentaram
um tempo de espera maior que o recomendado pela literatura. Os intervalos até o tratamento
apresentaram forte associação com o baixo nível sócio econômico e com o estadiamento avançado.
Porém, o estadiamento avançado não teve a sobrevida afetada, devido à urgência na realização do
tratamento pelas piores condições clínicas da mulher. O maior tempo dos diferentes tratamentos
realizados, apresentou fatores relacionados ao sistema. Apenas o atraso entre início e término do
tratamento afetou estatisticamente a sobrevida em 36 meses na coorte estudada. Cervical cancer is a serious public health problem in developing countries, where mortality
can be affected by several factors including the delay for referral and treatment in the hospital of
reference. To assess waiting times the prescribed treatment according to sociodemographic factors,
environmental and clinical, and its effects on the survival of women diagnosed and treated with
cervical cancer in the years 2012-2014. This is a study retrospective observational hospital of a cohort
of women diagnosed with cervical cancer and treated at the INCa / II. Data were obtained from the
Hospital Cancer Register / INCa, physical and electronic records, and hospital billing systems. The
intervals analyzed were divided into time between diagnosis and care in INCa (T1), between diagnosis
and initiation of treatment (T2), between diagnosis and completion of treatment (T3) between the
beginning and end of treatment (T4) between the beginning and end of the radiation and end of
brachytherapy (T5) between the top end of radiotherapy and initiation of brachytherapy (T6). Patients
enrolled in 2012 were followed until December 2015 for cancer-specific survival analysis. Among the
671 patients included in the study, the median time T1 was 29 days; T2 was 117 days; T3 was 262
days; T4 140 days; T5 was 170 days; and T6 was 111 days. Factors associated with delay in T1 were
Initial staging (OR 1.5; 1.05 to 2.13) and non-white (OR 1.54; 1.08 to 2.20); since the factors
associated with T2 were low educational level (OR 2.18; 1.06 to 4.46), Age> 40 years (OR 2.13; 4.35)
and non-white (OR 2.45; 1.23 to 4.80); while associated with T3 were radiotherapy (OR 5.67; 3.04 to
10.57), low level of education (OR 1.63; 1.08 to 2.46) and skin color nonwhite (OR 1.53; 1.05 to
2.24). Factors associated with T4 was not doing CAF (OR 2.86; 1.61 to 9.24), advanced stage (OR
6.44; 4.50 to 9.24), radiotherapy (OR 27 17; 13.14 to 56.18); while the T5 were age> 40 years (OR
7.52; 3.16 to 17.87), having a partner (OR 4.97; 2.06 to 11.97); non-white (OR 4.27; 2.29 to 9.94),
highly educated (OR 3.39; 1.37 to 8.37), Occupation with higher income (OR 3.50; 1, 30 to 9.36),
have comorbidity (OR 6.80; 1.98 to 22.46), advanced stage (OR 27; 13.33 to 54.68). Only age> 40
years was associated with T6 (OR 5.80; 3.23 to 10.46). Among women with early stage, the delay
between the beginning and end of treatment (<60 days 97.4%;> 60 days 72.2%) and between
diagnosis and end of treatment (<120 days 100%; > 120 days 83.7%) significantly affected the
survival rate at 36 months. All intervals presented a wait time much higher than recommended in the
literature. Intervals to treatment were strongly associated with low socioeconomic level and the
advanced stage. However, the advanced stage was not affected survival due to the urgency in making
the treatment the worst clinical conditions of women. The longer the different treatments performed,
presented factors related to the system. But only the delay between the beginning and end of treatment
statistically affect survival at 36 months in the study cohort.