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Sexualidade em mulheres com HIV/Aids: discursos produzidos por suas vivências
Registro en:
CARVALHO, Jamille Maria Rodrigues. Sexualidade em mulheres com HIV/Aids: discursos produzidos por suas vivências. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS EM SAÚDE, 8., 2019, João Pessoa. Anais... João Pessoa: ABRASCO, 2019. 2 p.
978-85-85740-10-8
Autor
Carvalho, Jamille Maria Rodrigues
Resumen
Mesmo na quarta década da epidemia de HIV, algumas questões permanecem como centrais na infecção de mulheres: a visão do relacionamento heterossexual estável como garantia, reduz a percepção de risco e as práticas de proteção desse grupo. Além disso, é preciso lidar ainda com as repercussões que o diagnóstico acarreta nos relacionamentos afetivos e na forma como exercem a sexualidade. Baseando-se em tais questões, este estudo tem como objetivo compreender a vivência da sexualidade e dos relacionamentos afetivos dessas mulheres após o diagnóstico de HIV/Aids através dos seus discursos. Trata-se de um estudo qualitativo, em que se utilizou a técnica de Grupo Focal, tendo em vista aprofundar a temática principal pela possibilidade de reunir os diferentes atores em um espaço de investigação, propiciando a reflexão frente ao tema estudado. Os grupos foram realizados com treze mulheres em acompanhamento ambulatorial de um hospital de Infectologia na cidade de Fortaleza, Ceará. Após coleta, os dados foram analisados através da Análise de Discurso. Os resultados obtidos estão apresentados em formações discursivas. Os achados mostram que, após o diagnóstico, existe a insegurança de viver outras experiências afetivas, por medo da rejeição do parceiro. Esse medo do abandono é experienciado de forma intensa pelas mulheres, pois julgam que é mais fácil o homem desistir da relação por conta do preconceito e dificuldade de cuidado do que o contrário. Essa percepção, está ancorada nos papeis que homens e mulheres desempenham na sociedade, baseados na diferenciação de gênero, em que a mulher é percebida como o sexo frágil, sensível, enquanto os homens são representados pelo poder e agressividade. Isso acaba por naturalizar a condição de assujeitamento da mulher nas relações que estabelece com o outro. O preconceito ainda é grande, e essa visão da sexualidade feminina tão reprimida e cheia de contornos moralistas aliada ao fato da Aids estar vinculada a significantes como promiscuidade, transgressão, sujeira e descuido, ainda recai sobre a mulher toda uma carga de julgamento dos seus comportamentos nas relações afetivas, a partir dos padrões pré-estabelecidos e ditados pela sociedade.