Dissertation
Avaliação da qualidade microbiológica e pesquisa de bacilos Gram negativos não fermentadores da glicose na água tratada para hemodiálise nas unidades de terapia renal substitutiva do município do Rio de Janeiro entre março e novembro de 2014
Registro en:
TAVARES, C. B. Avaliação da qualidade microbiológica e pesquisa de bacilos Gram negativos não fermentadores da glicose na água tratada para hemodiálise nas unidades de terapia renal substitutiva do município do Rio de Janeiro entre março e novembro de 2014. 2015. 91 f. Dissertação (Mestrado em Vigilância Sanitária)- Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2015.
Autor
Tavares, Camila Bastos
Resumen
O processo de hemodiálise tem a água como o veículo primordial na terapia renal substitutiva, tanto na preparação do fluido como na reutilização dos dialisadores. É um processo essencial na vida de pacientes com insuficiência renal crônica, mas ao mesmo tempo em que modificou o prognóstico dos pacientes com insuficiência renal, vem sendo responsável por complicações cuja intensidade e frequência são cada vez mais descritas na literatura. Estudos mostram que bacilos Gram negativos não-fermentadores são capazes de se desenvolver rapidamente em soluções e equipamentos de diálise, podendo estar relacionados à ocorrência de bacteremias, reações pirogênicas, infecções, hipotensão, instabilidade cardiovascular, dor de cabeça e náuseas. No Brasil, a legislação que regulamenta a qualidade microbiológica da água potável é a Portaria Nº 2914 de 2011, enquanto que a água destinada ao processo de diálise é regulamentada pela Resolução Nº 11 de 2014 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Apesar da legislação brasileira estabelecer critérios para os limites da presença de bactérias do grupo dos coliformes, dentre os quais correspondem a cerca de 20 espécies de bactérias Gram-negativas, não especifica a presença de bacilos Gram-negativos não fermentadores. Uma vez que bactérias Gram-negativas não fermentadoras são as principais responsáveis pela presença de endotoxinas bacterianas, formação de biofilme e múltiplas resistências a antibióticos, torna-se necessária a formulação de limites quanto a presença destes microrganismos na água utilizada no processo de diálise. No presente estudo foram avaliados a qualidade microbiológica da água de hemodiálise conforme o preconizado na legislação vigente, bem como a presença de bacilos Gram-negativos não fermentadores nas amostras de 16 clínicas de hemodiálise do Rio de Janeiro. As amostras foram coletadas de quatro pontos distintos de cada clínica: da torneira de abastecimento de água (água potável, pré-osmose reversa), da torneira do filtro de osmose reversa (pós-osmose reversa), da máquina de diálise (amostra da solução de hemodiálise) e a amostra do reuso do dialisador. Das dezesseis clínicas avaliadas neste trabalho, sete (43,75%) tiveram o resultado insatisfatório quanto à quantidade de bactérias heterotróficas, cujos valores excederam aos limites estipulados na legislação. Em nenhuma das clínicas foi observada a presença de coliformes fecais e Escherichia coli. Quanto à presença de bacilos Gram-negativos não fermentadores, foram identificados neste trabalho, Pseudomonas aeruginosa (12,8%) Stenotrophomonas maltophilia (18,75%), Burkholderia cepacia (6,25%), Acinetobacter lwoffii (6,25%), Brevundimonas diminuta (12,5%), Moraxella osloensis (12,5%), Sphingobacterium multivorum (6,25%), Achromobacter xylosidans (6,25%), Sphingomonas paucimobilis (6,25%), Achromobacter denitrificans (6,25%) e Ralstonia pickettii (6,25%), todos estes, passivos de causar infecções em pacientes imunossuprimidos. Dentre estes, P. aeruginosa, Acinetobacter spp, S. maltophilia e o Complexo B. cepacia são descritos pela ANVISA como os principais bacilos Gram negativos não-fermentadores de importância médica. Tendo em vista que pacientes submetidos ao processo de hemodiálise por um período de três anos, ficam expostos a uma quantidade de água superior a utilizada por uma pessoa em condições normais de saúde durante toda a sua vida, a utilização de um fluido de qualidade tende a minimizar infecções e consequentemente garantir uma maior sobrevida de pacientes com doenças renais crônicas. Water is the primary vehicle on renal replacement in a dialysis process, both in the preparation of the fluid as the reuse of dialyzers. It is an essential process in patients's life with chronic renal failure, but at the same time it changed the prognosis of patients with renal failure, it has been responsible for complications whose intensity and frequency are more and more described in the literature. Studies have shown that Gram-negative non-fermenting bacilli are capable of rapidly developing in solutions and on dialysis equipment and could be related to bacteremia's occurrence, pyrogenic reactions, infection, hypotension, cardiovascular instability, headache and nausea. In Brazil, the legislation governing the microbiological quality of potable water is Portaria No. 2914 of 2011, while the water for the dialysis process is regulated by Brazilian Resolution No. 11 of 2014 of the Brasilian Health Agency (ANVISA). Although the Brazilian legislation establish as criteria for coliform bacterias's presence limits, among which account for about 20 species of Gramnegative bacteria, it does not specify the presence of Gram-negative non-fermenting bacilli. Since Gram-negative non-fermentative bacteria are mainly responsible for the presence of bacterial endotoxin, biofilm formation and resistance to multiple antibiotics, it is necessary to formulate limits for the presence of these microorganisms in water used for the dialysis process. The present study evaluated the hemodialysis's water microbiological quality as recommended in the current legislation, as well as the presence of Gram-negative non-fermenting bacilli in 16 dialysis clinics samples from Rio de Janeiro. Samples were collected from four different points on each clinic: the water supply faucet (potable water, pre-reverse osmosis), the reverse osmosis filter faucet (post-reverse osmosis), the dialysis machine (sample solution hemodialysis) and the dialyzer reuse. Sixteen clinics were evaluated in this study, seven (43.75%) had a unsatisfactory result since the values exceeded the limits stipulated in the legislation for the amount of heterotrophic bacteria. In none of the samples were found fecal coliforms and Escherichia coli. As the presence of Gram-negative non-fermenting bacilli, were identified in this study, Pseudomonas aeruginosa (12.8%) Stenotrophomonas maltophilia (18.75%), Burkholderia cepacia (6.25%), Acinetobacter lwoffii (6.25%), Brevundimonas diminuta (12.5%), Moraxella osloensis (12.5%), Sphingobacterium multivorum (6.25%), Achromobacter xylosidans (6.25%), Sphingomonas paucimobilis (6.25%), Achromobacter denitrificans (6 25%) and Ralstonia pickettii (6.25%), all of these liable of causing infections in immunosuppressed patients. Among these, P. aeruginosa, Acinetobacter spp, S. maltophilia and B. cepacia complex are described by the National Health Surveillance Agency as the main Gram negative bacilli nonfermenter of medical importance. Given that patients undergoing hemodialysis process for a period of three years, are exposed to a higher amount of water than one person in normal health conditions throughout its life, the use of a fluid with sanitary quality tends to minimize infections and thus ensure greater survival of patients with chronic kidney diseases.