Thesis
Sintomas depressivos em adolescentes escolares: relações dos efeitos cumulativos das experiências adversas da infância e fatores de proteção
Depressive symptoms in school adolescents: relations of the cumulative effects of adverse childhood experiences and protection factors
Registro en:
ANDRADE, Célia Regina de. Sintomas depressivos em adolescentes escolares: relações dos efeitos cumulativos das experiências adversas da infância e fatores de proteção. 2023. 147 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2023.
Autor
Andrade, Célia Regina de
Resumen
O objetivo principal da tese é investigar o papel das experiências adversas na infância (EAI), incluindo as violências e fatores de proteção, associadas aos sintomas depressivos em adolescentes escolares de São Gonçalo, Rio de Janeiro. O estudo caracteriza-se por um desenho transversal com uma amostra de 1.117 adolescentes de 13 a 19 anos, estudantes de escolas públicas e particulares. A depressão foi avaliada pelo Inventário de Depressão Infantil e foram investigadas variáveis de experiências adversas na infância e violências. Os fatores de proteção foram caracterizados pelo apoio social, resiliência, religião e os itens de bom relacionamento com a mãe, irmãos e amigos e supervisão familiar. A análise envolveu análises bivariadas, Análise de Correspondência Múltipla (ACM) e modelo de equação estrutural, tendo as EAI e violências como variáveis de exposição e sintomas depressivos como variável de desfecho. O artigo 1 visa identificar os padrões das experiências adversas na infância entre os adolescentes escolares segundo características sociodemográficas e sintomas depressivos. Os resultados mostram a organização de oito grupos compostos por: meninas e adolescentes de estrato social mais baixo e experiências adversas na infância relacionadas ao ambiente; meninos, de estrato social mais alto sem ter vivido experiências adversas na infância; adolescentes com sintomas de depressão e experiências adversas na infância dirigidas fisicamente a eles/família; adolescentes de cor de pele branca, sem sintomas de depressão e que não vivenciaram experiências adversas na infância; adolescentes de cor de pele preta/parda/amarela/indígena que vivenciaram experiências adversas na família e na comunidade; adolescentes que perderam pai e mãe por morte e falta de comida em casa; adolescentes que vivenciaram violência psicológica, adolescentes que vivenciaram experiências sexuais envolvendo seus pais. O artigo 2 tem como objetivo estimar o efeito dos fatores de proteção com sintomas depressivos em adolescentes escolares, controlados pelo sexo e cor de pele. O modelo final destaca o apoio social, bom relacionamento com a mãe, amigos e supervisão familiar como importantes fatores de proteção para os sintomas depressivos. O artigo 3 analisa os efeitos do acúmulo de experiências adversas na infância e sintomas depressivos, mediados pelo apoio social. Os resultados mostram relação das dimensões socioeconômica, familiar, comunitária e total das EAI com os sintomas de depressão de adolescentes. A chance de desenvolver sintomas depressivos aumenta com o acúmulo de exposições adversas e encontra-se mediado pelo apoio social. É preciso investir na promoção de saúde e em fatores de proteção de alguns grupos mais vulnerabilizados. The main objective of this thesis is to investigate the role of adverse childhood experiences (AEC), including violence and protective factors associated with depressive symptoms in adolescent students in São Gonçalo, Rio de Janeiro. The study is characterized by a crosssectional design with a sample of 1,117 adolescents between 13 and 19 years old, students from public and private schools. Depression was assessed using the Childhood Depression Inventory and variables of adverse childhood experiences and violence were investigated. The protective factors were characterized by social support, resilience, religion and the items of good relationship with the mother, siblings and friends and family supervision. The analysis involved bivariate analyses, Multiple Correspondence Analysis (MCA) and a structural equation model, with EAI and violence as exposure variables and depressive symptoms as the outcome variable. Article 1 aims to identify patterns of adverse childhood experiences among adolescent students according to sociodemographic characteristics and depressive symptoms. The results show the organization of eight groups composed of: girls and adolescents from lower social strata and adverse childhood experiences related to the environment; boys, being from a higher social stratum and not having had adverse childhood experiences; adolescents with symptoms of depression and adverse childhood experiences physically directed at them/family; whiteskinned adolescents without symptoms of depression and who did not experience adverse childhood experiences, black/Parthian/Yellow/indigenous skin color adolescents who have experienced adverse experiences in their family and community; teenagers who lost a father and mother due to death and lack of food at home; adolescents who experienced psychological violence; and adolescents who have had sexual experiences involving their parents. Article 2 aims to estimate the effect of protective factors on depressive symptoms in adolescent students, controlled by gender and skin color. The final model highlights social support, a good relationship with the mother, friends and family supervision as important protective factors for depressive symptoms. Article 3 analyzes the effects of the accumulation of adverse childhood experiences and depressive symptoms, mediated by social support. The results show a relationship between the socioeconomic, family, community and total dimensions of the EAI with depression symptoms in adolescents. The chance of developing depressive symptoms increases with the accumulation of adverse exposures and is mediated by social support. It is necessary to invest in health promotion, in the protection factors of some more vulnerable groups.