Dissertation
Epidemiologia da malária e estudo dos conhecimentos de garimpeiros do municipio de Oiapoque, Amapá, Brasil, antes e depois da implementação do malakit
Registro en:
SILVA, Amanda Figueira da. Epidemiologia da malária e estudo dos conhecimentos de garimpeiros do municipio de Oiapoque, Amapá, Brasil, antes e depois da implementação do malakit. 2021. 167 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical) - Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2021.
Autor
Silva, Amanda Figueira da
Resumen
Introdução: Dentre as áreas de transmissão de malária denominadas “especiais” pelo Ministério da Saúde, estão as áreas de garimpo. Nas minas do maciço Guianês, pouco se sabe sobre a prevalência do Plasmodium spp. nos garimpeiros provenientes dessas regiões e os principais determinantes da transmissão da doença. Os garimpeiros são uma população de alta mobilidade e difícil acesso, o que torna o controle da malária entre eles um grande desafio para as autoridades sanitárias do país. Atualmente, o município de Oiapoque é considerado de médio risco para malária e uma boa parte dos casos locais são de garimpeiros em situação de ilegalidade na Guiana Francesa. Objetivo: Analisar a epidemiologia da malária e determinar os conhecimentos, atitudes e práticas (CAPs) frente à malária por garimpeiros no município de Oiapoque-Amapá na área de fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa antes e depois da implementação do Malakit. Metodologia: Foi realizado um estudo seccional no município de Oiapoque-Amapá, onde ocorreram duas visitas antes (Orpal 1_2018) e depois (Orpal 2_2019) da execução do Malakit, um projeto piloto de controle de malária nos garimpeiros. Os indivíduos foram recrutados em locais de descanso e foram submetidos a um questionário com variáveis demográficas, de antecedentes de malária e de conhecimentos, atitudes e práticas frente à malária. No mesmo momento, foi feita uma avaliação clínica dos participantes e uma amostra de sangue total foi coletada para o diagnóstico parasitoscópico direto e molecular da malária Resultados: Os participantes eram em sua maioria naturais do Maranhão, Pará e Amapá, do sexo masculino e com idade média de 38 anos. A prevalência de infecção por Plasmodium spp. em nosso estudo foi de 3,36% e a principal espécie encontrada foi o P. vivax. Cerca de 56% dos participantes do Orpal 1 e 66% do Orpal 2 sabia corretamente como ocorre a transmissão da malária, mas a maioria dos entrevistados não tinha costume de se proteger contra picadas de mosquitos. No Orpal 1, 87,7% dos garimpeiros haviam tido algum episódio de malária e cerca de 62% desses indivíduos optaram por fazer o teste para confirmar a infecção antes de se medicar enquanto 35% se automedicaram sem fazer teste. Da mesma maneira, no Orpal 2, 78,9% dos garimpeiros já haviam tido algum episódio de malária, 43% fizeram o teste antes de se medicar e 39% se automedicaram sem fazer o teste. Ainda no Orpal 2, 10% dos participantes fizeram também o uso do Malakit. Também foi visto que no segundo corte, cerca de 25% (30) dos indivíduos estavam inclusos no projeto Malakit e desses, 5 (16,66%) haviam feito o uso do kit no último episódio de malária. Conclusões: Os garimpeiros do estudo são todos brasileiros com um baixo nível educacional e expostos a doenças como a malária, leishmaniose, entre outras. Trata-se de uma população com conhecimentos sobre a malária, porém não faz práticas a fim de evitar a infecção. No entanto no Orpal 2 foi visto um aumento no uso do mosquiteiro Esses garimpeiros praticam frequentemente automedicação e compram esses medicamentos no mercado ilegal; além de ser um grupo de difícil alcance devido a sua alta mobilidade, o mercado ilegal de medicamentos também dificulta o desenvolvimento de estratégias de saúde voltadas para essa população. Os dados deste estudo, junto com os dos nossos parceiros no Suriname assim como outras formas de avaliação do projeto Malakit mostram que estas informações são fundamentais para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde direcionadas para as situações epidemiológicas encontradas BACKGROUND: Among the areas of malaria transmission nominated as “specials” by the Ministry of Health, are the gold mining sites. Little is known about the prevalence of Plasmodium spp. in the mining sites of the Guyanese massif and about the main determinants of the disease transmission among gold miners. Gold miners are a highly mobile and hard to reach population, which makes the control of the disease a major challenge for the country's health authorities. Currently, the municipality of Oiapoque is considered medium risk for malaria and a good part of the local cases consists of illegal gold miners in French Guiana. OBJECTIVES: To analyze the epidemiology of malaria and determine knowledge, attitudes, and practices (KAPs) towards the disease by gold miners in the municipality of Oiapoque-Amapá, in the border area between Brazil and French Guiana before and after the implementation of Malakit. METHODOLOGY: A cross-seccional study was conducted in the municipality of Oiapoque where two visits were carried out, one before (Orpal 1_ 2018) and other after (Orpal 2_2019) the implementation of Malakit), a pilot project to control malaria in gold miners. The individuals were recruited from resting sites and were submitted to a questionnaire with demographic variables, malaria background and knowledge, attitudes, and practices regarding malaria. At the same time, a clinical evaluation of the participants was made and whole blood sample was collected for the parasitoscopic and molecular diagnose of malaria RESULTS: The participants were mostly from Maranhão, Pará and Amapá, males, and with an average age of 39 years. The prevalence of Plasmodium spp. found in our study was 3.36% and the main species found was P. vivax. Approximately 56% of participants in Orpal 1 and 66% in Orpal 2 knew correctly how malaria is transmitted, but most of participants were not used to protect themselves against mosquito bites. In Orpal1 87.7% of the gold prospectors had at least one episode of malaria and approximately 62% of these individuals chose to be tested to confirm the infection before treatment and 35% self-medicated without a test. Similarly, in Orpal 2, 78.9% of prospectors had already had episodes of malaria, 43% had been tested before taking medication and 39% had self-medicated, without taking the test. Also, in Orpal 2, 10% of the participant used Malakit. And, still in Orpal 2, about 25% (30) of the participants were already included in the Malakit project and 5 (16.66%) of them had used the malakit at their last malaria attack. CONCLUSIONS: The gold miners of this frontier are all Brazilians with a low level of education and are exposed to diseases such as malaria, leishmaniosis among others. These individuals have a considerable knowledge of malaria but they do not use measures that could avoid the infection; however at Orpal 2 was seen an increase in the use of bed nets. These gold miners often practices self-medication and buy drugs on the illegal market, in addition to being a hard-toreach group thanks debts to their high mobility, which hinders the development of public health strategies aimed at this populations. Data from this study and researchers of our partners in Suriname and other evaluation activities of the Malakit project, show that this information is fundamental to the development of public health policies specially aimed at the epidemiological situation