Dissertation
Estudo das Características das principais Doenças Febris Agudas atendidas em serviço de referência do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/FIOCRUZ
Registro en:
BRESSAN, Clarisse da Silveira. Estudo das Características das principais Doenças Febris Agudas atendidas em serviço de referência do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/FIOCRUZ. 2010. 73 f. Dissertação (Mestrado em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas)-Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2010.
Autor
Bressan, Clarisse da Silveira
Resumen
Doenças febris agudas (DFA) são inespecíficas quanto à sua apresentação. Em cidades endêmicas para Dengue este diagnóstico é superestimado. O conhecimento de sinais e sintomas de doenças infecciosas, assim como da frequência com que ocorrem, pode contribuir para a construção de modelos diagnósticos baseados em sinais clínicos precoces. Esse estudo foi realizado em pacientes maiores de 12 anos de idade, atendidos no IPEC no período de 2004 a 2008, com relato de febre de até dez dias na data da primeira consulta. O objetivo é descrever a prevalência das principais doenças febris agudas diagnosticadas. Um terço dos atendimentos foi destinado a viajantes com quadro febril, a maioria proveniente de outras cidades brasileiras. A Febre do Dengue (FD) foi a principal DFA diagnosticada entre os pacientes do estudo (n= 211) seguida da Malária (n=31). Outras doenças virais agudas (DVA) foram Rubéola (n=11), Parvovirose (4), soroconversão pelo HIV (1), Varicela (1), CMV (3), hepatite viral (7), meningite viral (1), infecção EBV (2). Dentre as demais etiologias destacam-se casos de Leptospirose (7), Rickettsiose (5), dentre outros. Uma parcela significativa dos pacientes não teve diagnóstico concluído laboratorialmente (n=224). Desse grupo, 116 (51,8%) receberam diagnóstico presuntivo de Dengue, mas não houve comprovação laboratorial Os sinais e sintomas mais prevalentes nos pacientes com Dengue confirmada foram febre (100%), cefaléia (89,1%), prostração (97,6%), mialgia (91,5%), exantema (76,6%), anorexia (82,5%) e alteração no paladar (69,1%). A presença de calafrios, icterícia, esplenomegalia e hepatomegalia foi significativamente maior nos pacientes com diagnóstico de Malária. Não houve diferença significativa entre a frequência de manifestações hemorrágicas, cefaléia, ou na média do número de plaquetas entre Dengue e Malária. A presença de tosse seca, coriza, adenomegalias palpáveis e icterícia foi significativamente maior nos pacientes com outras doenças virais agudas quando comparado ao grupo com Dengue que, por sua vez, apresentou médias mais baixas de leucócitos totais e plaquetas. Entre pacientes sem diagnóstico laboratorial concluído coriza, icterícia e esplenomegalia foram significativamente mais frequentes do que no grupo com Dengue. Mais da metade dos pacientes com diagnóstico clínico de Dengue teve essa etiologia confirmada e o valor preditivo positivo da suspeita clínica foi de 58%. O valor preditivo negativo encontrado foi de 87%. No período epidêmico esses valores foram de 69 e 85% respectivamente O diagnóstico presuntivo (hipótese clínica inicial) de Febre do Dengue tem baixo valor preditivo positivo, portanto o diagnóstico laboratorial deve ser útil para diferenciá-la de outras vii causas de febre aguda. A pesquisa de malária deve ser solicitada a todo viajante febril proveniente de área endêmica para a doença, pois achados laboratoriais ou clínicos não são suficientemente específicos para a diferenciação segura entra as duas enfermidades. Acute Febrile Diseases are unspecific as to their presentation. In cities endemic for Dengue Fever its diagnosis is overestimated. Being aware of signs and symptoms of infectious diseases, as well as how frequently they occur, may contribute to the construction of diagnostic models based on early clinical signs. This study was performed in patients over 12 years old, treated at IPEC in the period 2004-2008, reporting fever of up to ten days at the first appointment. The aim is to describe the prevalence of major Acute Febrile Diseases diagnosed. One third of the patients was febrile travelers, mostly from other cities in Brazil but also from international departures. Dengue Fever (DF) was the main DFA diagnosed (n = 211) followed by Malaria (n = 31). Other Acute Viral Diseases were Rubella (n = 11), Parvovirus (4), HIV seroconversion (1), Varicella (1), CMV (3), viral hepatitis (7), viral meningitis (1), EBV infection (2). Among other etiologies stands out cases of Leptospirosis (7), Rickettsiosis (5). A significant portion of patients had no confirmed laboratory diagnosis (n = 224). Of that group, 116 (51.8%) received presumptive diagnosis of Dengue, but had no laboratory confirmation. The signs and symptoms more prevalent in patients where Dengue Fever was confirmed (100%), headache (89.1%), prostration (97.6%), myalgia (91.5%), rash (76.6%) anorexia (82.5%) and altered mouth taste (69.1%). The presence of chills, jaundice, splenomegaly and hepatomegaly was significantly higher in patients diagnosed with Malaria. There was no significant difference between the frequency of hemorrhagic manifestations, headache, or the average number of platelets between Dengue and Malaria The presence of cough, runny nose, palpable lymphadenopathy, and jaundice was significantly higher in patients with other Acute Viral Diseases when compared to those with Dengue wich in turn, had lower average total leukocytes and platelets. Among patients without laboratory diagnosis completed coryza, jaundice and splenomegaly were significantly more frequent than in the group with Dengue. More than a half of patients with clinical diagnosis of Dengue has confirmed this etiology and positive predictive value of clinical suspicion was 58%. The negative predictive value found was 87%. In the epidemic period, these values were 69 and 85% respectively. The presumptive diagnosis (initial clinical hypothesis) of Dengue Fever has low positive predictive value, so the laboratory diagnosis should be useful to differentiate it from other causes of acute fever. The exam of Malaria must be requested in any febrile traveler from an endemic area for this disease, because clinical or laboratory findings are not specific enough to differentiate safely between the two diseases.