Dissertation
A política de saúde da população negra no Brasil: o caso da anemia falciforme (1996-2004)
Registro en:
MACEDO, Luciana de Oliveira. A Política de “Saúde da População Negra” no Brasil: o caso da anemia falciforme (1996-2004). 2006. 111 f. Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da Saúde) - Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo, Rio de Janeiro, 2006.
Autor
Macedo, Luciana de Oliveira
Resumen
Esta dissertação tem por objetivo abordar o processo de constituição e desenvolvimento de um campo denominado “saúde da população negra” no período que se estende de 1996 a 2004. Com o interesse em discutir a construção dessa agenda política na esfera da saúde, o trabalho
propõe fazer uma reflexão das ações promovidas pelo Estado no que diz respeito à definição de políticas voltadas para a anemia falciforme, encarada como uma doença de maior prevalência na população negra. Diante dessa questão, o trabalho tem como objetivo identificar como o processo de construção de uma política específica dirigida à população
negra interage com um sistema de saúde pública alicerçado nos princípios da universalidade, integralidade e igualdade conforme prevê o Sistema Único de Saúde (SUS). A dissertação busca também investigar como a caracterização da anemia falciforme como uma “doença
racial” tem sido mobilizada em defesa da formação e legitimação da “saúde da população negra”, mostrando que as interfaces entre “raça” e “doença” tornaram-se, nos últimos anos,
objeto de políticas públicas. Sendo assim, acredito que a realização de um programa voltado para a anemia falciforme legitima a denominada “saúde da população negra”. Ela é o resultado de um contexto político-social, no qual a militância negra, instituições intergovernamentais,ONGs e eventos internacionais e nacionais têm conseguido fazer com que o Estado tenha
como foco a “raça negra”, definindo programas fundamentados numa doença específica de natureza genética afeita alegadamente aos “negros” e objeto de políticas. This essay has the objective of discussing the process of the constitution and development of a field called “health of the black population”, in the period between 1996 and 2004. With the interest of discussing the construction of this political agenda in the health area, this work
proposes a reflection of the actions promoted by the State, in what concerns the policies about the sickle cell anemia, considered as the disease most frequent among the black population. Facing this matter, the work has as an objective to identify how the process of the construction of specific politics in relation to the black people interacts with a system of Public Health Care based on the principles of universality, integrality and equality according to what is said in the Unified Health System (SUS). The Essay also intends to investigate how the characterization of the sickle cell anemia as a “racial” disease has been focused in defence of the formation and legitimacy of the “health of the black population”, showing that the correlation between “race” and “disease” became, in the last few years, the aim of the state politics. Thus we believe that the realization of a program focusing sickle cell anemia legitimates the so-called “health of the black population”. It is the result of a political-social context in which, the black people representatives, public institutions, ONG’s and international and national events have been putting forward the focus of the State the “black
people”, defining programs based on a specific genetic nature directed allegedly to the black and the aim of politics.