Dissertation
Cárie dentária e fatores associados em indígenas Kotiria do alto rio Uaupés, AM, Brasil
Registro en:
CORTÊS, Gabriel.Cárie dentária e fatores associados em indígenas Kotiria do alto rio Uaupés, AM, Brasil. 2013. 135f. Dissertação (Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias da Amazônia) - Instituto Leônidas e Maria Deane, Fundação Oswaldo Cruz; Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2013.
Autor
Côrtes, Gabriel
Resumen
Objetivo: O presente estudo buscou verificar a prevalência de cárie dentaria e investigar sua associação com fatores socioeconômicos, alimentares e de higiene bucal em indígenas Kotiria do Alto Rio Uaupés, Amazonas, Brasil. Metodologia: O estudo foi do tipo epidemiológico transversal do qual se avaliou 93,5% da população indígena residente no território tradicional Kotiria, pertencentes às faixas etárias de 1 a 5 (n=54), aos 12 (n=11) e de 15 a 19 (n=22) anos. Foi realizado exame clínico intrabucal para aferir a experiência de cárie (índice CPOD/ceod) e necessidade de tratamento por meio de metodologia e critérios definidos pela OMS (1997). Níveis de higiene bucal foram determinados a partir do Índice de Induto Simplificado (DI-S) e do componente de sangramento gengival (SG) do Índice Periodontal Comunitário (CPI). Foram usados
questionários para coleta de dados socioeconômicos, de higiene bucal e alimentares. Em acréscimo, foi aplicado um inquérito alimentar recordatório das últimas 24h em três dias não consecutivos para investigar frequência do consumo de alimentos cariogênicos. Também foi realizada observação descritiva para identificar características da prática de higiene bucal e dos hábitos alimentares. A análise foi realizada por meio de estatística descritiva, teste quiquadrado de Pearson, razão da verossimilhança, exato de Fisher, correlação de Pearson, teste te Anova.
Resultados: O índice ceod foi de 4,72 e 8,11 em crianças de 1 a 5 anos e aos 5 anos respectivamente, o CPOD foi de 5,36 e 6,45 em indígenas aos 12 e de 15 a 19 anos. Estavam livres de cárie apenas 21,8% dos avaliados. A necessidade de tratamento mais frequente foi o restaurador seguido da extração. Relataram escovar os dentes 91% dos entrevistados, no entanto apenas 9,4% e 13,2% apresentaram boa higiene bucal (DI-S≤0,6) e boa condição gengival (SG=0). Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses foi realizado para 72% das crianças entre 1 a 5 anos, e 35,9% relataram uso de mamadeira. A frequência média do consumo de sacarose foi de 1,4 vezes ao dia e de 0,7 vezes para o consumo de sacarose entre as refeições. A renda média domiciliar foi de R$ 732, sendo renda nula para 16% (n=6) dos domicílios. A escolaridade média em dos pais foi de 8,7 e das mães de 5,1 anos de estudo. Apresentou-se associado à maior frequência de cárie o maior consumo de sacarose entre as
refeições (p=0,019) e o acesso descontínuo ao dentifrício (p=0,048). O índice CPOD/ceod
apresentou correlação positiva (p=0,034) com o sangramento gengival.
Conclusão: Foi possível concluir que a população Kotiria avaliada apresenta elevados índices de cárie e necessidade de tratamento. E que a higiene bucal adequada, acesso ininterrupto ao dentifrício e o menor consumo de sacarose entre as refeições estiveram associados ou correlacionados com melhores condições de saúde bucal. Projeto Saúde e Condições de Vida de Povos Indígenas na Amazônia, Programa de Apoio a Núcleos de Excelência – PRONEX/FAPEAM/CNPq, Edital 003/2009. Aim: The aim of this study was to assess the prevalence of caries and investigate its association with socioeconomic, feeding and oral hygiene factors in Kotiria Indians from the upper Uaupés River, Amazonas, Brazil.
Methods: A cross sectional study was conducted with 93,5% of the indigenous population
aged from 1-5 (n=54), 12 (n=11), and 15-19 (n-22) years old resident at the traditional Kotiria land. Caries and treatment needs were assessed using the World Health Organization criteria. The Simplified Debris Index (DI-S) and gingival bleeding (SG) were taken as oral hygiene status. Interview was used to record socioeconomic, feeding and oral hygiene data. Cariogenic food intakes frequency was assessed using 24 hours recall alimentary inquiry. Data analyses included exploratory statistics, Pearsons Chi-Square Test, Likehood Ratio, Fisher´s Exact Test, Pearson´s Correlation, T Test and Anova.
Results: The dmft was 4,72 at 1-5 years and 8,11 at 5 years. The DMFT was 5,36 at 12 and 6,45 at 15 - 19 years. Only 21,8 % of the indigenous evaluated were caries free. The most frequent treatment need was filling followed by extraction for all ages. DI-S and SG status was considered good to 9,93% and 13,2% of all participants. Exclusive breastfeeding until the sixth months was reported to 72% of the children aged 1-5 years and 35,9% reported to use baby bottle. The average consumption of sucrose was 1,4 times a day, and 0,7 times in between meals. The average house income was 366,00 US dollars, and 6 houses (16%) had no income. Parents education was 8,7 and 5,1 years of study for fathers and mothers respectively.
Higher sucrose intake between meals and interrupted toothpaste access were associated to higher caries frequency (p<0,05). DMFT/dmft was positive correlated to gingival bleeding (p=0,034).
Conclusions: The Kotiria indigenous group presented high caries prevalence and treatment
needs. Good oral hygiene, permanent toothpaste access, less sucrose intake between meals
were associated or correlated to better oral health conditions.