Thesis
As lutas operárias na determinação do desgaste e reprodução da força de trabalho na ordem do capital: construção compartilhada do conhecimento sobre trabalho e saúde com operários no Vale do Aço-MG
Workers struggles in the determination of workforce wear and reproduction: shared knowledge construction about work and health in Vale do Aço-MG
Registro en:
BECHARA MAXTA, Bruno Souza. As lutas operárias na determinação do desgaste e reprodução da força de trabalho na ordem do capital: construção compartilhada do conhecimento sobre trabalho e saúde com operários no Vale do Aço-MG. 2022. 294 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2022.
Autor
Bechara Maxta, Bruno Souza
Resumen
No Vale do Aço-MG, são recorrentes os adoecimentos, acidentes e mortes entre operários das usinas siderúrgicas e fábricas de transformação do aço. Estas situações têm impulsionado o Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e Região a defender a questão da saúde operária e a intervir sobre a produção siderúrgica por meio de ações sindicais e de mobilização social. Daí que as lutas operárias pela saúde foi o objeto real concreto assumido na investigação com operários sindicalizados no movimento da produção siderúrgica na região. Nosso objetivo foi apreender o aspecto da resistência e do enfrentamento operário no processo de desgaste e reprodução da sua força de trabalho na produção siderúrgica do Vale do Aço. Para tanto, o estudo buscou i) identificar as manifestações do desgaste operário na produção siderúrgica, ii) representar os processos de produção siderúrgica e de transformação do aço da região, iii) entender os elementos constituintes das formas dos enfrentamentos operários em defesa da saúde no processo de produção siderúrgica, e iv) contribuir à teorização sobre a categoria desgaste reprodução operária. A pesquisa participante foi assumida como instrumento técnico e epistêmico de uma forma particular de produção compartilhada do conhecimento na luta pela saúde. O intitulado grupo de trabalho em saúde foi o instrumento central de investigação e da orientação sindical em saúde. Foram participantes os operários do setor siderúrgico, diretores sindicais e profissionais de saúde da região, e os pesquisadores da Rede de Pesquisa em Saúde do Trabalhador. A análise bibliográfica e documental, a observação participante e as entrevistas semiestruturadas com operários foram instrumentos complementares da pesquisa. Os achados foram analisados por meio da relação dos fatos, fenômenos e processos sob as categorias críticas marxistas da Medicina Social Latino-Americana. Nossos resultados e teorizações apontam que os desenvolvimentos das forças produtivas industriais capitalistas na região possibilitaram as condições materiais para a conformação da fração burguesa siderúrgica e da classe operária. Os núcleos fabris, posteriormente atualizados em vilas e bairros operários pelas usinas instaladas na região, organizaram o modo de vida material operária para a produção industrial. Atualmente, a produção siderúrgica mantém sua influência direta e indireta sobre condições necessárias à reprodução da força de trabalho para a exploração nas plantas produtivas Os levantes e lutas operárias, cada qual em seu tempo histórico, resistiram às péssimas condições de trabalho e de saúde operária, além de enfrentarem, nas brechas e recuos dos movimentos patronais, a intensificação da exploração da sua força de trabalho e das implicações da produção siderúrgica sobre o ambiente de vida e saúde da classe trabalhadora no Vale do Aço. As lutas operárias constituem a determinação do desgaste e da reprodução da força de trabalho na medida em que são movimentos operários que negam a exploração da força de trabalho e, ao enfrentarem os elementos da produção siderúrgica, mitigam as implicações negativas da produção sobre o coletivo operário e condições de vida da classe trabalhadora. A solidariedade de classe entre operários, profissionais de saúde e pesquisadores permitiu introduzirmos uma investigação sobre a saúde operária no Vale do Aço. llnesses, accidents and deaths among workers in steel mills and steel transformation plants are recurrent in Vale do Aço-MG. These situations have driven the Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e Região to defend the issue of workers' health and to intervene on steel mill production through union actions and social mobilization. Hence, workers' struggles for health were the real concrete object taken up in the investigation with unionized workers in the steel production movement in the region. Our objective was to apprehend the aspect of resistance and the workers' struggles in the process of wear and reproduction of their work force in the steel production in Vale do Aço. For this purpose, the study sought i) to identify the manifestations of worker wear in steelmaking production, ii) to represent the processes of steelmaking production and steel transformation in the region, iii) to understand the constituent elements of the forms of worker confrontation in defense of health in the steelmaking production process, and iv) to contribute to the theorization about the category worker reproduction attrition. Participatory research was assumed as the technical and epistemic instrument of a particular form of shared production of knowledge in the struggle for health. The so-called health working group was the central instrument of research and union orientation in health. Participants were steel mill workers, union directors and health professionals from the region, and researchers from the Rede de Pesquisa em Saúde do Trabalhador. Bibliographic and documental analysis, participant observation, and semi-structured interviews with workers were complementary instruments of the research. The findings were analyzed by relating the facts, phenomena, and processes under the Marxist critical categories of Latin American Social Medicine. Our results and theorizations point out that the development of the capitalist industrial productive forces in the region made possible the material conditions for the formation of the bourgeois steel fraction and the working class. The factory nuclei, later upgraded into worker villages and neighborhoods by the mills installed in the region, organized the workers' material way of life for the industrial production. Currently, steelmaking production maintains its direct and indirect influence on the conditions necessary for the reproduction of the labor force for exploitation in the production plants. The workers' uprisings and struggles, each in its own historical time, resisted the terrible working conditions and workers' health, besides confronting, in the gaps and retreats of the employers' movements, the intensification of the exploitation of their labor force and the implications of steelmaking production on the living environment and health of the working class in the Vale do Aço. Workers' struggles constitute the determination of the wear and reproduction of labor power insofar as they are workers' movements that deny the exploitation of labor power and, by confronting the elements of steel production, mitigate the negative implications of production on the worker collective and working class living conditions. The class solidarity among workers, health professionals, and researchers allowed us to introduce an investigation into workers' health in Vale do Aço.
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