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Epidemiologia e origem do HTLV-I em Salvador Estado da Bahia: a cidade com a mais elevada prevalência desta infecção no Brasil
Registro en:
CASTRO FILHO, B. G. et al. Epidemiologia e origem do HTLV-I em Salvador Estado da Bahia: a cidade com a mais elevada prevalência desta infecção no Brasil. Gazeta Médica da Bahia, v. 79, p. 3-10, 2009.
0016-545X
Autor
Castro Filho, Bernardo Galvão
Alcantara, Luiz Carlos Júnior
Grassi, Maria Fernanda Rios
Miranda, Aline Cristina Andrade Mota
Queiroz, Artur Trancoso Lopo de
Rego, Filipe Ferreira de Almeida
Mota, Augusto César de Andrade
Pereira, Sergio Arruda
Magalhães, Themístocles Soares de
Tavares Neto, José
Gonçalves, Marilda de Souza
Dourado, Inês
Resumen
A cidade de Salvador, Bahia apresenta a mais elevada prevalência de HTLV-I no Brasil. Esta prevalência é maior em
mulheres, aumenta com a idade consideravelmente nos indivíduos com mais de 51 anos (8,4%) e é maior naqueles
com baixa condição socioeconômica. Salvador tem uma população de 3 milhões de habitantes sendo que 80% são afro
descendentes. A maioria dos africanos que veio para esta cidade, durante o tráfico de escravos, foi originária do Oeste
da África (Benin, Nigéria, Norte de Angola).A análise filogenética da região LTR demonstrou que as seqüências
estudadas eram do subtipo Cosmopolita (a), subgrupo Transcontimental (A). Estes resultados são discordantes em
relação aos dados históricos que indicam que a maioria dos africanos que veio para Salvador foi originária do oeste da
África onde somente circula o subgrupo Oeste da África (C). Algumas seqüências do HTLV-I se agrupavam em um
grupo da America Latina que continha seqüências da África do Sul. Este grupo da America Latina era segregado a
partir de um mesmo ancestral do outro grupo que continha uma seqüência da África Central. Esta relação de
ancestralidade sugere que este subgrupo foi inicialmente introduzido na África do Sul devido a migração de uma
população Banto da África Central para o Sul da África há cerca de 3000 anos e após para o Brasil durante o tráfico de
escravos no período compreendido entre os séculos XVI e XVII. Nossos dados corroboram a hipótese de que ocorreram
múltiplas introduções do HTLV-I em Salvador na era pós-colombiana The city of Salvador, in the Bahia state, has the highest prevalence of HTLV-I in Brazil. This prevalence is higher in female
and it is associated with age, increasing substantially among those older than 51 years (8.4%), and is greater among those
with lower income, less education and worse living conditions. The population of Salvador is estimated at 3 million and
approximately 80% of which have African ethnic ancestry. Most Africans brought to Salvador; Bahia during the slave trade
came from West Africa (Benin, Nigeria, and northern Angola). Phylogenetic analysis of the LTR region demonstrated that
all sequences analyzed belong to the Transcontinental (A) subgroup of the Cosmopolitan (a) subtype. These results are not
in agreement to historical data that affirms the vast majority of African brought to Salvador came from West Africa, where
only the western African subgroup (C) has been found. Some HTLV-I sequences formed a well-supported clade within one
of the Latin American clusters that contain a South African sequence. This Latin American cluster that segregated from the
same ancestor as the other clade contained a Central African sequence. This ancestral relationship suggests that this
subgroup was first introduced into South Africa as a result of the migration of the Bantu population from Central Africa to
Southern Africa over the past 3000 years, and afterward to Brazil during the slave trade between the sixteenth and nineteenth
centuries. Our data support the hypothesis of multiple post-Columbian introductions of African HTLV-I strains in Salvador,
Bahia.