Thesis
Saúde é luta: enfrentamento do desgaste operário pelos metalúrgicos de Campinas e Região (2015-2021)
Health is struggle: confrontation of workers' wear by Campinas and Region metallurgists (2015-2021)
Registro en:
EBERHARDT, Leonardo Dresch. Saúde é luta: enfrentamento do desgaste operário pelos metalúrgicos de Campinas e Região (2015-2021). 2021. 200 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2021.
Autor
Eberhardt, Leonardo Dresch
Resumen
A presente pesquisa trata de uma experiência de construção compartilhada de conhecimentos em saúde com participação dos operários metalúrgicos de Campinas e Região. O objetivo é estudar o enfrentamento operário e sindical ao processo de desgaste dos metalúrgicos de Campinas e Região, no âmbito das transformações produtivas e da implantação da reforma trabalhista a partir da crise econômica desencadeada no Brasil entre 2014 e 2017. Trata-se de uma pesquisa de campo cuja coleta de dados inclui a realização de entrevistas, pesquisa documental e observação participante no período de 2019-2021. Os resultados indicam o processo em curso de ofensiva do capital sobre os trabalhadores, com imposições de perdas salariais e de direitos na legislação e nas negociações coletivas, intensificação da exploração do trabalho, aumento da produtividade e demissões. Elementos que apontam para a alteração no perfil epidemiológico dos trabalhadores nos períodos subsequentes, com recrudescimento do desgaste físico e, sobretudo, mental. Principalmente a partir da reforma trabalhista de 2017, a ofensiva patronal inclui o questionamento à cláusula de estabilidade aos trabalhadores lesionados/adoecidos, com redução permanente e parcial da capacidade laboral, cuja defesa nas negociações coletivas constituiu a prioridade nas lutas do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região. Além de defender a cláusula, a luta operária e sindical enfrenta o descumprimento da legislação de saúde e segurança do trabalho e a descaraterização da relação entre adoecimento e trabalho pelas empresas e pelo Estado. Durante a pandemia do novo coronavírus, os trabalhadores estão expostos ao contágio nas fábricas. As medidas estatais e empresariais de redução de jornada e salários e suspensão dos contratos constituem um laboratório para o desenvolvimento e aprofundamento de formas de intensificação da exploração que estão na determinação histórica e social do desgaste operário. Partindo da experiência do Sindicato, caracterizamos a saúde como luta e ressaltamos o protagonismo operário na produção de conhecimentos e luta pela saúde, bem como a centralidade da saúde operária nos conflitos entre capital e trabalho. This research approaches an experience of shared knowledge construction with participation of the Campinas and Region Metalworkers. The aim is to examine the workers and unions confrontation of Campinas and Region metalworkers’ wearing process, in the context of productive transformations and labor reform implementation, starting from the economic crisis triggered in Brazil between 2014 and 2017. The filed research techniques include interviews, documental research and participant observation in the period of 2019-2020. The results indicate the ongoing process of capital’s offensive on workers, with impositions of wage and rights’ losses in legislation and collective negotiations, intensification of labor exploitation, increased productivity and layoffs, elements that point to changes in the workers epidemiological profile in subsequent periods, with an increase in physical and, above all, mental strain. Mainly from the 2017 labor reform, employers’ offensive includes the questioning of the stability clause for injured/sick workers, with permanent and partial reduction in work capacity, whose defense constituted the priority for the Campinas and Region Metalworkers Union. Besides defending the clause, the workers and union’s struggle face the non-compliance of the legislation on health and safety at work, in addition to the mischaracterization of work-related illnesses by the companies and the State. During the new coronavirus pandemic, workers are exposed to contagion in factories, in addition to State and companies measures to reduce working hours and wages, and also suspend labor contracts, constituting a laboratory for the development and deepening of ways to intensify exploitation that are in the historical and social determination of worker’s wear. Based on the experience of the Campinas and Region Metalworkers Union, we characterize health as a struggle and emphasize the workers protagonist role in the production of knowledge and struggle for health, as well as the centrality of workers’ health in the conflicts between labor and capital.