Dissertation
Sepse e HIV: efeitos na resposta inflamatória e prognóstico
Registro en:
AMANCIO, Rodrigo Teixeira. Sepse e HIV: efeitos na resposta inflamatória e prognóstico. / Rodrigo Teixeira Amancio. – Rio de Janeiro, 2011. xiii, 57 f. : il. Dissertação (Mestrado em Biologia Celular e Molecular) Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, 2011.
Autor
Amancio, Rodrigo Teixeira
Resumen
A infecção pelo HIV é um problema de saúde pública global, sendo estimadas 33,4
milhões de pessoas vivendo infectadas no final de 2008 (UNAIDS, 2009). No Brasil,
desde o início da epidemia até junho de 2010, foram registrados 592.914 casos de
síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA/AIDS) pelo Ministério da Saúde (Ministério
da Saúde, 2010). Em 1996, com o início da terapia HAART (Highly Active Antiretroviral
Therapy) ocorreu uma importante melhora do prognóstico, diminuição da letalidade,
aumento na sobrevida dos pacientes HIV+, gerando uma mudança nas causas de
internação. A incidência sepse na população geral vem aumentando, assim como na
população HIV+. Foi demonstrado que a presença de sepse e sepse grave foi
determinante na mortalidade da população HIV+.
Acompanhamos prospectivamente pacientes HIV/SIDA, com critérios de sepse de
acordo com a Conferência de Consenso da American College of Chest Physicians/
Society of Critical Care Medicine (ACCP/SCCM), onde as características clínicas e o
prognóstico destes pacientes foram sistematicamente avaliados, bem como o padrão de
resposta inflamatória frente a um quadro infeccioso grave.
Foram incluídos 30 pacientes, com mediana da idade de 35 anos (IQ 18-58), com
predomínio do sexo masculino (73%). A mortalidade hospitalar observada foi de 50%. A
contagem de CD4+ deste pacientes foi 72 (mediana, IQ 16-190), e a carga viral de 33.028
cópias (mediana, IQ 2877-434237). O principal sítio de infecção foi pulmonar, em 23
pacientes (76,7%). 10 pacientes apresentaram bacteremia confirmada (33%). O principal
agente identificado foi Mycobacterium tuberculosis (22%). Não observamos nenhum
parâmetro clínico nos pacientes HIV+ com sepse que estivesse associado com
prognóstico. As concentrações plasmáticas de cortisol, IL-6, IL-10 e G-CSF foram
significativamente maiores entre os pacientes não sobreviventes em relação aos
sobreviventes. Quando comparamos os pacientes HIV+ sépticos com pacientes sépticos
não-HIV a taxa de mortalidade não foi diferente. A mediana do SOFA nos pacientes
sépticos HIV+ e não-HIV foram 8 e 10 pontos, respectivamente; a mediana do SAPS II em
ambos os grupos foi 55 pontos. Níveis de citocinas plasmáticas detectadas pelo sistema
multiplex de pacientes sépticos (HIV+ e não-HIV) no primeiro dia da sepse não
apresentaram diferença significativa entre os grupos. Comparando a concentração
plasmática do MIF en pacientes sépticos (HIV+ vs não-HIV), estavam maiores nos
pacientes HIV+ (2,730 vs 0,7700 ng/mL, P=0,01), e os níveis de cortisol encontrados
eram menores no grupo HIV+.
Cortisol, IL-6, IL-10, e G-CSF são possíveis biomarcadores de prognóstico na
população HIV+ com diagnóstico de sepse. Pacientes HIV+ com sepse apresentam
concentrações plasmáticas de MIF maiores que a população geral, o que pode estar
relacionado com a própria infecção pelo HIV, embora este achado deva ser melhor
investigado. Embora os pacientes HIV+ tenham um comprometimento da imunidade
celular, o padrão de ativação da imunidade inata frente a um quadro infeccoso grave, em
especial da produção de citocinas, não difere tanto da população não-HIV. The HIV infection is a global public health problem, estimated 33.4 million infected
people living at the end of 2008 (UNAIDS, 2009). In Brazil, since the beginning of the
epidemic until June 2010, 592.914 cases of acquired immunodeficiency syndrome (AIDS)
were registered by the Ministry of Health (Ministry of Health, 2010). In 1996, when HAART
(Highly Active Antiretroviral Therapy) started was observed a significant improvement in
prognosis, decreased mortality, increased survival of HIV patients, causing a shift in
causes of hospitalization. The incidence of sepsis in the general population is increasing,
as well as the HIV+ population. It was shown that the presence of sepsis and severe
sepsis was decisive in the mortality of HIV+ population.
We prospectively followed HIV+ septic patients, with sepsis criteria according to the
Consensus Conference of the American College of Chest Physicians / Society of Critical
Care Medicine (ACCP/SCCM), where the clinical features and prognosis of these patients
were systematically evaluated, and the pattern of inflammatory response against a serious
infectious.
We included 30 patients, median age 35 years (IQ 18-58), predominantly male
(73%). The hospital mortality rate was 50%. The median CD4+ count 72 cells (IQ 16-190),
and median viral load of 33.028 copies (IQ 2877-434237). The main site of infection was
pulmonary in 23 patients (76,7%). 10 patients had confirmed bacteremia (33%). The main
agent identified was Mycobacterium tuberculosis (22%). We did not observe any clinical
parameter in HIV+ septic patients that was associated with a poor prognosis. Plasma
concentrations of cortisol, IL-6, IL-10 and G-CSF were significantly higher among non
survivors compared to nonsurvivors. When compared the HIV+ septic patients with non-
HIV septic patients the mortality rate was no different. The median SOFA in HIV+ septic
patients and non-HIV septic patients were 8 and 10 points respectively; the median SAPS
II in both groups was 55 points. Plasma cytokine levels detected by the multiplex system of
septic patients (HIV + and non-HIV) on the first day of sepsis are not significantly different
between groups. Comparing the plasma concentration of MIF en septic patients (HIV+ vs
non-HIV), were higher in HIV+ patients (0.7700 vs 2.730 ng / mL, P = 0.01), and cortisol
levels were found lower in the HIV+ group.
Cortisol, IL-6, IL-10 and G-CSF are potential biomarkers of prognosis in HIV+ septic
population. HIV+ patients with sepsis have higher plasma concentrations of MIF than the
general population, which may be related to HIV infection itself, although this finding
should be further investigated. Although the HIV+ patients have an impairment of cellular
immunity, the pattern of activation of innate immunity against a serious infectious,
especially cytokine production, does not differ much from non-HIV population.