Dissertation
Estudo da estrutura e filogenia da população do Rio de Janeiro através de SNPs do cromossomo Y
Fecha
2010Registro en:
SANTOS.S. T. B. dos. Estudo da estrutura e filogenia da população do Rio de Janeiro através de SNPs do cromossomo Y. 2010. 89 f.Dissertação(Mestrado em Biologia Celular e Molecular) – Instituto Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2010
Autor
Santos, Simone Teixeira Bonecker dos
Institución
Resumen
A população brasileira é considerada miscigenada, derivada de um processo relativamente
recorrente e recente. Aqui viviam milhões de indígenas quando começou o processo colonizatório
envolvendo integrantes europeus, principalmente portugueses do sexo masculino, tornando comum o
acasalamento entre homens europeus e mulheres indígenas, começando assim a heterogeneidade étnica
encontrada em nossa população. Posteriormente com a chegada dos escravos, durante o ciclo
econômico da cana-de-açúcar, começou a ocorrer relacionamentos entre europeus e africanas.
Basicamente, trata-se de uma população tri-híbrida que atualmente apresenta em sua composição
outros grupos, entre eles: italianos, espanhóis, sírios, libaneses e japoneses. Para o melhor
entendimento das raízes filogenéticas brasileiras, foram utilizados neste estudo marcadores bi-alélicos
da região não recombinante do cromossomo Y. O objetivo foi analisar como esses grupos heterogêneos
contribuíram para o pool genético de origem paterna encontrado na população masculina do Rio de
Janeiro, e assim enriquecer os conhecimentos acerca dos movimentos migratórios no processo de
estruturação desta população. Foram analisados, através do minissequenciamento multiplex, 13
polimorfismos de base única (SNPs) e foi possível a identificação de nove haplogrupos e quatro sub-haplogrupos, em uma amostra de 200 indivíduos não aparentados e residentes do Estado do Rio de
Janeiro, escolhidos aleatoriamente entre participantes de estudos de paternidade da Defensoria Pública
do Rio de Janeiro. Dos haplogrupos analisados, somente o R1a, não foi observado em nossa população.
O haplogrupo mais representativo foi o de origem européia, o R1b1, com 51%, enquanto o menos
representativo, com 1% foi o Q1a3a, encontrado entre os nativos americanos. Cerca de 85% dos
cromossomos Y analisados são de origem européia; 10,5% de africanos e 1% de ameríndios, e o
restante são de origem indefinida. Ao comparamos com dados da literatura nossa população mostrou-se
semelhante a população branca de Porto Alegre e nenhuma diferença significativa foi encontrada entre
o pool gênico da população masculina do Rio de Janeiro com a portuguesa. Os resultados aqui
encontrados corroboram os dados históricos da fundação da população do Rio de Janeiro durante o
século XVI, período onde foi observada uma significante redução da população ameríndia, com
importante contribuição demográfica vinda da região Subsaariana da África e Europa, principalmente
de portugueses. Tendo em vista o alto grau de miscigenação da nossa população e os avanços na
medicina personalizada, estudos sobre a estrutura genética humana têm fundamental implicação no
entendimento na evolução e no impacto em doenças humanas, uma vez que para esta abordagem, a
coloração da pele é um preditor não confiável de ancestralidade étnica do indivíduo.