Thesis
Saúde bucal dos povos indígenas do Brasil e o caso dos Xavantes de Mato Grosso
Fecha
2005Registro en:
ARANTES, Rui. Saúde bucal dos povos indígenas do Brasil e o caso dos Xavantes de Mato Grosso. 2005. 136 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2005.
Autor
Arantes, Rui
Institución
Resumen
O processo de transição epidemiológica experimentado pelos grupos indígenas no Brasil, frente ao contato permanente com a sociedade não-indígena, tem assumido contornos diversos, dependendo da etnia e do contexto sócio-ambiental em que estão inseridos. A presente tese procura levantar questões relacionadas à saúde bucal desses grupos populacionais. São discutidas questões ligadas à escassez de dados, que
inviabiliza o delineamento de um panorama amplo e robusto sobre as condições de saúde desses grupos; e as interferências das mudanças sócio-econômicas e ambientais sobre seu perfil de saúde bucal. A partir do caso Xavante, realiza-se um estudo epidemiológico envolvendo diferentes comunidades. Os dados coletados em diferentes Terras Indígenas Xavante permitiram desenvolver um estudo epidemiológico
comparativo entre os diferentes subgrupos Xavante, utilizando o índice CPOS. As diferenças significativas de prevalência de cárie encontradas indicam forte interferência de fatores locais sobre os níveis da doença nas diferentes comunidades. O CPOS para a faixa de 12-19 anos variou de 6,8 a 15,4. Em um nível mais abrangente de análise, os dados referentes aos Xavante foram confrontados, através do índice CPOD, com os
dados disponíveis para a população brasileira. Verificou-se que aos 12 anos de idade os Xavante apresentaram CPOD superior à média nacional (4,1 e 2,8, respectivamente). Especificamente na aldeia Xavante Etenheritipá relata-se a implantação de um programa de promoção de saúde bucal e do ponto de vista longitudinal é analisado o comportamento da cárie em dois períodos entre 1991 a 1997 e 1999 a 2004, observou-se
uma tendência de estabilidade na prevalência da cárie no último período. No período recente, entre 1999 e 2004, um grupo de 127 indivíduos foi acompanhado com o objetivo de avaliar o incremento de cárie. Um marcante diferencial entre os sexos foi encontrado. Para a faixa etária de 20-34 anos, as mulheres apresentaram um incremento
médio 2,6 vezes maior em relação ao sexo masculino. Conclui-se que os Xavante, de modo geral, apresentaram condições de saúde bucal, em particular de cárie, que apontam para aumento ao longo do tempo, evidenciando falta de acesso a serviços odontológicos e a métodos preventivos. A expansão de atividades de prevenção e
promoção em saúde bucal é de fundamental importância no atual contexto sóciosanitário no qual está inserido o povo Xavante.