Thesis
Conhecimento, interesse, decisão sobre o uso e adesão precoce à profilaxia pré-exposição (PrEP) entre homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transexuais (Trans) participantes no estudo PrEP Brasil
Fecha
2016Registro en:
HOAGLAND, Brenda Regina de Siqueira. Conhecimento, interesse, decisão sobre o uso e adesão precoce à profilaxia pré-exposição (PrEP) entre homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transexuais (Trans) participantes no estudo PrEP Brasil. 2016. 45 f. Tese (Doutorado em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas)-Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2016.
Autor
Hoagland, Brenda Regina de Siqueira
Institución
Resumen
Introdução: A profilaxia pré-exposição (PrEP) utilizando a combinação de dois antirretrovirais, o disoproxil fumarato de tenofovir (TDF) e emtricitabina (FTC), por via oral tem se mostrado eficaz na prevenção do HIV em homens que fazem sexo com homens (HSH) com alto risco de aquisição da infecção. O Brasil apresenta a maior população da América Latina vivendo com HIV/AIDS e uma epidemia concentrada em HSH com uma prevalência de 14,2% quando comparado a população geral, que é de 0,6%. A população jovem de HSH são quase 40% dos casos de AIDS, com um aumento de 41,3% (entre 15-19 anos) e 25,1% (entre 20-24 anos) entre 2004 e 2013. Apesar da população de mulheres transexuais (Trans) representarem uma parcela menor que os HSH, elas apresentam índices extremamente elevados de risco e diagnóstico de infecção pelo HIV. Deste modo a epidemia de HIV persiste sem decréscimo entre HSH e Trans, com uma elevada proporção desses indivíduos desconhecendo sua condição sorológica. Neste contexto, foi desenhado o PrEP Brasil (NTC01989611), um estudo multicêntrico, aberto, de demonstração de PrEP para acessar a intenção de uso, viabilidade e segurança de oferecer PrEP no Sistema Único de Saúde (SUS) para a população de HSH e Trans de alto risco para o HIV. Objetivo: Descrever o conhecimento, o interesse e a decisão sobre o uso e a adesão precoce à PrEP entre HSH e Trans, através dos níveis de TDF/FTC medidas em amostras de sangue seco (DBS) coletadas na visita de semana 4 e seus fatores associados no estudo demostrativo PrEP Brasil Primeiro Artigo: Descrever o conhecimento e interesse da PrEP entre HSH e TRANS participantes do PrEP Brasil. Conhecimento e interesse para usar PrEP assim como outros métodos de prevenção foram dados na forma de percentuais. Modelos de regressão logística foram usados para explorar e quantificar os fatores associados ao conhecimento e aceitabilidade de PrEP. Variáveis com p < 0.1 na análise bivariada foram incluídos nos modelos ajustados iniciais. O modelo ajustado final incluiu variáveis que persistiram significantes (no limite de 5% da significância) assim como as variáveis que foram consideradas de confusão (qualquer uma que modificasse o odds ratio estimado em mais que 10%). A prevalência do HIV foi calculada excluídos os casos faltantes (n=52 não realizou teste rápido do HIV). Segundo Artigo: Descrever a decisão de uso e a adesão precoce a PrEP entre HSH e mulheres transexuais através da medição dos níveis séricos de Tenofovir e Emtricitabina em amostras de sangue seco coletadas em papel de filtro (DBS) na semana 4 do estudo PrEP Brasil, assim como seus fatores associados. Também foram descritas as características demográficas e de risco da população incluída no estudo. Variáveis descrevendo as características dos indivíduos potencialmente elegíveis (incluídos e não incluídos), assim como por centro de estudo que o participante foi incluído foi apresentado em números absolutos e proporções. As distribuições foram comparadas usando análises de qui-quadrado e Kruskal-Wallis. A decisão de usar PrEP foi definida como o número de participantes incluídos dividido pelo número de participantes potencialmente elegíveis na pré-triagem menos aqueles clinicamente inelegíveis (nas vistas de triagem e inclusão) Os preditores dos níveis de TDF/FTC foram acessados utilizando modelos de regressão logística ordinal. Apenas variáveis estatisticamente significantes a 5% no modelo não ajustado foram mantidas no modelo ajustado. Os resultados foram reportados como odds ratio, que podem ser interpretados como o efeito no odds sendo a categoria dos níveis de drogas mais altos versus os mais baixos. A associação de sintomas gastrointestinais e os níveis de drogas, medidos na visita de semana 4, foram também analisados usando modelos de regressão logística ordinal. Adicionalmente, para explorar possíveis efeitos do uso de hormônios nos níveis de TFV-DP em Trans, foram feitas duas abordagens de modelagens, ode foi usado: 1) modelo de regressão logística usando \22654 doses/semana como resultado e uso/não-uso de hormônios como a variável dicotômica explanatória, 2) modelo de regressão logística linear com concentrações de TVF-DP como a variável contínua de resultado e uso/não-uso de hormônios como a variável dicotômica explanatória. As análises foram feitas usando o PROC GENMOD disponível no Software SAS e a suposição de odds proporcional foi verificada através do Teste de Pontuação. Conclusões: O estudo mostrou que a aceitabilidade e o interesse pela PrEP foi elevada entre HSH e mulheres transexuais e associada a comportamentos sexuais de alto risco para infecção pelo HIV, indicando que estes indivíduos estão interessados em novas estratégias de prevenção. Os resultados sugerem que a PrEP pode ser implementada com sucesso no Sistema Único de Saúde brasileiro para esta população específica. A elevada proporção de indivíduos com alcançaram níveis séricos protetores de TDF/FTC é encorajador e a alta adesão a PrEP sugere que esta pode ser uma estratégia eficaz na redução da infecção pelo HIV entre HSH e Trans em nosso meio.