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Crack, mulheres e saúde: uma abordagem sociológica de gênero
Fecha
2018Registro en:
COSTA, Gilney; SCHENKER, Miriam; CONSTANTINO, Patricia. Crack, mulheres e saúde: uma abordagem sociológica de gênero. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS EM SAÚDE, 8., 2019, João Pessoa. Anais... João Pessoa: ABRASCO, 2019. 2 p.
978-85-85740-10-8
Autor
Costa, Gilney
Schenker, Miriam
Constantino, Patricia
Institución
Resumen
A partir das práticas discursivas de trabalhadores de saúde inseridos em Equipes de Consultórios na Rua na cidade do Rio de Janeiro (CnaR) problematizamos o consumo de crack por mulheres. Ancorados na concepção sociológica de ‘relações sociais de sexo’ advogamos que o modo como o crack foi socializado: uma “droga pesada” e letal reproduz a lógica de drogas de homens e drogas de mulheres. Discutir as implicações dos sentidos produzidos por profissionais de saúde inseridos em equipes de Consultórios na Rua, sobre mulheres usuárias de crack para as práticas de atenção à saúde, cotejadas, pelas análises sociológica de gênero. Estudo qualitativo, com suporte teórico-metodológico das práticas discursivas e produção de sentidos que compreende o sentido como construção cotidiana fundamentalmente coletivo, histórica e relacional, individual e social. Trata-se, portanto, de uma concepção no campo da análise de discurso francesa. Participaram do estudo 25 (vinte e cinco) trabalhadores da saúde, inseridos em 4 (quatro) equipes de CnaR, no município do Rio de Janeiro. Os dados foram produzidos a partir de três grupos focais e observação participante. O Estudo foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da ENSP/FIOCRUZ e da SMS-Rio. Os participantes assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo mostrou que apesar da diversidade com o qual a categoria é conceituada pelos profissionais das equipes de CnaR ainda é baixa a incorporação da abordagem de gênero na organização de algumas equipes, o que pode favorecer o não reconhecimento das especificidades dos grupos de homens e mulheres em sua relação com droga no contexto da rua. Relevou que mesmo nos serviços de saúde da rede SUS, orientado (em tese) por valores altruístas e humanitários, as mulheres usuárias de crack são duplamente estigmatizadas e culpabilizadas, por ser mulher que consome crack e, por ser mulher em situação de rua. O ideal da mulher dona de casa, esposa e mãe imperam na organização da assistência à saúde. Os discursos sinalizaram para a manutenção de relações de gênero nas redes de consumo de crackI, tais quais os padrões observados na sociedade geral. Apontou também, para a dupla estigmatização das mulheres consumidoras de crack nos serviços de saúde o que torna premente nas equipes investir no debate sobre as relações de gênero. Os dados revelam um longo caminho a ser percorrido em busca de uma atenção integral às mulheres usuárias de crack.