Dissertation
Prevalência da Hepatite C em cônjuges de pacientes renais crônicos em hemodiálise
Fecha
2005Registro en:
BESSA, Márcia Carvalho. Prevalência da Hepatite C em cônjuges de pacientes renais crônicos em hemodiálise. 2005. 97 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Interna) - Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública; Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, 2005.
Autor
Bessa, Márcia Carvalho
Institución
Resumen
A hepatite C é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo e representa uma causa importante de morbidade e mortalidade. O principal meio de transmissão do VHC é a via parenteral. Evidências indicam que a transmissão sexual pode ocorrer principalmente entre aqueles com múltiplos parceiros sexuais. Embora a transmissão do VHC entre parceiros heterossexuais monogâmicos estáveis tenha sido descrita este risco é considerado pequeno. Objetivo: Determinar a prevalência de infecção pelo VHC nos cônjuges de pacientes anti-VHC positivos submetidos à hemodiálise na Clínica Senhor do Bonfim (CSB). Dos 355 pacientes em hemodiálise na Clínica Senhor de Bonfim em Feira de Santana e dos 241 pacientes em tratamento na unidade de Salvador 54 (15,21%) e 22 (9,13%), respectivamente, eram anti-VHC positivos conforme resultado de ELISA automatizado de terceira geração. Destes, 32 em Feira de Santana e 12 em Salvador eram casados ou mantinham relacionamento heterossexual estável há mais de 6 meses e foram convidados a participar do estudo. Nove casais se recusaram e nossa amostra foi constituída por 35 pacientes e seus respectivos cônjuges sendo que em um casal ambos faziam hemodiálise totalizando 34 casais para análise. As amostras de sangue foram coletadas entre os anos de 2003 e 2004. A infecção foi diagnosticada por testes imunoenzimáticos de terceira geração (ELISA e RIBA III) e pela presença da partícula viral circulante detectada pela reação em cadeia polimerase (RT-PCR). Foi realizada a genotipagem pelo método RFLP (Restriction Fragment Lenght Polimorfism). Um questionário padrão foi utilizado para entrevista e coleta de dados sobre fatores de risco para aquisição da doença e comportamento sexual. A prevalência de anti-VHC positivo entre os cônjuges foi de 5,88% (2/34). Ambos eram do sexo feminino. Um dos cônjuges soropositivos apresentava exposição a fatores de risco parenterais para aquisição do VHC (hemotransfusão e hemodiálise). Neste casal ambos apresentaram viremia detectável e a análise dos genótipos evidenciou concordância sendo os dois portadores do genótipo 3. O segundo cônjuge anti-VHC positivo em dois testes de ELISA terceira geração, apresentou RIBAIII indeterminado e viremia indetectável por RT-PCR o que poderia representar um ELISA falso positivo ou infecção pregressa com evolução para cura e persistência de anticorpos residuais. Este cônjuge não tinha antecedente de exposição parenteral ao VHC e seu parceiro apresentava viremia detectável. Os dois casais relataram compartilhamento de utensílios de higiene pessoal. Com base nos questionários pudemos observar que o tempo de convivência entre os casais foi de 16,55±13,71 anos, que a maioria dos casais (35%) mantinha em média uma relação sexual a cada dois ou três dias, que 64,70%(22/34) dos casais nunca usavam preservativo e que apenas 20,58% (7/34) não compartilhavam objetos de higiene pessoal. Em relação a práticas sexuais de risco temos que 73% dos cônjuges tiveram até cinco parceiros sexuais, 23% de 6 a 10 e 4% mais de 10, DST foi referidos por um cônjuge e dois pacientes, sexo com prostitutas por três cônjuges e três pacientes e sexo anal e relacionamento homossexual por um paciente. A prevalência de 5,88% (2/34) de anti-VHC positivo entre os cônjuges de pacientes soropositivos para o vírus C em hemodiálise dá suporte a hipótese de baixo risco de transmissão do VHC entre casais. A exposição de um dos cônjuges soropositivos a outros fatores de risco parenterais para o VHC e o resultado de RIBA indeterminado associado a viremia indetectável no outro cônjuge bem como a elevada freqüência de compartilhamento de objetos de higiene pessoal tornam difícil a interpretação dos dados em relação a transmissão sexual.