Dissertation
Avaliação do potencial antigênico da candidata a vacina antimalárica GMZ2.6c e seus componentes, Proteína 3 da Superfície do Merozoíto (MSP-3), Proteína Rica em Glutamato (GLURP) e Antígeno de Pré-fertilização 48/45 (Pfs48/45), em populações expostas à malária na Amazônia brasileira
Fecha
2017Registro en:
BAPTISTA, Barbara de Oliveira. Avaliação do potencial antigênico da candidata a vacina antimalárica GMZ2.6c e seus componentes, Proteína 3 da Superfície do Merozoíto (MSP-3), Proteína Rica em Glutamato (GLURP) e Antígeno de Pré-fertilização 48/45 (Pfs48/45), em populações expostas à malária na Amazônia brasileira. 2017. 161 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Celular e Molecular)-Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2017.
Autor
Baptista, Barbara de Oliveira
Institución
Resumen
A malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium. Estima-se que ocorram 212 milhões de casos e 300 mil mortes decorrentes de malária anualmente, principalmente devido à infecção por P. falciparum. Assim, uma vacina eficaz é possivelmente a arma potencial para reduzir de forma drástica essas estatísticas. Entretanto, embora mais de 30 antígenos tenham sido identificados como candidatos a vacina, até o momento nenhum deles gerou uma perspectiva sólida de que uma vacina possa estar disponível nos próximos anos. Torna-se assim fundamental a pesquisa de novos candidatos vacinais. A GMZ2.6c é uma proteína recombinante que contém fragmentos de 3 antígenos candidatos a vacina contra P. falciparum, MSP-3, GLURP e Pfs48/45. Ensaios clínicos realizados na África mostraram que a GMZ2, contendo MSP-3 e GLURP, é bem tolerada, segura e imunogênica e que os anticorpos induzidos foram específicos e funcionais, capazes de controlar o crescimento in vitro do P. falciparum. Importa, entretanto, verificar se o mesmo potencial é apresentado pelas populações-alvo no Brasil, uma vez que os parasitos circulantes aqui são geneticamente distintos daqueles na África e também porque a constituição genética da população pode influenciar na resposta imune aos antígenos vacinais. No presente trabalho, nos propomos a avaliar a resposta imune humoral contra a GMZ2.6c e seus componentes (MSP-3, GLURP e Pfs48/45) em indivíduos residentes em áreas endêmicas de malária da Amazônia Brasileira. O estudo foi concentrado nas cidades de Cruzeiro do Sul (Acre), Mâncio Lima (Acre) e Guajará (Amazonas). Foram coletadas 124 amostras em Cruzeiro do Sul (grupo CZS), 88 em Mâncio Lima (grupo ML) e 87 em Guajará (grupo GJ) Também, foram coletadas amostras de 53 indivíduos sem história de malária, que foram usadas como controles de área. Foi avaliada a resposta imune contra a proteína recombinante GMZ2.6c e os fragmentos individuais. Para mapeamento epitópico, foram utilizados 4 peptídeos correspondentes a diferentes regiões da MSP-3, 13 da GLURP e 2 de Pfs48/45. A pesquisa de anticorpos IgG, IgM, IgE e IgA contra as proteínas recombinantes e o mapeamento de epítopos B da GMZ2.6c foram realizadas pela técnica de ELISA. A pesquisa de anticorpos IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4 foi realizada em todas as amostras que apresentaram anticorpos IgG. Nossos dados mostraram que a maior parte dos indivíduos dos grupos CZS (84%), ML (74%) e GJ (72%) apresentavam anticorpos que reconheciam a GMZ2.6c e que esses anticorpos foram principalmente da classe IgG. Dentre os fragmentos da GMZ2.6c, a GLURP-R0 foi a mais amplamente reconhecida nos três grupos estudados e os anticorpos dirigidos a esta região foram, preferencialmente, da classe IgG. As subclasses de IgG que predominaram foram as citofílicas (IgG1 e IgG3), fato importante considerando que a aquisição de uma imunidade protetora está associada aos níveis de IgG1 e IgG3. O mapeamento epitópico da GMZ2.6c mostrou que os epítopos imunodominantes foram P11 e P3, derivados da GLURP-R0. Em conjunto, nossos dados mostraram que a proteína GMZ2.6c é amplamente reconhecida por anticorpos nas populações estudadas e que entre os componentes individuais da GMZ2.6c, a GLURP se revelou mais imunogênica durante a infecção natural