Thesis
Avaliação da atividade antialérgica e toxicidade da pele de espécies de peixes-porco empregados na medicina tradicional brasileira por populações caiçaras
Fecha
2018Registro en:
MUYLAERT, F. F. Avaliação da atividade antialérgica e toxicidade da pele de espécies de peixes-porco empregados na medicina tradicional brasileira por populações caiçaras. 2018. 114 f. Tese (Doutorado em Vigilância Sanitária)-Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2018.
Autor
Muylaert, Flavia Fontenelle
Institución
Resumen
Na sociedade moderna, o uso de animais na medicina tradicional destaca-se como uma importante alternativa entre terapias mundialmente praticadas e tem despertado o interesse da comunidade científica. Atualmente, das 252 substâncias químicas essenciais selecionadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente, 10% são de origem animal. Embora esses usos sejam amplamente disseminados em algumas regiões do Brasil, esse tema tem sido pouco estudado quando comparado às plantas medicinais. No intuito de agregar conhecimento científico à cultura popular, confirmar ação terapêutica e investigar sobre a segurança do uso de peixes para fins medicinais, principalmente os provenientes das regiões costeiras do Brasil, o presente trabalho avaliou a toxicidade e a atividade moduladora da resposta inflamatória alérgica do pulverizado da pele dos peixes Aluterus monoceros (AM) e Stephanolepis hispidus (SH), tetraodontiformes da familia Monacanthidae, popularmente conhecidos como peixes-porco, aos quais as populações pesqueiras atribuem propriedades farmacológicas amenizadoras dos sintomas da asma. A atividade biológica dos pulverizados foi avaliada por meio de modelos experimentais in vivo de pleurisia alérgica e no modelo experimental de inflamação pulmonar alérgica em camundongos da linhagem BALB/ c. Os resultados mostraram uma contenção do infiltrado de leucócitos totais em torno de 40% com redução eosinofílica em torno de 50% nos lavados plerurais e broncoalveolares. Houve, aditivamente, redução dos teores de CCL11 e CCL5 nos lavados pleurais e depleção em torno de 45% de eosinófílos presentes no sangue periférico dos animais do modelo de inflamação pulmonar, sugerindo ação sobre esse grupo celular. Por meio do modelo de edema de pata, verificou-se atividade inibidora de até 67% de mediadores solúveis como a histamina. Na tentativa de elucidar algum mecanismo de ação, foi feita a hidrólise enzimática com papaína. Os pulverizados e produtos obtidos da reação enzimática foram utilizados in vitro, em cultura de macrófagos murinos J774-A1 e em linhagem basofílica RBL-2H3, mostrando potencial redutor da produção de óxido nítrico (NO) em linhagem de macrófagos. A toxicidade da ingestão das peles dos peixes-porco foi avaliada por meio do protocolo da OECD 420 e o acompanhamento dos animais que ingeriram o pó das peles dos peixes AM e SH não mostrou indícios de toxicidade. Diante desses resultados, podemos estimar atividade anti-inflamatória decorrente do uso da pele de peixes-porco, no entanto, mais estudos são necessários para a compreensão dos mecanismos de ação envolvidos na atividade deste produto.